É a população quem paga, literalmente
Foi-se o tempo em que usuários do transporte público de Salvador precisavam se preocupar apenas com a segurança. Os problemas que cercam o serviço prestado pela Prefeitura são sentidos na pele por cada pessoa que precisa usar o popular “buzú” no dia a dia. A crise que já se arrasta por anos foi empurrada para debaixo do tapete pela suposta gestão de excelência que governa Salvador.
Em 2019, o então prefeito de Salvador, ACM Neto (UB), garantiu colocar em circulação mil novos ônibus com ar-condicionado até 2022. Desse total, 250 seriam integrados à frota ainda em 2019 da seguinte forma: 125 até 20 de julho e 125 até 20 de setembro do mesmo ano. “Em 2020, 2021 e 2022, a renovação deve ocorrer até 30 de junho (250 veículos por ano)”, dizia o comunicado na época.
Estamos em abril de 2022 e muito aquém do prometido em 2019 pela gestão municipal. Mas, diante dos fatos, quem se importa? A população amarga horas nos pontos de ônibus esperando por um transporte sem qualidade, sem ar-condicionado em sua maioria, e sem frota necessária para o contingente.
Em setembro do ano passado, a prefeitura promoveu uma verdadeira avalanche com a redistribuição das frotas, causando impactos na vida de milhares de passageiros que padecem até os dias atuais. No último dia útil do mês de março, o prefeito Bruno Reis (UB) anunciou o aumento da tarifa para R$ 4,90 alegando em tom de heroísmo que a Prefeitura vai arcar com os R$0,50 (cinquenta centavos) pelos meses de abril e maio. Vale lembrar que o recurso usado pela Prefeitura de Salvador é oriundo da arrecadação de impostos, ou seja, é dinheiro do povo. O chefe do Executivo apenas esqueceu de pontuar que a conta vai diretamente para o bolso dos usuários.
A justificativa de que o aumento se deve por conta do reajuste da categoria, do aumento dos combustíveis e do atraso na aprovação do subsídio do Governo Federal é uma tentativa de encobrir a responsabilidade da gestão em promover melhores condições de trabalho para motoristas e cobradores, bem como a garantia da prestação de serviço com qualidade aos usuários.
São os mais pobres que seguem arcando com o prejuízo da má gestão e falta de prioridade. E por falar em prioridade... Sobre o “Domingo é meia”, que horas ele volta?
Em tempos de altas passagens de ônibus, pagar metade no domingo é o mínimo que se deve garantir para a população que amarga desemprego, vive de corre e nunca sabe se o ônibus vai passar.
*Silvio Humberto é vereador de Salvador pelo PSB
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