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Para especialista, eficácia das vacinas da Covid-19 não são comparáveis entre si; entenda

Para especialista, eficácia das vacinas da Covid-19 não são comparáveis entre si; entenda
Foto: Bruno Concha/Secom/PMS

Pesquisadores que participaram de um webinar da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a eficácia das vacinas contra a Covid-19 disponíveis até o momento não são comparáveis entre si. O motivo são diferenças no processo de desenvolvimento dos imunizantes, já que se baseiam em técnicas diferentes e foram testados em condições distintas. Neste caso, de acordo com os estudioso, os resultados dos ensaios clínicos de fase 3 já concluídos simplesmente não são comparáveis.

 

“Não dá para dizer que a proteção de uma determinada vacina é melhor que a de outra, pois elas não foram comparadas entre si e os desfechos clínicos avaliados [em cada um dos estudos de fase 3] são diferentes”, disse Ricardo Sobhie Diaz, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao ser questionado sobre qual seria o imunizante de sua escolha. “Não há respaldo científico para essa resposta”, afirmou.

 

Na avaliação da infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, as pessoas devem tomar “a primeira vacina que tiverem a oportunidade”, pois todas estão sendo testadas com rigor e nenhuma será aprovada se não houver dados de segurança e eficácia que justifiquem a liberação do uso em larga escala.

 

 São diversas as plataformas existentes para a produção de vacinas. A mais antiga e estudada é a de vírus inativado, como é o caso da CoronaVac (desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech e testada no Brasil pelo Instituto Butantan) e da Covaxin (desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech). Esse tipo de imunizante já é usado no combate a doenças como gripe, cólera, raiva, poliomielite, hepatite e a peste bubônica. A técnica consiste em cultivar o patógeno em laboratório e inativá-lo com calor ou radiação para que, ao ser injetado no organismo humano, não cause doença, mas induza uma resposta de defesa.

 

Outros quatro tipos de vacina estão em desenvolvimento ou já estão sendo utilizados em programas nacionais de combate à COVID-19: as de vetor viral, como a russa Sputnik V, do Instito Gamaleya; a britânica ChAdOx1, da Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, e a norte-americana Ad26.COV2.S, da Janssen/Johnson & Johnson, nas quais uma proteína do SARS-CoV-2 é inserida em um tipo de vírus incapaz de se replicar no organismo humano; as genéticas, como a dos laboratórios Moderna, Pfizer/Biontech e Fosun Pharma, que consistem em injetar ácidos nucleicos do novo coronavírus para induzir no corpo humano a produção de proteínas virais; e as vacinas proteicas subunitárias ,como a do laboratório norte-americano Novavax, feitas com fragmentos do vírus. 

 

De acordo com Dal Bem,  os também são diferentes os estudos clínicos dedicados a avaliar a segurança e a eficácia dos imunizantes. Até a fase 2, a atenção dos pesquisadores está voltada para os chamados “desfechos laboratoriais”, ou seja, normalmente se investiga em que medida os vacinados desenvolvem imunidade humoral (anticorpos capazes de neutralizar o vírus) e celular (linfócitos que reconhecem e destroem células infectadas pelo SARS-CoV-2). Essas questões também são mensuradas na fase 3, contudo, nesse caso, a principal meta é avaliar os “desfechos clínicos” associados à imunização.

 

Segundo a médica, uma pesquisa clínica de fase 3 pode tentar responder a diferentes questões, por exemplo, o quanto uma dose da vacina protege contra a ocorrência de COVID-19 ou qual é a proteção conferida por duas doses do imunizante. Também se pode avaliar em que medida a vacina evita hospitalizações, mortes ou a transmissão assintomática do vírus pelos voluntários.

 

De acordo com Dal Ben, é com base nas questões a serem respondidas que se define o desenho do ensaio: quantas pessoas serão incluídas, qual deve ser o perfil da população estudada  - idade, etnia, grau de exposição, presença de comorbidades, variantes predominantes na região etc - e como os voluntários serão divididos – é possível separar os participantes em dois grupos, placebo e vacina,  ou em três, placebo, uma dose de vacina ou duas doses, entre outros formatos. Também é preciso definir se o estudo será monocego, que é quando os voluntários não sabem a qual grupo pertencem, ou duplo-cego, quando nem voluntários nem pesquisadores conhecem os grupos, que tipo de placebo será usado e como será o monitoramento dos participantes.