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Rejeição dos baianos à doação de órgãos é de 70%; 'tem o medo que pessoa esteja viva', diz médico

Por Francis Juliano

Rejeição dos baianos à doação de órgãos é de 70%; 'tem o medo que pessoa esteja viva', diz médico
Foto: Reprodução
A cultura de doação de órgãos custa ainda a ter vida na Bahia. O último relatório sobre registros aponta rejeição de 70% dos baianos quando o assunto é doar. O percentual é uma das maiores negativas do país. Segundo o presidente da Associação Baiana de Medicina (ABM), Antônio Carlos Vieira Lopes, o temor de ver o corpo do ente “invadido” é tido como antinatural.  “Além disso, tem o medo de que a pessoa esteja viva”, relata Vieira Lopes, em entrevista ao Bahia Notícias. Ele informa que o diagnóstico de morte encefálica é totalmente seguro, o que afasta a preocupação de familiares que vão decidir pela doação. Segundo ele, essas questões ainda povoam o imaginário popular, mas precisam ser eliminadas. Uma das justificativas é que só na lista de espera para transplantes de rins no estado 423 pacientes esperam na fila. Outros 29 estão no aguardo de um novo fígado. Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de órgãos (ABTO). Entre os dias 25 e 27 de setembro, Salvador recebe o congresso “Transplantes de Órgãos e Tecidos” realizado pela ABM em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). O evento pretende aumentar a conscientização sobre a importância do transplante na sociedade baiana.
 

Eraldo Moura, coordenador estadual de transplantes/Foto: Bahia Notícias

No primeiro trimestre deste ano, o estado ficou em quinto lugar em números de potenciais doadores, com 132 pessoas. No entanto, só em 32 casos as famílias permitiram a doação, o que fez a Bahia cair para o oitavo lugar em doações no país. Mas se engana quem acha que o desconhecimento do problema é só de leigos. Os profissionais também mostram deficiência. Segundo o coordenador estadual do sistema de transplantes da Sesab, Eraldo Moura, falta preparação aos alunos de faculdades de medicina e de cursos de saúde sobre o tema.  “É fundamental que haja preparação em disciplinas de neurologia, em que os alunos possam ter conhecimento do diagnóstico de morte encefálica, ou uma disciplina de ética e transplante, por exemplo. Eles teriam mais conhecimento e consequentemente maior segurança para lidar com o caso na prática”, explicou ao BN. Segundo Moura, desde 2008 alguns cursos já acenam para a mudança de postura, mas a mudança ainda é bem inicial. Ele fala que o sistema público brasileiro de transplantes é um dos maiores do mundo. O país fica apenas atrás dos Estados Unidos. Mesmo assim, doar ainda é para os fortes e para poucos, principalmente na Bahia.