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Entrevista

Médico especialista em dermatologia fala sobre verdades e mitos da depilação a laser

Por Rebeca Menezes

Médico especialista em dermatologia fala sobre verdades e mitos da depilação a laser
Fotos: Luiz Teixeira | Bahia Notícias

Formado em medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública de Salvador e com residência em dermatologia no Hospital Federal de Bom Sucesso (RJ), André Couto conversou com o Bahia Notícias sobre as principais dúvidas que as pessoas têm sobre depilação a laser. O dermatologista, que atua na clínica Dermalaser, no Hospital Aliança, explica os cuidados que se deve ter ao escolher o local para fazer o procedimento e esclarece verdades e mitos sobre o tema. Depilação a laser causa dor? No rosto exige algum cuidado especial? Quantas sessões são necessárias? As resposta para essas e outras perguntas você confere na entrevista abaixo.
 
Bahia Notícias: Qualquer profissional pode fazer depilação a laser, ou tem que ser um dermatologista?
 
André Couto: Não existe uma regulamentação no Brasil, infelizmente, sobre essa questão. Outros médicos não dermatologistas fazem esse tipo de procedimento e pessoas de outras especialidades não médicas também, inclusive fora da área de saúde. O que é um risco, na minha opinião. Porque qualquer procedimento que pode trazer algum risco ou efeito colateral deve ser feito por um profissional que saiba lidar com os possíveis riscos, mesmo que seja algo tranqüilo e corriqueiro.
 
BN: E qualquer pessoa pode ser tratada com essa terapia?
 
AC: O primeiro laser para depilação foi aprovado em 1995, nos Estados Unidos, e a partir daí a tecnologia evoluiu. Hoje em dia há lasers muito modernos, avançados, que permitem o tratamento de diversos tipos de pele. Pessoas brancas, negras, morenas, e até mesmo bronzeadas, podem fazer. Mas é importante frisar que não pode ser com qualquer laser. Deve ser um equipamento diferenciado, que usa uma tecnologia chamada fotoacústica, que diminui bastante efeitos colaterais e o incômodo na aplicação, que era uma coisa comum, mas tem diminuido bastante.
 
BN: Você falou sobre os tipos de pele. A depender do tom, o tratamento é diferenciado?
 
AC: O que acontece é que há algum tempo havia um medo de se tratar pessoas bronzeadas ou pacientes com peles morenas ou negras. Porque neles, devido a uma camada de melanina maior, pode acontecer um superaquecimento da pele e daí vir os efeitos colaterais, como manchas e até queimaduras. Só que isso foi eliminado com as novas tecnologias. Então, hoje pode-se tratar qualquer tipo de pele. Não há mais essa restrição, apesar de ser necessário um equipamento específico para esses casos.
 
BN: Quais são os riscos que a depilação a laser pode trazer?
 
AC: Uma coisa que pode acontecer é a dor. Mas também, com a evolução das técnicas, isso diminuiu bastante. É importante diferenciar a técnica fotoacústica – que é relativamente nova no Brasil - da fototérmica. A maioria dos lasers para depilação utiliza a fototérmica, que causa um aquecimento excessivo do tecido quando se faz a depilação, que é o que gera os efeitos colaterais, como manchas e, a depender do manuseio errado ou da potência que se utilize, pode haver queimaduras. Isso, principalmente, se não for utilizado por um profissional treinado. Só que justamente esses efeitos são praticamente eliminados com a tecnologia fotoacústica. Além disso, quase não há dor, é praticamente um incômodo. Então esse era um fator até restritivo, principalmente para áreas mais sensíveis e para os homens.
 
BN: E tem muitos homens que fazem esse procedimento?
 
AC: Cada vez mais. No homem existe uma condição da pele que se chama pseudofoliculite da barba. É como se fossem pequenos pontos de pus que se formam nessa região, principalmente no pescoço. Então, utilizar o laser diminui a densidade dos pelos e esse problema melhora absurdamente.


 

 
BN: Quando a depilação a laser começou a ficar conhecida, ela era vendida como “definitiva”. Ela realmente é definitiva?
 
AC: É importante enfatizar que são necessárias diversas sessões.
 
BN: Quantas, aproximadamente?
 
AC: Podem ser necessárias de 10 a 15 sessões, com a sessão fotoacústica. Mas isso varia de paciente para paciente. Depende da densidade de pelos, já que uma densidade maior exige mais aplicações.
 
BN: E quanto custa cada sessão?
 
AC: Isso varia bastante, principalmente em relação à área tratada. Uma depilação da axila vai ter um valor menor do que na perna, que é uma região maior, ou de um tórax. Então depende do tamanho da região. Mas, apesar de a princípio parecer um tratamento caro, ao fazer um cálculo, principalmente com a mulher que faz depilação a cera, se colocarmos no papel tudo o que seria gasto por décadas, há uma economia considerável.
 
BN: Principalmente no início, as sessões eram muito caras. Com o tempo, o preço ficou mais acessível e alguns sites de compras coletivas oferecem valores muito abaixo do normal. Isso faz com que as pessoas questionem a qualidade do serviço. Então, o que o consumidor pode fazer para se proteger de possíveis problemas com clínicas não confiáveis?
 
AC: Primeiro e mais importante: é essencial a presença de um dermatologista para fazer ou, no mínimo, supervisionar o procedimento. O consumidor deve pesquisar a clínica, ver se tem um dermatologista presente – não adianta ter só um nome - e que seja reconhecido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Esse é um sinal de que é um local seguro para fazer essa depilação a laser.
 
BN: Quais os cuidados que as pessoas devem ter depois de fazer uma sessão?
 
AC: Antigamente, com a tecnologia fototérmica, era praticamente proibido a pessoa ir à praia ou se bronzear uma semana antes e uma depois. Só que com a técnica fotoacústica isso não acontece mais. A pessoa pode voltar a fazer suas atividades de forma normal. Ela deverá fazer uso de protetor solar se for se expor ao sol, como deveria fazer normalmente, mas fora isso não há nenhuma outra precaução. O pós-procedimento é bem simples.


 

 
BN: Depois da primeira sessão, a pessoa pode se depilar com gilete ou usar algum creme depilatório?
 
AC: Pode sim. Entre uma sessão e outra, principalmente nas primeiras, o pelo não é eliminado completamente então a pessoa pode usar a lâmina de barbear sem problema nenhum. Vale lembrar que quando estiver chegando perto da próxima sessão, ela não deve fazer isso.
 
BN: E as depilações no rosto? Exigem algum cuidado especial?
 
AC: O procedimento no rosto é cada vez mais procurado, principalmente pelo homem. No dia a dia, ele pode querer não necessariamente retirá-la completamente, mas às vezes diminuir a densidade, para que ela fique mais fácil de fazer. Tem alguns pacientes que impolam na região da barba, ou tem alguma alergia, então isso ajuda bastante. E as mulheres sempre fazem, principalmente na região do buço. O principal cuidado que se deve ter nos procedimentos no rosto é o uso de protetor ocular. No consultório, há uma proteção de metal utilizada na hora, que serve para prevenir que algo aconteça na região dos olhos, caso seja atingida.
 
BN: Você é homem. As mulheres não ficam um pouco constrangidas quando são atendidas por você?
 
AC: As mulheres procuram muito a depilação no rosto, na axila, mas também na região íntima, no decote. Algumas ficam constrangidas sim, mas eu sou médico e estou acostumado, então é uma coisa natural. E sempre existe uma consulta médica em que se conversa, se orienta, se explica os aspectos positivos e negativos do tratamento... Isso tudo também tranquiliza a paciente.
 
BN: E quais são os principais benefícios dessa aplicação?
 
AC: Os principais são a questão estética e a praticidade. É muito fácil: você vai no consultório, faz uma sessão de laser que hoje em dia é muito rápida...
 
BN: Quanto tempo dura, aproximadamente?
 
AC: Na axila, pode durar de três a cinco minutos, das duas. Para você ver como é algo rápido. É bem prático, bem tranqüilo, hoje em dia já não há a questão da dor... E outro benefício é a questão do custo. E tem outro que é, a depender da região, o laser ainda pode melhorar o aspecto da pele.