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Carreiras UniFTC: Mulher, um assunto importante para além do mês de março

Por Alessandra Calheira

Carreiras UniFTC: Mulher, um assunto importante para além do mês de março
Foto: Divulgação

A notícia de que a Bayer assumiu um compromisso global de equiparação de gêneros em cargos de liderança fez o meu coração se encher de alegria, no mês das mulheres. A gigante farmacêutica, que é referência mundial nos quesitos que envolvem a diversidade, publicou a meta de alcançar até 2025 a igualdade de gênero em cargos de baixa e média liderança e de 33% em cargos de alta gestão. A meta global é obter paridade de gênero em todos os níveis, em todos os países, até 2030. 


Apesar do otimismo que nos toma conta quando acompanhamos movimentos assim em âmbito global, a situação das mulheres no mercado de trabalho ainda é bastante desafiadora. No Brasil, durante a pandemia, o índice de desemprego deste grupo social chegou em 17%. O número é o resultado de questões que estão relacionadas ao mercado, evidentemente, mas também a crença equivocada de uma parte significativa dos líderes e empresários, homens em sua imensa maioria, de que as mulheres encontram mais dificuldades em equilibrar todas as demandas que historicamente foram empurradas para elas. Gerir as atividades em home office, aliadas ao ensino remoto das crianças, aos cuidados com a casa e a alimentação de toda a família daria uma desvantagem enorme as funcionárias. Entre escolher mandar elas para rua ou apoiá-las em alguma medida, a primeira opção é a que vem prevalecendo. 


O desemprego na pandemia é, entretanto, a ponta do iceberg de um processo estruturado socialmente no machismo que fragiliza as mulheres desde o seu ingresso ao mercado, passando pelas ações do cotidiano profissional. Em recente pesquisa divulgada pelo Jornal Valor Econômico, 52,8% das mulheres afirmam que já se sentiram prejudicadas em processos seletivos por questões relacionadas ao gênero. As dificuldades continuam a serem apresentadas nos escritórios, fábricas, comércio e demais setores laborais. Práticas como o manterrupting, mansplaining, bropriating e gaslighting vem causando muito embaraço e não apenas na pronúncia! Se você é homem, pergunte a uma mulher se ela já passou por alguma dessas situações. Se é mulher, duvido não se reconhecer e até se emocionar.  Veja só!

 

Manterrupting é o hábito que alguns homens têm de interromper a mulher enquanto ela fala. É muito comum em reuniões, apresentações, debates, palestras etc. Além de desrespeitosa, a prática impede que as mulheres exponham com clareza o seu pensamento, ideias e projetos. 


Mansplaining é o hábito que alguns homens têm de explicar o óbvio para as mulheres, muitas vezes sobre assuntos que ela domina, inclusive profissionalmente. É como se eles achassem que elas não têm condições de saber sobre “aquilo” que eles explicam tão brilhantemente. 


Bropriating é quando uma mulher explica uma ideia ou ponto de vista e pouco tempo depois um homem repete a mesma coisa como se ninguém nunca tivesse dito. Neste caso, ele é ouvido por todos e ainda leva os créditos de algo exposto por ela. 


Gaslighting pode acontecer em vários níveis desde o bem conhecido “você só pode estar louca”, “está na TPM” até a repetições de comentários mais sutis que, a médio prazo, abala a autoestima e autoconfiança de muitas mulheres. 


Sei que me alonguei um pouco no artigo deste mês. Quis realmente expor estes dados e conteúdos por acreditar que muitas mulheres sofrem essas situações caladas, acreditando verdadeiramente que têm algum problema, que não são fortes, inteligentes ou competentes o suficiente para prosperar. Colocar luz nestes temas é permitir que mais mulheres como eu sejam capazes de identificar uma injustiça e criar meios de se defender e fortalecer. Todas precisam saber que não estão sozinhas, não são loucas, precisam ter voz para ser ouvidas e, desta forma, irem mais longe. 
 

*Alessandra Calheira é Líder do Setor de Carreiras da Rede FTC

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias