'Xenhenhém' ou 'Tudo nosso'? Infectologista explica cuidados com doenças pós-carnaval
Por Renata Farias
Foto: Cláudia Cardozo / Bahia Notícias
Com o final do Carnaval, é comum que emergências de hospitais e postos de saúde comecem a se encher de pacientes com viroses pós-folia. Ainda sem uma definição pública de como deve se chamar a gripe da festa, "Xenhenhém" ou "Tudo nosso, nada deles" – músicas de sucesso do período –, parece que poucos foliões soteropolitanos mostraram sintomas até o momento, porém a expectativa é que aumentem os casos nos próximos dias. "As emergências ainda não estão cheias, porém já passamos a notar um aumento de casos das chamadas viroses pós-carnaval. Todas as doenças infectocontagiosas passam por um período de incubação, que corresponde ao período em que a pessoa é exposta ao agente infeccioso, até passar a apresentar os sinais e sintomas da doença. Em algumas doenças pode demorar de 24 h até semanas", afirmou o médico infectologista Robson Reis, membro da Câmara Técnica da Infectologia, órgão ligado à Secretaria de Saúde de Salvador. De acordo com o profissional, as principais incidências no período são de viroses respiratórias e intestinais, que podem levar em média de 24 horas a 72 horas para manifestar os sintomas após exposição aos vírus. "O carnaval é uma época propícia principalmente por ter muita aglomeração e movimentação grande de pessoas. As doenças são geralmente transmitidas por via respiratória ou contato, além de alimentos contaminados", explicou Reis. Entre as doenças respiratórias, as mais comuns são os resfriados e a gripe, além de outras infecções de vias aéreas como otite, amigdalite e sinusite. Há ainda problemas intestinais virais ou bacterianos. "Para as pessoas que apresentem sintomas, a orientação é sempre avaliação de um profissional médico. Como as emergências estão sempre lotadas, os casos considerados mais simples, ou seja, onde as pessoas não apresentem muitos sintomas, não estejam muito debilitadas, é orientado a hidratação, repouso e uma alimentação equilibrada. No caso de doenças intestinais, é preciso ainda evitar alimentos gordurosos, ricos em condimentos e derivados do leite, bem como evitar o uso de medicações anti-diarreicas. Em relação as infecções respiratórias, a não ser em caso de febre muito alta e presença de desconforto respiratório, quando é extremamente necessário procurar um atendimento de urgência", salientou o infectologista. No caso das infecções intestinais, a ocorrência de episódios de diarreia em grande quantidade, geralmente mais que 10 episódios ao dia, presença de sangue nas fezes e desidratação, também é recomendável avaliação de um profissional médico. É necessário ainda tomar algumas precauções para evitar que as enfermidades sejam transmitidas para outras pessoas, como não tossir na mão, utilizar nessas situações a dobra do cotovelo, usar lenços descartáveis e, principalmente, lavar sempre as mãos, além do uso de álcool gel e tentar se manter em ambientes ventilados, arejados. Reis ainda lembrou que "quem não foi pra festa também pode contrair, por meio do contato com outras pessoas", então há sempre a necessidade de precaução.
