Carreiras UniFTC: Tentando olhar para o futuro, vi os binóculos com as lentes embaçadas
por Alessandra Calheira

Longe de mim incorrer em obviedades falando sobre o quão desafiador foi 2020 para a maior parte das pessoas que vivem neste mundo. Quem na virada de 2019 imaginou que hoje estaríamos assim: incertos do futuro, da nossa segurança e do nosso destino? Apesar de tudo ainda estar confuso e embaçado, é certo que precisamos pensar no ano que está acabando, no que ele nos trouxe de ganhos e partir agora para planejar, em alguma medida, os meses que já se avizinham. Mas como fazer isso se não temos horizonte de vacina, do retorno das crianças à escola, da melhora na economia? A minha proposta aqui é ajudar você a clarear as ideias sabendo avaliar e reconhecer quem é você depois de tanto tempo na “caverna” e enxergar que mercado está se formando depois de um processo de transformação intenso.
É certo que uma das coisas que a pandemia nos trouxe foi a possibilidade de tomada de consciência de alguns aspectos emocionais, relacionais e de valores. O meu convite aqui é que você busque refletir para responder a algumas perguntas visando, posteriormente, encaminhar os pontos que lhe enfraquecem e destacar os pontos que lhe fortalecem.
Como você acha que se saiu vivendo intensamente em um cenário volátil, incerto, complexo e ambíguo? Soube equilibrar as emoções para lidar com limites e contrariedades? Como passou a se relacionar com as pessoas mais próximas durante o confinamento? Relacionou-se de forma conflitiva ou empática? Como organizou o seu tempo, houve ganhos? Quais os excessos em gastos, hábitos e nutrição ficaram mais evidentes para você? Os seus valores pessoais foram mais evidenciados neste processo? Quais são eles hoje? Como você deseja que seja o seu mundo quando tudo isso acabar? Qual o nível de comprometimento para fazer com que este mundo idealizado se concretize?
Se em dezembro de 2019 alguém tinha dúvidas sobre a preponderância tecnológica na sociedade do século XXI, agora, espero que não tenha mais. Não consigo enxergar uma só área que, durante este período, não tenha buscado a digitalização dos seus processos, a incorporação de uma nova linguagem de uma nova forma de fazer negócios. Não tem volta. O trabalho remoto é real. A educação a distância, que foi incorporada a fórceps, também é. O mercado imobiliário focado em negócios e comércio já está em processo de reconfiguração. O consumo fútil e desenfreado tende a diminuir. A pauta da sustentabilidade está gradativamente transpondo o limite da retórica para prática. Movimentos como o Imperative 2021 propõem resetar o próprio capitalismo. Modelos mais sustentáveis, colaborativos e sociais devem prevalecer. E a pauta racial e da diversidade entrou definitivamente para o debate. Não é tolerável mais viver em um mundo onde haja racismo e preconceito.
Pensar e planejar o próximo ano é aceitar que a vida não será mais como antes. É aceitar que não somos as mesmas pessoas. Tudo o que vivemos e ainda estamos vendo acontecer nestes tempos de pandemia vai continuar reverberando e se intensificando durante algum tempo no mundo e em nossas vidas. Desejo que cada um de nós saiba desembaçar as lentes para enxergar o futuro com mais clareza. E, principalmente, que saiba aceitar a necessidade de aprender, desaprender e reaprender para não apenas termos melhores oportunidades de trabalho, mas especialmente um mundo melhor.
*Alessandra Calheira é Líder do Setor de Carreiras da Rede FTC
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
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