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Entrevista

Geraldo Galindo projeta a eleição de seis vereadores pela Federação Brasil da Esperança em Salvador: "Cálculo realista”

Por Carine Andrade

Geraldo Galindo projeta a eleição de seis vereadores pela Federação Brasil da Esperança em Salvador: "Cálculo realista”
Foto: Uíse Epitácio / Divulgação PCdoB

Presidente estadual do PCdoB desde novembro de 2023, Geraldo Galindo tem 62 anos de idade e 40 anos dedicados à militância no partido. Também à frente da Federação Brasil da Esperança, formada pelo PCdoB, PV e PT, desde janeiro deste ano, Galindo avalia como positiva a experiência da Federação, que tem prazo de funcionamento de quatro anos e segue até 2026. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele ressaltou, no entanto, que num período eleitoral como o de 2024, em que os três partidos buscam protagonismo nas principais cidades baianas, torna-se difícil a escolha de uma candidatura única nos municípios-chave, aqueles com o maior número de habitantes. “A Federação só pode ter um candidato. O PT tem candidato, o PCdoB também tem candidato, o PV tem candidato. Nós temos que encontrar um denominador comum porque ninguém quer ceder, então sempre fica um ‘trauminha’”, disse. Ele também completou que nos municípios onde há candidaturas postas do PT, PCdoB e PV, “as conversas já estão bem avançadas e 90% dos casos estão resolvidos”. 

 

Economista por formação e também escritor, Geraldo Galindo tem uma trajetória política construída no Sindicato dos Bancários da Bahia. Nesta entrevista, ele também falou sobre a expectativa do PCdoB de reeleger os atuais vereadores de Salvador, Augusto Vasconcelos e Helio Ferreira, e de ampliar mais uma cadeira no Legislativo municipal. Segundo ele, uma das candidaturas prioritárias da legenda é a da servidora da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e professora da Escola de Enfermagem da Ufba, Aladilce Souza, ex-vereadora de Salvador por quatro mandatos (2004/2020), mas que não conseguiu se reeleger.    

 

Sobre a chapa majoritária liderada pelo vice-governador Geraldo Jr. (MDB) em Salvador, Geraldo Galindo reconheceu que, inicialmente, houve um estranhamento da militância de esquerda em abraçar a candidatura, mas salientou que “essas resistências na base eleitoral, na base social dos partidos de esquerda já foram, absolutamente, superadas com o tempo”. Ele também analisou que o fato de o vice-governador ter estado do ‘lado de lá’, já que durante muito tempo foi aliado do prefeito Bruno Reis (União), não desabona o fato de, hoje, ele estar ‘do lado de cá’.  “Quando ele vem para cá, é uma coisa positiva. E ele veio assumindo que lado estava, dizendo que deveria ter vindo para o nosso lado há mais tempo. Ele está integrado com a pauta do governo Lula, com a pauta do governo Jerônimo. Ele veio no momento em que se ele ficasse do outro lado, talvez fosse até mais cômodo para ele”, frisou. Confira a entrevista completa:  


 

Como o partido está organizando a chapa de pré-candidatos que vão disputar as eleições deste ano? Vocês já tem uma nominata? Pelo fato de o PCdoB pertencer a Federação Brasil da Esperança tem um limite de candidaturas que os três partidos poderão apresentar. Qual é a estratégia de vocês? 

Os partidos têm uma quantidade definida de candidatos dentro da Federação, de acordo com o percentual da votação que se teve na eleição passada. Agora, isso não é uma fórmula rigorosa, os partidos podem entrar em entendimento. Então, aqui no caso de Salvador, os partidos já entraram no entendimento de quantas vagas seriam de cada um. Os detalhes sobre isso quem está acompanhando de perto é a direção Municipal do PCdoB, sob a presidência do companheiro Jurandir Santana. Mas assim, o PCdoB tem 12 vagas e está trabalhando com o cenário de eleger três vereadores: reeleger os dois atuais, Augusto Vasconcelos e Helio Ferreira, e ampliar. 

 

Quantos vereadores você acha que a Federação fará, incluindo os três partidos? 

Tem muitos cálculos aí. Algumas pessoas falam que pode eleger cinco, outras falam que pode eleger seis, a Federação toda. 

 

E você acha que esse cálculo é realista, diante de toda articulação que foi feita na base do prefeito Bruno Reis (União), com a montagem de novos partidos e movimentação de nomes com capilaridade eleitoral? 

O PCdoB na eleição passada elegeu dois vereadores, o PT elegeu cinco e o PV, um vereador. Então, talvez seja possível, sim, eleger cinco. Também porque diminui bastante a quantidade de candidatos. Quando você diminui a quantidade de candidatos, diminui também o tamanho da votação. 

 

Qual é a sua avaliação sobre a escolha do vice-governador Geraldo Jr. (MDB) como candidato do grupo do governo na chapa majoritária em Salvador?  

Eu acho que, inicialmente, houve um estranhamento, mas que era esperado, já que ele um dia foi da base do prefeito Bruno Reis. Talvez as pessoas não estejam acostumadas com esse processo de mudança, isso acontece a todo momento na política. Ele está conosco desde a eleição passada. Ele veio, rompeu com o outro grupo e veio ser vice-governador no nosso campo. Ele veio no momento em que se ele ficasse do outro lado, talvez, fosse até mais cômodo para ele. Mas, ele veio para o nosso campo e está tendo um desempenho excelente como vice-governador. Ele foi fundamental para Jerônimo ganhar a eleição em 2022. Então, nada mais normal do que ele estar integrado agora entre nós. Repetindo: aconteceram alguns questionamentos, mas eles são muito mais residuais nesse atual momento. 

 

O nome do vice da chapa segue indefinido. No entanto, na última semana, o nome da deputada federal Lídice da Mata (PSB) foi anunciado para a coordenação da candidatura de Geraldo Jr. Você avalia como positiva essa escolha? Havia expectativa desse nome sair do PCdoB? 

Nós temos a opinião que foi uma grande sacada, uma grande ideia Lídice da Mata assumir a coordenação da campanha. Se o PCdoB fosse convidado, nós ficaríamos lisonjeados, mas a alternativa que foi encontrada, no nosso entendimento, foi excelente. Lídice da Mata é uma mulher que tem prestígio, tem respeito no meio político, foi senadora, foi prefeita, foi deputado estadual de vários mandatos, foi candidata a governadora. Então, ela tem uma bagagem política que, com certeza, vai ajudar bastante na campanha de Geraldinho. 

 

O anúncio do vice está demorando? 

Quando você fala da questão da definição da chapa completa e a interferência desse atraso na eleição proporcional, eu acredito que esse Impacto é relativamente pequeno porque o mais importante mesmo é a definição do candidato a prefeito, pois é ele que vai aparecer na cédula [de votação]. Mas, nós entendemos que seria bom agilizar a escolha do vice. Com a vinda de Lídice para a coordenação da campanha, eu faço a leitura de que esse processo vai ser agilizado.

 

Salvador teve pelo PCdoB, durante bastante tempo, uma figura muito expressiva e combativa como a ex-vereadora Aladilce Souza, que tinha uma atuação reconhecidamente voltada para os movimentos sociais e a área da saúde. No entanto, ela não conseguiu se reeleger em 2020. Aladilce é uma prioridade para o PCdoB na eleição de 2024?  

O eleitorado de Salvador cometeu uma injustiça com a nossa vereadora porque ela era uma das melhores vereadores, das mais qualificadas em suas legislaturas. Me perdoe se eu estiver cometendo algum exagero, mas ela era uma das mais qualificadas da Câmara Municipal de Salvador, mas como eu sou do PCdoB, posso estar exagerando. Então, foi um grande prejuízo para a cidade porque ela debate a cidade, ela não se circunscreve às questões paroquiais, às questões pequenas. Ela faz um debate da cidade e nós vamos tentar reparar esse prejuízo. Nós estamos colocando Aladilce como uma das nossas candidatas que pretendemos eleger. Ela é uma das nossas prioridades e vai ser tratada com o carinho que ela merece. Salvador merece ter um mandato de uma pessoa que tem a qualificação que ela tem. Ela é uma mulher maravilhosa, tem compromisso com a democracia, com o meio ambiente, a luta cultural, a luta dos trabalhadores, dos servidores públicos. Tem um currículo, uma história que tem que estar representada na Câmara Municipal de Salvador. 

 

Em relação às últimas movimentações do PCdoB, que tentou disputar com Fabrício Falcão a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), e também a cabeça de chapa da majoritária em Salvador, com a deputada estadual Olívia Santana, mas não conseguiu lograr êxito em nenhuma das duas empreitadas. As insatisfações quanto ao não cumprimento de acordos por parte do governo Jerônimo Rodrigues já estão pacificadas? 

Esses dois assuntos já estão superados. Nós apresentamos Olívia, o governador fez a opção por Geraldinho. Geraldinho é um grande candidato, é um bom nome, e o PCdoB já está integrado na campanha dele, na coordenação da campanha dele. Olívia já está integrada na campanha dele. Ele já participou de eventos de Olívia, então isso aí está tudo pacificado entre nós. Nós já tivemos boas conversas com ele, ele tem demonstrado muito pique, muito entusiasmo, ele quer dialogar com a base social do PCdoB. Nós fizemos uma plenária com mais de 500 pessoas para ele participar e foi muito bom. Então, esse assunto, fica aquele trauma Inicial, eu até disse na época, fica um pequeno trauma, mas depois o tempo resolve. Então, foi o que aconteceu. Esse assunto é página virada, como o outro assunto do Tribunal de Contas. 

 

Além de Salvador, quais são as prioridades do PCdoB no interior do Estado? Eu vou dar como exemplo a cidade de Juazeiro, que tem três candidatos pela Federação: o deputado Zó, pelo PCdoB; Isaac Carvalho, pelo PT; e o deputado Roberto Carlos, pelo PV. Quais são os municípios que o PCdoB pretende liderar a cabeça de chapa? 

 

Nós temos 16 prefeitos. Então, nós queremos reeleger os nossos prefeitos que estão nos mandatos, porém alguns não podem ser reeleitos porque já estão no segundo mandato. Aí nós vamos apostar nos candidatos que o prefeito indicar. As nossas cidades prioritárias são Juazeiro, Jacobina, São Francisco do Conde e Seabra, que são muito importantes do ponto de vista político. 

 

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Como vocês pretendem resolver a questão de Juazeiro e chegar a um denominador comum, uma candidatura única? 

O  PCdoB tem como prioridade nessa campanha eleitoral a disputa na cidade de Juazeiro. Nós temos o deputado Zó, que aparece bem nas pesquisas. É um deputado fiel ao governo, como o PCdoB sempre foi, desde 2002, na primeira eleição que o [Jaques] Wagner concorreu para governador. Então, nós temos uma base sólida na cidade de Juazeiro e nós temos um candidato, que nós temos afirmado, com segurança jurídica. O candidato do PT [Isaac Carvalho] fala que está elegível, mas ele falava também quando foi candidato a deputado federal. No ambiente político-jurídico todo mundo fala que ele não está elegível. Ele afirma que está, então nós temos uma polêmica estabelecida. Agora, a gente quer resolver esse problema antes das Convenções Partidárias [em julho]. A Federação, a base do governo Jerônimo tem tudo para ganhar a eleição em Juazeiro. Se for o candidato do PT, ganha. Se for o candidato do PCdoB, ganha. Se for o do PV, ganha. E se for do PSB, ganha também [o partido é da base, mas não faz parte da Federação]. Então, tem que haver a unidade. E a unidade em uma cidade que a esquerda pode ganhar eleição, não podemos perder a oportunidade. Você tem que apresentar um candidato que tenha segurança jurídica. Então, o candidato do PT, no nosso entendimento, não tem segurança jurídica. Se, por acaso, esse candidato estivesse habilitado para ser o candidato, nós o apoiaríamos sim, não tem erro. Assim como estamos apoiando o Caetano, em Camaçari; Zé Neto, em Feira de Santana; e o Waldenor Pereira, em Vitória da Conquista.