Tatuadores criticam Ato Médico: ‘Ninguém vai passar 6 anos estudando medicina para tatuar’
Por Renata Farias/ Júlia Vigné
Foto: Ministerio Cultura y Patrimonio de Ecuador
Mais uma vez, o Projeto de Lei 350/2014, conhecido como Ato Médico, gerou polêmica. O texto, de autoria da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), contém um trecho que pode interferir na atuação de tatuadores. Ele diz que apenas formados em medicina são autorizados a realizar procedimentos que incluam a "invasão da epiderme e derme com o uso de produtos químicos ou abrasivos". Tatuadores reconhecidos de Salvador estão preocupados com o futuro da profissão devido a essa determinação "absurda". "Sei que o Ato Médico em si é para proteger o trabalho do médico, que vem perdendo espaço. O problema é que o texto é muito abrangente. Ele é vago e compromete uma série de profissionais, incluindo o tatuador", afirmou João Paulo, mais conhecido como JP, em entrevista ao Bahia Notícias. "Ninguém vai tatuar com um médico, nem o médico vai viver fazendo tatuagem". JP e a também tatuadora Gabriela Droguett concordam que a aprovação do PL poderia levar a atividades clandestinas dos profissionais que atuam na área há anos. "Caso aconteça, a gente vai voltar para 30 anos atrás no que diz respeito à tatuagem. Vai todo mundo se tatuar escondido, porque ninguém vai deixar de se tatuar. Profissionais com anos de carreira, que vivem dessa atividade que tem um mercado mundial, multimilionário, vão ter que voltar para a informalidade", avaliou JP. Para ele, esse cenário comprometeria a segurança, qualidade artística e uma série de outros fatores relacionados à prática. "Ninguém vai passar seis anos na universidade para fazer medicina e tatuar. Imagina a pessoa estudar seis anos e depois decidir entre fazer residência em cardiologia ou tatuagem", ironizou Gabriela.
Gabriela Droguett e João Paulo (JP) | Foto: Reprodução/ Facebook