Estilos de jogo de Alemanha e Grécia são influenciados pela cultura nacional, diz mestra em história social
Por Lucas Franco
Estilo de jogo da Alemanha teria haver com personalidade do povo | Foto: Reuters
Considerada por muitos como favorita para conquistar a Eurocopa, a Alemanha comandada por Joachim Löw vem completa para enfrentar a surpreendente Grécia sem seu principal jogador, o capitão Karagounis. Os estilos de jogo, no entanto, teriam a ver com a personalidade do povo da qual a seleção representa, acredita a diretora do instituto de filosofia, ciências humanas, geografia e história da Universidade Católica do Salvador (Ucsal), Angélica Soares. “São dois países de pensamentos e personalidades diferentes. A visão que o grego tem de futebol não é a mesma do alemão”, acredita Angélica, que leciona a matéria história da arte e é mestra em história social pela PUC-SP. “A Grécia se desenvolve mais através da defesa, e a Alemanha, do ataque, isso porque a arte do povo alemão, em qualquer ismo, é agressiva. Não é que não seja bela, mas tem um ‘quê’ de agressividade, com cores e elementos fortes. Já a Grécia tem uma arte mais suave, clássica. Na filosofia, os alemães lutaram mais pelo posicionamento econômico do homem, pelo poder [Angélica citou Marx e Hegel como referências nacionais], e os gregos lutaram mais pelo social, pela vida do homem em seu espaço [Aristóteles, Platão e Homero foram os citados do lado grego]”, disse Angélica, que enxerga o norueguês Edvard Munch, um dos precursores do expressionismo alemão, como símbolo do estilo artístico alemão, e o escultor Fídias como artista que caracteriza a Grécia.
Pintura "O Grito", de Edvard Munch, e escultura do deus Dionísio, feita por Fídias | Imagens: Divulgação
Já o mestre e doutorando em filosofia pela Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), Roberto Nascimento, não enxerga influências externas na partida desta sexta-feira, mas ressalta dois aspectos do jogo. “Um time ‘superior’ quando joga contra um ‘inferior’ tende sempre a ‘menosprezar’ o adversário, contando com o tempo para resolver a partida, devido a superioridade interiorizada pelo grupo, enquanto um ‘inferior’ coloca a fúria e o suor para superar a ‘inferioridade’”, disse Roberto, que é membro do Departamento de Filosofia da Universidade Católica do Salvador.