Lideranças da AL-BA divergem sobre criação de CPI para investigar funcionários fantasmas na Casa
Por José Marques
Embora argumentem que a Polícia Federal se recusa a ceder informações sobre a investigação resultante da Operação Detalhes, que devassou o gabinete do deputado Roberto Carlos (PDT) no dia 3 de abril, a Assembleia Legislativa da Bahia não chegou a debater a possibilidade de abrir de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar, paralelamente, a existência de possíveis funcionários fantasmas lotados na Casa. Apesar do silêncio dos 63 parlamentares durante todo o mês que sucedeu a ação da PF (ver aqui e aqui), o Bahia Notícias levantou a hipótese com as lideranças partidárias e, surpreendentemente, metade dos seis deputados consultados revelou apoio à criação do colegiado.
O líder do PT, Yulo Oiticica, do PSB, Capitão Tadeu, e do bloco PSC/PTN/PRP, Targino Machado (PSC), se mostraram a favor da investigação. “Eu acho que a Assembleia Legislativa da Bahia precisa ser mais transparente. Tenho dito que a transparência é uma exigência para a consolidação da democracia representativa e não há como eleger um deputado e não acompanhar o trabalho dele. Nós ainda pagamos o preço pela falta da transparência”, afirmou Yulo. O petista lembra que, legalmente, a criação de uma CPI se justifica se há um fato consumado para implantá-la. “E nós tivemos um fato. Se houve exagero ou não na operação da Polícia Federal, não cabe a mim dizer, mas ao deputado Roberto Carlos, que é o réu no caso. Mas uma CPI não é feita só para condenar, é também para defender. Ela vai definir se você é corrupto ou honesto, porque não existe uma pessoa menos ou mais corrupta, só inocente e culpada. E só a CPI nos dá oportunidade real de fazer o trabalho de investigar. Podemos fazer o que não fazemos no dia-a-dia, como ter a quebra de sigilo bancário, fiscal e a convocação de pessoas para depor”, avaliou. Tadeu, por sua vez, salientou que é favorável à ideia da comissão, mas acha que se deve diferenciar “o que é funcionário fantasma e o que é funcionário que trabalha fora da Assembleia”. “Porque é certo que um deputado estadual tenha assessores no interior, como os deputados federais podem ter. Roberto Carlos, por exemplo, pode ter assessores em Juazeiro, que é o local onde ele trabalha. Mas deve-se distinguir o que é fantasma e o que não é”, ponderou. Targino segue o discurso de Tadeu. “Eu apoio [a criação da CPI]. Eu já disse na Assembleia. Fui o primeiro deputado a falar sobre isso [a investigação da Polícia Federal]. E foi a vocês do Bahia Notícias, por sinal. Eu não acho que os deputados mereçam ser medidos pela mesma régua e não acho que essa prática seja tão comum quanto se ouve falar. Eu quero crer que não é. Bons e maus existem em todos os lugares e a política não fica fora. Mas eu apoio a criação da comissão. Assino tranquilamente”, assegurou.
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