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A invisibilidade do aborto no sistema público

Por Analú Ribeiro

A invisibilidade do aborto no sistema público
Foto: Victória Libório
A reestruturação do serviço público é um dos fatores preponderantes para a melhora dos atendimentos aos casos de aborto no Brasil. Na Bahia não é diferente: atualmente só existem dois locais para a realização de abortos legais no estado. O tema aborto é uma discussão recorrente no Brasil que ainda persiste sob alguns paradoxos. Os valores morais e religiosos na maioria das vezes permeiam as discussões sobre a supressão da vida humana, desconsiderando a mulher enquanto protagonista social, capaz de tomar decisões sobre seu corpo.Dados da última Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), realizada pela Universidade de Brasília em parceria com a Agência Ibope Inteligência e o Ministério da Saúde, em 2010, revelou que uma em cada sete mulheres brasileiras já realizou aborto. Essa estatística demonstra que o tema deve ser tratado no âmbito da saúde pública, sem desconsiderar os direitos humanos das mulheres. Apesar dos dados revelarem que o aborto é recorrente na vida das mulheres, ele ainda é tratado de maneira paradoxal. “A maioria das pessoas no Brasil, inclusive as que já realizaram o aborto, se opõe a legalização”, afirma a antropóloga Cecília McCallum.
 

Greice Menezes, pesquisadora da Ufba
 
A criminalização do aborto no Brasil é uma das discussões mais polêmicas no país, inclusive na esfera política. De um lado, a bancada evangélica do Congresso Nacional se mantém forte contra a legalização. Por outro lado, os abortos não deixam de ocorrer mesmo sendo considerados ilegais. “Nada do que é feito a respeito da criminalização tem convencido as mulheres a desistirem dos abortos”, afirma Cecília. A ilegalidade favorece um mercado abortivo, onde muitas clínicas atuam sem se preocupar com a vida das mulheres. “Na clandestinidade, o caminho entre as mulheres se diferencia bastante”, analisa a médica e pesquisadora do Programa Integrado em Gênero e Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba (MUSA), Greice Menezes, ao ressaltar que mulheres com maior poder aquisitivo vão aos locais com um atendimento que prioriza o cuidado com a saúde da paciente. Já aquelas com menor poder aquisitivo correm mais riscos, na busca pelos procedimentos, a exemplo do uso do medicamento Misoprostol, popularmente conhecido por Citotec, que pode causar graves problemas à saúde. *Colaboração para o Bahia Notícias.