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Entrevista

Fora da Série D apesar de finalista, presidente do Conquista diz não ter lido regulamento

Por Ulisses Gama

Fora da Série D apesar de finalista, presidente do Conquista diz não ter lido regulamento
Foto: Divulgação / ECPPVC
São 10 anos de Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista. Neste período, o clube criado pelo atual presidente Ederlane Amorim conseguiu de forma meteórica várias façanhas, entre elas, a consolidação como terceira força do futebol baiano.Tetracampeão da Copa Governador do Estado e atual número 76 do ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o time do interior está próximo da máxima glória. Após vencer o Bahia por 3 a 0 na primeira partida da final do Baianão, no estádio Lomanto Júnior, o bode enfrentará o tricolor neste domingo (3), na Arena Fonte Nova, podendo perder até por dois gols de diferença. Em entrevista ao Bahia Notícias, Ederlane Amorim destacou as dificuldades para manter a viabilidade do clube, o desejo de tornar a equipe forte para as competições nacionais e a decepção de não poder participar da Série D deste ano, por uma falha com o regulamento.


Bahia Notícias: Este ano o Conquista completa 10 anos. É uma realização, por ser um projeto seu desde o início, ver o Conquista chegar a final do baiano invicto e com a vantagem conquista em casa, independente do resultado que aconteça no próximo domingo?
Ederlane Amorim:Tenho certeza que sim. Pela maneira que o clube começou, pelos resultados que nós conquistamos com o passar dos anos, nós fizemos um quadrangular final em 2008, fizemos uma semifinal com o Bahia em 2012, fizemos semifinal no ano passado, então, com o limite financeiro que nós temos, são resultados consideráveis. Temos uma estrutura física funcional, um quadro de sócio-torcedor, além de revelar jogadores para o mercado estadual e nacional. Vencemos uma marca forte do futebol nacional e estamos muito confiantes, mas isso passou. Sabemos que vamos enfrentar um jogo difícil no domingo, pois o Bahia é favorito em qualquer competição que dispute no estado.
 
BN: Quais os principais desafios que você enfrentou neste período?
EA: Sempre financeiro. No primeiro semestre, nós até conseguimos ficar equilibrados. Mas no segundo semestre, perdemos praticamente 80% da receita, prejudicando a equipe em disputas nacionais. São vários aspectos: O público não comparece pois o time não é competitivo, o clima, que é muito frio na época, a falta de divulgação dessas competições. O problema financeiro é a principal dificuldade. Clubes tradicionalíssimos estão fechando as portas. No segundo semestre, esse elenco será desfeito, pois não temos competição para disputar e ficaremos distantes de torcida, imprensa e patrocinadores. Enfim, é uma realidade não só do futebol, é também do nosso país atualmente.
 
BN: O Conquista já é um time respeitado estadualmente, sempre formando equipes com boas campanhas no baiano. O que falta para se fixar nacionalmente como times do interior de outros estados? (Icasa no Ceará, Salgueiro em Pernambuco)
 
EA: Falta um calendário. Quando eu tive esse calendário, disputei quatro vezes seguidas a série D. (2011,2012,2013 e 2014). Não tivemos recursos para manter a logística da competição. Como formar um elenco competitivo se não conseguimos cobrir estas despesas? É difícil contratar bons jogadores para a disputa. Joguei a série D por dois anos com alguns jogadores da divisão de base. Participamos nestes caso só para não ficar marcados por ter desistido. Mesmo representando o estado não tivemos apoio, pois as atenções estão voltadas para o Bahia e Vitória. Nunca tivemos incentivo. Como fazer o futebol sem calendário e dinheiro? Eu vejo essa situação com muita dificuldade e não vejo um horizonte para resolver isso. Concorremos com estruturas muito mais fortes. O Vitória da Conquista na final do baiano não irá acontecer sempre.
 
BN: Você ficou frustrado de não poder dar a esta equipe, especialmente se ela for campeã baiana, a chance de conseguir o acesso para a Série C do Brasileiro?
Muito. É um prejuízo muito grande, perderemos sustentação de marca. Mas é regulamento e ele foi feito sempre achando que haverá um BaVi na final, não sendo observado outras possibilidades. Colo Colo ou Juazeirense poderão disputar a Série D, e eu, podendo ser campeão do estado, não vou participar. Poderia ter uma cláusula no artigo abrindo uma oportunidade para o Vitória da Conquista, neste caso. Agora, só poderei trabalhar a equipe na Copa Governador, pensando já em 2016.
 
BN: Nisso, como você observa o regulamento feito pela FBF, que não beneficiou a melhor equipe e não deu a vocês a vaga na Série C? Realmente você concordou com aquela formula na época? As equipes do interior não acreditam na chance de serem campeões?
EA: Na verdade, quando você começa o campeonato, não se lê artigo por artigo no regulamento. Se fala de uma maneira muito rápida. Nós achamos que íamos disputar terceiro ou quarto lugar, embora sempre participamos da competição pensando no título. Que fique de lição para os clubes do interior para a próxima competição. Quem ia imaginar que o Vitória estaria fora até de uma semifinal? É uma situação atípica, mas vamos nos alertando.
 
BN: Você diria que faltou atenção dos clubes em relação a este regulamento?
EA: Não se lê regulamento. É como você assinar um convênio de plano de saúde. Não vai se ler aquelas 500 folhas no contrato. Se fala apenas nos pontos mais importantes do regulamento. Nos outros anos tivemos essa situação, mas com Bahia e Vitória nas finais. Agora, serve de lição. Devemos ter mais atenção, como você pontuou. Hoje, para Colo Colo e Juazeirense, o regulamento está perfeito (risos). Vamos esperar a Federação e quem sabe conseguir essa vaga para a gente.
 
BN: O senhor acha que a cidade de Conquista realmente dá o apoio que a equipe podia receber? 
EA: A cidade apóia. Neste ano, os torcedores tem prestigiado pois a nossa campanha é fantástica. Nos últimos vinte jogos, nós perdemos apenas dois. A cidade acaba gostando, vai atrás do time. Temos jogadores conhecidos (Fausto, Viáfara, Paulo Almeida, Tatu), que tem muita história no futebol e que ajudam no marketing e na divulgação do nosso clube.