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Entrevista

Comparada a 'lipoaspiração light', criolipólise não pode ser feita em áreas com pele flácida

Comparada a 'lipoaspiração light', criolipólise não pode ser feita em áreas com pele flácida
Foto: Cláudia Cardozo/ Bahia Notícias
Opção para pessoas que têm medo de cirurgias invasivas, mas desejam ajuda de um procedimento estético para emagrecer, a criolipólise é um dos tratamentos mais procurados atualmente. O procedimento consiste em congelar células de gordura para que elas se cristalizem. Ao longo de aproximadamente dois meses, as células são eliminadas pelo organismo. No entanto, o procedimento pode causar problemas muitas vezes irreversíveis, de acordo com a fisioterapeuta e esteticista Luciana Luz, da clínica Proderm. "A maior contraindicação hoje é a flacidez de pele. No entanto, geralmente a gente tem excesso de gordura nesses locais onde a pele é flácida. São as áreas que os clientes mais elegem para fazer criolipólise", afirmou em entrevista ao Bahia Notícias. A profissional explicou ainda que muitos pacientes buscam a criolipólise após procedimentos como a cirurgia bariátrica. O que muitos médicos não alertam é sobre a necessidade de aguardar algum tempo para que o corpo possa se curar do primeiro procedimento. "São clientes que comem muito pouco. Eles têm uma restrição de nutrientes muito grande depois desse tipo de procedimento. Hoje a gente preconiza, pelo menos, 60 dias e olhe lá. Em um tecido que tenha condição de receber esse procedimento", esclareceu. Luciana ainda revelou que, apesar da ideia de que clínicas estéticas são mais frequentadas por mulheres, grande parte do seu público para realização de criolipólise é formada por homens.
 
Qual é o procedimento mais buscado atualmente em clínicas de estética?
Criolipólise é o nome da vez. Criolipólise e lipocavitação são as duas técnicas que eu digo sempre que prometem. E cumprem se a pessoa se empenhar mesmo no tratamento. Hoje a gente compara a criolipólise a uma "lipoaspiração light", como aquelas que eram feitas em consultório, com anestesia local. Hoje a criolipólise é capaz de retirar até 30% ou 40% da gordura local, e a lipocavitação também.
 
Quando a criolipólise passou a ser mais divulgada, houve um grande aumento na quantidade de pessoas interessadas no procedimento. Hoje ainda é assim ou diminuiu?
O grande problema da criolipólise é que a gente tem muitos profissionais hoje que migraram para a estética. Antes eram um esteticista e um fisioterapeuta. No entanto, a formação do esteticista não permitia que ele trabalhasse com alguns aparelhos, já que não havia preparo para isso. Quando a fisioterapia entrou, a estética seguiu atrás, mas ela não tinha preparo para realizar uma boa avaliação, para discernir se a pessoa tinha uma indicação para criolipólise ou não. Hoje a gente tem enfermeiro, biomédico, odontólogo, o próprio fisioterapeuta migrando para estética. Então são pessoas que vieram de uma não-formação naquele seguimento. Esse boom foi positivo, mas foi negativo também, já que a gente viu muitas pessoas sofrendo os agravos da criolipólise. Houve muitas queimaduras, gente que se internou. Eu recebo, por semana, pelo menos duas queimaduras de criolipólise. Tenho pacientes internados com queimadura. É bem grave.
 
Esse problema é reversível?
Algumas não. Você perde um pedaço mesmo de tecido. Necrosa. A maioria tem que realizar enxertia, ou seja, pegar um pedaço de tecido de outro lugar, colocar lá. Você ganha uma cicatriz nova. A maioria das situações são quase irreversíveis, é uma marca que vai ter para o resto da vida.
 
Quais são os cuidados necessários? Há alguma restrição?
A criolipólise é uma técnica que promete eliminar os adipócitos, que são as células de gordura, por congelamento. Só que existem pessoas que têm gordura para ser eliminada, mas não têm tecido para suportar o congelamento. Então a maior contraindicação hoje é a flacidez de pele. No entanto, geralmente a gente tem excesso de gordura nesses locais onde a pele é flácida. São as áreas que os clientes mais elegem para fazer criolipólise: a pochetezinha, o pé de barriga, a parte interna da coxa, o dorso. Essas são áreas que também têm flacidez de pele. Na verdade, a criolipólise tem indicação para pacientes que têm gordura compacta, pacientes que não têm nenhuma doença associada e pessoas que têm tecido de verdade para receber o frio, que é uma parcela bem pequena. Por isso que surge a lipocavitação, que tem seus prós e contras também.



Foto: iStock

Qual é a diferença principal entre os dois procedimentos?
A criolipólise é feita em uma sessão, e você repete aquela área três meses depois. A lipocavitação é uma soma de sessões. Ela parece um transdutor, um cabeçote de ultrassom, que vai eliminando as células por implosão. Como ela explode, joga muita gordura nos tecidos de uma vez. Então pacientes que têm níveis ruins de colesterol bom não têm indicação para a criolipólise. A maioria dos clientes que procuram são pessoas desregradas na alimentação, daí surgiu a necessidade de agregar outros profissionais, pelo menos para tentar fazer uma indicação.
 
No caso de pessoas que não têm indicação para a criolipólise ou qualquer outro procedimento, como é feita essa abordagem? Há um profissional que indica quais as melhores opções?
Geralmente, quando a gente avalia, há alguns testes para a qualidade de tecido, por exemplo. A gente tem o teste de bioimpedância, uma balança que dá o percentual de gordura, massa óssea; tem a plicometria, que é um teste que avalia as pregas no local; e tem o teste de hidratação, que parece uma coisa besta, super simples, mas tecidos que não têm hidratação não suportam receber frio. Quando esses testes são realizados e não há indicação, a gente oferece outros procedimentos, como serviço de orientação com nutricionista, entrar na intradermoterapia, que é uso de injetáveis para perda de gordura. A gente direciona para outro profissional.
 
Muitas pessoas que procuram procedimentos estéticos porque passaram anteriormente por processos de emagrecimento, como bariátrica. Há algum prazo que essas pessoas devem esperar para buscar um tratamento estético?
Há um prazo para procurar, mas tem se tornado cada vez mais comum que os pacientes venham imediatamente. Inclusive a indicação para criolipólise tem vindo até de alguns médicos. Eu tenho pacientes que fizeram cirurgia bariátrica ou colocaram balão gástrico e, cerca de um mês depois, chegaram ao consultório com indicação. A gente se apoia na qualidade de metabolismo desses pacientes depois do procedimento. O que esses profissionais falam é que não vai pegar nenhum órgão. No entanto, esses são clientes que comem muito pouco. Eles têm uma restrição de nutrientes muito grande depois desse tipo de procedimento. Hoje a gente preconiza, pelo menos, 60 dias e olhe lá. Em um tecido que tenha condição de receber esse procedimento.
 
Quando se pensa em clínica estética, rapidamente se associa à mulher. Homens têm procurado muito? Quais são os procedimentos que eles mais realizam?
Eu tenho hoje 60% do meu público masculino. Na minha última criolipólise, eu tive 90% do público masculino. Inclusive a gordura masculina é mais tranquila de tratar do que a gordura feminina porque o homem tem pouca flacidez de pele. A testosterona não predispõe o homem a uma flacidez de pele tão precoce quanto a mulher. Toda mulher tem flacidez de pele na barriga, na parte interna da coxa, um pouco no glúteo, então isso contraindica as mulheres. Os homens têm feito muita criolipólise, muita corrente russa, nessa época em que todo mundo quer parecer fitness, quer o músculo trincado.