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'Genética do Sertão' que transformou vida da população de Monte Santo completa 10 anos

'Genética do Sertão' que transformou vida da população de Monte Santo completa 10 anos
Família Peixinhos 10 filhos nasceram com doenças genéticas - Reprodução Veja
A incidência de diferentes doenças raras em Monte Santo, sertão baiano, transformou a cidade em um verdadeiro “celeiro de estudos”, o projeto “Genética do Sertão” mudou completamente a vida da população local há dez anos, quando geneticistas da Universidade Federal da Bahia tomaram conhecimento de alguns casos de doenças pouco comuns que chegaram à unidade.  O projeto foi criado pela coordenadora do serviço de genética do Hospital das Clínicas de Salvador, Angelina Costa, com o apoio da Apae, da  Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de acordo com reportagem da revista Veja publicada essa semana,  trata-se de um dos projetos  mais interessantes e humanistas na recente história Brasileira.  Durante os dez anos de estudos já foram realizadas descobertas surpreendentes.  Com 20% dos habitantes da cidade rastreados, foram documentados até o monte 18 distúrbios genéticos que comparados com a incidência na população geral, apresentam números elevadíssimos. O alto índice de graves alterações genéticas pode ser explicado pela teoria neodarwinistas do “efeito fundador” processo instituído nos anos 50 pelo biólogo neodarwinista, o alemão Ernst Mayr (1904 -2005), pai da convergência da teoria da evolução de Darwin com as descobertas da genética. O conceito apresenta uma máxima relativamente simples: descendentes de um mesmo grupo fundador têm em muitos casos variação genética reduzida. E se nesse grupo há genes defeituosos, as mutações podem prevalecer. O que em Monte Santo se torna perfeitamente explicado dado a formação da população da cidade, onde o índice de casamentos consanguíneos é altíssimo, cerca de 15% enquanto na maior parte dos países, inclusive no Brasil não chega se quer a 3%. De acordo coma o fonoaudiólogo Danniel Dias da Silva, participante da equipe do projeto Genética do Sertão, a consanguinidade em si não causa as doenças genéticas, mas a união entre parentes que compartilham um DNA parecido e consequentemente os mesmos genes defeituosos aumenta o risco de transmissão dessas mutações. Já que 70 % do total das doenças identificadas em Monte Santo são recessivas, ou seja, é preciso haver duas cópias do gene defeituoso (uma herdada do pai e a outra da mãe) para se manifestar. As doenças raras mais frequentes na cidade são Mucopolissacaridose tipo VI,  Fenilcetonúria e Treacher-Collins. Atualmente o grupo Genética do Sertão de Monte Santo é formado por dezoito  profissionais de sete instituições. A equipe espera concluir os trabalhos em 2016 e isso vai além do mapeamento das doenças, a ideia é orientar a população  portadora dos genes defeituosos sobre o controle das doenças , pois uma doença genética não tem cura, mas o maior legado deixado a população é a possibilidade de oferecer aos moradores conhecimento sobre sua condição e ajudar a transformar o futuro uma população inteira.