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Entrevista

'PT também é marcado pelo machismo estrutural', diz Éden sobre eleger mulheres na Câmara - 06/06/2022

Por Anderson Ramos

'PT também é marcado pelo machismo estrutural', diz Éden sobre eleger mulheres na Câmara - 06/06/2022
Foto: Bahia Notícias

Além de buscar eleger Jerônimo Rodrigues para continuar ocupando o Palácio de Ondina por mais quatro anos, o PT da Bahia tem mais uma missão importante no pleito de 2022. O partido busca dar vez para candidaturas femininas e tentar emplacar o maior número de mulheres na Câmara dos Deputados.

 

Em entrevista para o Bahia Notícias, o presidente do PT no estado, Éden Valadares, reconheceu que a sigla precisa trabalhar para reparar um erro histórico, que é até o momento, ter eleito apenas Moema Gramacho, atual prefeita de Lauro de Freitas, para deputada federal.

 

“Nosso país infelizmente é marcado por algumas chagas que nos envergonham internacionalmente. O racismo estrutural fruto da escravidão é uma chaga que nos envergonha. A fome, a desigualdade social, a miséria. A outra certamente é o machismo. O PT não é produto de fora da sociedade, o PT também é marcado por um machismo estrutural que nós combatemos e queremos superar numa luta cotidiana”, disse o petista.

 

Já sobre a corrida ao Palácio de Ondina, Éden garante que o conturbado processo que resultou na desistência de Jaques Wagner da disputa e no rompimento com o PP, são águas passadas. Segundo ele, tudo já foi superado e os episódios serviram para fortalecer o grupo.

 

“A gente rapidamente conseguiu unificar o nosso partido, e em seguida unificar o nosso grupo em torno de Jerônimo, que em março já estava escolhido como nosso pré-candidato. Nós conseguimos ampliar até com MDB. Eu penso que a unidade do nosso grupo e a unidade do PT em torno de Jerônimo, foi o momento de maior coesão que a gente viveu desde a escolha de Wagner em 2006 ou mesmo na escolha de Rui em 2014. Lembro que havia muita crítica em torno da escolha de Rui e a gente demorou mais tempo para conseguir unificar o nosso grupo. Eu acho que foi muito rápida a coesão entorno do nome Jerônimo”, defendeu. Confira a entrevista completa:

 

Foto: Max Haack / Bahia Notícias

 

A retirada da candidatura de Wagner e a decisão o partido em lançar Jerônimo atrapalhou a pré-campanha?

Nós acatamos, aceitamos, acolhemos a decisão do senador Jaques Wagner de não mais disputar as eleições. Wagner tem um uma longa trajetória o PT. Foi nosso primeiro deputado federal, ministro, governador e agora senador. Então ele tem muito crédito junto ao Partido dos Trabalhadores no conjunto nosso grupo político e ao escolher sair do jogo penso eu que não houve demora na escolha do nome, mas ao contrário. Eu acho que a gente rapidamente conseguiu unificar o nosso partido e em seguida unificar o nosso grupo em torno de Jerônimo e em março já estava escolhido como nosso pré-candidato. Nós conseguimos ampliar até com MDB. Eu penso que a unidade do nosso grupo e a unidade do PT em torno de Jerônimo, foi o momento de maior coesão para que a gente viveu desde a escolha de Wagner em 2006 ou mesmo na escolha de Rui em 2014. Lembro que havia muita crítica em torno da escolha de Rui e a gente demorou mais tempo pra conseguir unificar o nosso grupo. Eu acho que foi muito rápida a coesão entorno do nome Jerônimo. Não acho que isso tenha atrapalhado a pré-campanha não, e penso que as plenárias do PGP que nós estamos fazendo nos 27 territórios a adesão das lideranças políticas, dos vereadores, dos prefeitos, dos movimentos sociais, das orientações populares a esse movimento do PGP são plenários muito grandes. É prova de que nós acertamos na escolha e que nós estamos ainda no início da caminhada, mas numa caminhada vitoriosa.

 

Deu muito trabalho cicatrizar as feridas que foram deixadas pela desistência de Wagner?

Não acho que houve feridas deixadas não. E nem cicatrizes a serem fechadas. Talvez tenha ficado um sentimento de saudade por Wagner ser nosso timoneiro, nossa principal liderança. Por ser o cara que libertou a Bahia do tempo da malvadeza, que abriu esse período de democracia liberdade, de respeito, de diálogo nessa nova cultura política baiana. Apesar dos 16 anos de governos do PT, se a gente olhar em todos os históricos, há um momento novo, um momento dessa nova cultura. Qual era o momento anterior? Era daquela que havia o chefe que mandava e obedecia quem tinha juízo. O grupo se organizava em torno da ambição de uma família e os aliados tinham que se ajustar a esse querer. É com o Wagner a gente inaugura um período de diálogo com a oposição e de respeito ao Tribunal de Justiça e a Assembleia Legislativa. A gente faz política sem olhar coloração partidária, dos prefeitos, atendendo as populações e não é o gestor local. Então eu penso que talvez tenha ficado uma saudade por conta do tamanho da liderança política que é Wagner para o PT da Bahia e do Brasil. Mas Jerônimo é alguém com a trajetória grande de militância no movimento social, na universidade, na academia e vem participando dos nossos governos. Ele participou do primeiro governo de Wagner, participou do governo da presidenta Dilma e há oito anos ele é secretário, então é alguém que caiu no gosto rapidamente da militância partidária, mas também dos dirigentes, dos demais secretários, de Otto, de Coronel, e do próprio governador Rui Costa, já que Jerônimo é sem dúvida é o homem de confiança de Rui. Quando Rui quis criar uma Secretaria de Desenvolvimento Rural que, com o golpe da presidenta da Dilma, o presidente Temer tinha extinguido o ministério para o Desenvolvimento Rural. Estava acabando na Bahia, e Rui chamou justamente Jerônimo pra essa tarefa. E agora no segundo mandato quando governador investimento em Infraestrutura escolar nunca visto na história da Bahia R$ 3,5 bilhões, ele convoca também Jerônimo pra essa tarefa. Então, além de ter circulado bem dentro dos dirigentes, dos gestores, dos prefeitos, dos partidos é claro que o Jerônimo gosta da confiança é o homem de confiança do governador Rui Costa

 

Wagner deve ter participação ativa na campanha de Lula. Qual vai ser o papel dele na campanha de Jerônimo?

Ativamente como protagonista da coordenação política da nossa campanha. Nós temos o governador do estado, o mais bem avaliado do Brasil como a gente se diz no jargão aqui das pesquisas, no jargão da política, ele é um incumbente: ele é o governador que vai conduzir o processo eleitoral sentado na cadeira de governador. Ele tem um papel proeminente no processo de condução das eleições e Wagner por ser essa liderança que eu falei também tem participado ativamente, seja nos movimentos políticos que a gente tem feito seja na definição de estratégia de rumo de campanha, na composição da chapa majoritária na composição das chapas proporcionais dos oito partidos que tem nos acompanhado, Wagner tem tido papel ativo e altivo. Com relação ao papel dele no cenário nacional, Wagner foi ministro de Lula, foi da Dilma e é alguém que é amigo do presidente Lula há mais de 40 anos e tem inteira confiança do presidente. Sempre que chamado pelo presidente para cumprir uma tarefa pontual ou outra ele está sempre à disposição, mas a dedicação dele será em relação à sucessão do governador Rui Costa e a eleição de Jerônimo para o governo e de Otto para o Senado.

 

Ainda falando nesse período de pré-campanha, como é que você enxerga o processo que terminou na saída do PP? Acha que faltou um pouco mais de diálogo para a manutenção deles na base?

Não, diálogo não faltou. Aliás isso é marca característica do nosso grupo político, que é ter muita disposição para conversar, isso é uma marca histórica do PT, especialmente da liderança que é Wagner e da personalidade que é Jerônimo. Isso nunca faltou. Eu respeito a decisão do PP. Penso que o PP, talvez por pressão do diretório nacional, de Ciro Nogueira que é o presidente do partido licenciado e hoje é o chefe da Casa Civil de Bolsonaro, do presidente da Câmara Arthur Lira, que também é uma liderança importante deles nacionalmente, o líder do governo Ricardo Barros também é do PP... acho que tem uma pressão nacional para eles desembarcarem do projeto de Lula no Brasil inteiro, especialmente na Bahia e aderirem a campanha dos nossos adversários, daqueles que não querem ver o presidente Lula de volta ao Palácio do Planalto, daqueles que não querem ver o sonho do presidente Lula de reconstruir o nosso país e reconstruir a democracia de trazer de novo um tempo de prosperidade para o povo brasileiro. Então é uma decisão política tomada pelo vice-governador João Leão, pelo deputado federal Cacá Leão e os demais deputados e dirigentes do PP, por isso eu só tenho que respeitar a decisão deles. Nós tivemos uma parceria aí de 14 anos juntos. Nós gostaríamos de vê-la reeditada, mas isso é página virada. Eles tomaram um outro caminho. A gente segue o nosso caminho em defesa do legado e da candidatura de Lula que aqui na Bahia tem Jerônimo como a sua única candidatura e eles tomaram outro caminho. Paciência, vida que segue.

 

Membros aliados de outros partidos chegaram a questionar a manutenção do PT na cabeça do chapa. Eles chegam a dizer que o PT monopolizou a candidato ao Governo, embora Otto tenha sido cogitado para ocupar a vaga. O que pensa disso?

Eu penso que o PT já deu aqui na Bahia grandes demonstrações de ser um partido submetido a lógica de grupos. Se você pegar as eleições municipais passadas e se você pegar as 50 maiores cidades da Bahia, o PT hoje só governa duas delas que é Santo Estevão e Lauro de Freitas e, na enorme maioria das cidades, nós não tivemos candidatura própria, nós apoiamos aliados, ou indicando o vice ou compondo chapa, a gente sempre deu uma demonstração de que não estando o PT na melhor condição de encabeçar a chapa, a gente sempre esteve disposto a compor. Agora nesse período de escolha da pré-candidatura à sucessão de Rui Costa nós dialogamos sim com todos os partidos sempre com essa postura. Quem tem disposição de ser apoiado tem que ter disposição de apoiar. O senador Otto Alencar nas reuniões do conselho político que reúne os presidentes dos partidos nunca sinalizou uma outra possibilidade que não fosse a da candidatura à reeleição ao senado. Penso que essa é uma decisão até acertada do senador Otto Alencar que, se é verdade que ele foi político também é verdade que o mandato dele não pertence só ao PSD, ao PT, ao PCdoB, ao PSB, aqueles que o apoiaram como senador não. Otto transcendeu essa condição, um senador que orgulha o povo baiano e orgulha o Senado do Brasil. Ele saiu em defesa dos trabalhadores contra a reforma da previdência que tirou direitos daqueles que querem se aposentar no país, contra a reforma trabalhista que retirou o direito dos trabalhadores e sobretudo em defesa da vida, com a atuação dele na CPI denunciando a desumanidade do governo federal, atuando em defesa da vacina. Ele cresceu e hoje é um senador que orgulha não só a Bahia como orgulha o Brasil inteiro. Então acho que é acertada a decisão dele de ir à reeleição e neste cenário, nós rapidamente em apresentamos o nome daquele que tem desenvoltura, capacidade política e técnica para liderar o nosso projeto testado pelo secretário de Educação, secretário de Desenvolvimento Rural alguém que goza da consciência do governador Rui Costa, do senador Jaques Wagner e é do candidato de Lula da Bahia que é o Jerônimo Rodrigues.

 

Muito se fala de uma não renovação dentro do PT. O processo de indicação de Jerônimo pareceu com o Denice em 2020 e tem sido bastante criticado, por ser um nome tirado da cartola. Concorda com isso?

Não. Eu tenho uma visão com relação às cobranças que o PT sofre. Nenhum partido foi tão cobrado como o PT ao longo dos últimos 40 anos no Brasil. Cobram do PT autocrítica sobre os nossos erros, cobram do PT é um processo de renovação que eu não enxergo, com todo respeito, nos demais partidos e demais forças políticas na Bahia e no Brasil. A minha própria chegada à presidência do PT é uma prova da nossa capacidade de renovação. A escolha do governador Rui Costa é lá em 2014 foi também uma prova do nosso compromisso com a renovação e agora ao escolher Jerônimo de novo a gente aposta na renovação. Eu não posso admitir que a renovação política na Bahia seja alguém de sobrenome Peixoto Magalhães. De alguém que carrega o Neto como marca. Isso não é uma renovação, esse é um novo que já nasce velho. Nós não temos padrinho, nós não carregamos sobrenome, nós temos projeto político e dentro desse projeto a gente vem sempre apostando em novos nomes a serem apresentados. É claro que fica aquela sensação do por ser novo, não é conhecido, então se diz que é um nome que não é conhecido e vai enfrentar dificuldade. A consequência é dessa nossa certeza de o processo de renovação é necessário. A gente tinha a opção de ir na zona de conforto, digamos assim, era um nome super conhecido, testado e aprovado como Jaques Wagner. Ele decide não ser candidato e nós decidimos então apostar em um nome que não foi testado nas urnas para governador. A gente parte com a taxa de desconhecimento alta, mas a medida que a sociedade for olhando para as eleições, o período eleitoral vai se aproximando porque hoje as pessoas estão preocupadas com renda, com emprego, com a dificuldade que está tudo caro no Brasil. Aqueles que apoiaram esse governo tem responsabilidade no preço dos combustíveis, o preço da alimentação. Não são só os pobres não, a classe média também tem que enfrentar a dificuldade de pagar escola das crianças e conseguir pagar o plano de saúde, enfim a vida piorou no Brasil inteiro e para todo o povo brasileiro e as pessoas que levaram o Brasil a essa situação vão ser cobradas a medida que a eleição vai chegando vai ficando claro para a sociedade e para os eleitores, que quem está do lado de oposição ao governo federal e de apoio ao presidente Lula e aqueles que formaram informalmente são contra o Lula e deram sustentação a este governo que está ai. Aí na medida que identificarem quem é o candidato do Lula e quem são aqueles que estão contra o Lula a gente vai ter a oportunidade de apresentar a biografia e a trajetória de Jerônimo com tranquilidade e a maturidade de saber que no momento certo com a chegada dos programas de TV com a chegada programas de rádio, a gente quer poder apresentar a candidatura de Jerônimo, a sua biografia, a sua trajetória e sobretudo o seu compromisso com o nosso grupo político com esse lado na política brasileira que é o lado do presidente Lula e de Rui Costa e Jaques Wagner.

 

Por onde anda a Juca Ferreira? Ele foi ele foi pré-candidato à prefeitura aqui de Salvador em 2020 e qual o papel dele hoje no partido?

Olha o Juca é um quadro relevante entre os nossos quadros. Alguém que tem uma capacidade de elaboração política enorme, sobretudo nessa área da cultura. Ele é uma referência para o Brasil e para o mundo, não só pela sua capacidade de elaboração, mas pelo papel que teve no Ministério da Cultura ao lado do ministro Gilberto Gil. É alguém que segue contribuindo com seus textos e segue contribuindo com sua participação nos fóruns internos do PT e que está à disposição do partido para digamos assim para essas tarefas de elaboração do nosso programa de governo e tal. Eu acho que o companheiro Juca Ferreira não colocou o nome à disposição das eleições em si de disputar as eleições por entender que talvez a gente viva um novo momento, mas de alguém que a gente encontra sim. Seja como alguém que orienta pessoas, como alguém que aponta rumo da gente a construir por exemplo a política nacional de cultura no país que vem sofrendo ataques sistemáticos desde a campanha de 2018 a artistas fazedores de cultura e toda a comunidade cultural do Brasil tem sido atacada por um governo que não entende o valor da diversidade cultura do povo brasileiro que faz da mentira, da fake news, da perseguição, expediente político. Eu tenho muito carinho por Juca e penso que ele segue com o mesmo compromisso aí de nos ajudar sempre que convocado.

 

A Justiça recentemente pediu a retirada de um de uma publicação das redes do PT que associava Neto ao Bolsonaro. Essa vai ser uma tônica da campanha?

A decisão judicial a gente respeita, assim que fomos notificados nós tiramos do ar aquele post, mas nós vamos recorrer por entender que juíza foi induzida ao erro. Ali não é uma propaganda eleitoral, ali não é sequer uma opinião política. Ali é uma constatação dos fatos. Há vídeos de ACM Neto declarando apoio a Bolsonaro. Há inúmeras matérias da imprensa dele dizendo que era contra o impeachment, que apoiava o governo nesse ou naquele assunto, inúmeras matérias de revistas e jornais sobre as indicações que o partido dele, o DEM hoje União Brasil fez para o governo federal, seja ministérios que eles indicaram, seja aqui na Bahia cargos regionais de Codevasf, Denocs e Funasa, que ele, Elmar, Paulo Azi indicaram. Aliás Paulo Azi que era o presidente do DEM aqui na Bahia foi o vice-líder do governo Bolsonaro. Então ali não é sequer opinião política, muito menos propaganda, é constatação dos fatos. De um lado estiveram aqueles que junto com o PT, com o PCdoB, com o PSB, com o PSD da Bahia, fez oposição ao governo federal, fez a denúncia da desumanidade, da incompetência do atual presidente e teve aqueles que por ação ou por omissão, apoiaram o presidente da República. Hoje talvez por perceber o desgaste que o presidente tem e a reprovação que ele tem especialmente na Bahia, alguns tentam disfarçar, tentam esconder, mas pouco a pouco o povo baiano saberá reconhecer quem foi oposição ao atual presidente e quem sempre apostou e defendeu o legado e a candidatura de Lula e aqueles que abertamente ou de maneira envergonhada estão no campo de Bolsonaro, estão no campo daqueles que são contra a volta do Lula ao poder, isso não é uma tática isso não é uma estratégia eleitoral isso é uma constatação da realidade. Em termos de tática e estratégia eleitoral nós faremos o que nós já fazemos na Bahia ao longo desses 42 anos de história do PT, mas sobretudo das nossas últimas cinco candidaturas. Nós vamos defender orgulhosamente o nosso projeto nacional, vamos defender todo tudo aquilo que a gente pode fazer pelo estado da Bahia, seja na saúde, seja na no desenvolvimento regional, e levar água potável para consumo humano ou pra produção, para os 27 territórios, seja na construção de estradas, de infraestrutura, de policlínicas e tudo que a gente conseguiu tirar a Bahia do século do atraso e trazer para a modernidade. Claro, sabemos que há muito ainda foi feito, mas que é um caminho positivo de um saldo muito positivo ao longo desses 16 anos. É só comparar o que era a Bahia antes do PT, que era a Bahia do descaso, do totalitarismo, e o que é a Bahia hoje, uma Bahia livre, democrática e que respira novos ares por investimento, sobretudo para aqueles que mais precisam. Em termos de tática eleitoral, lhe respondendo diretamente, a nossa tática é a verdade. Se eles vão apostar na mentira, ou na desfaçatez de esconder seus posicionamentos políticos, nós vamos falar abertamente de que lado nós estamos e os adversários que tentam se explicar sobre a responsabilidade que eles tem com o atual quadro. Infelizmente é crise, uma crise talvez inédita na história do nosso país.

 

O PT baiano em sua história elegeu pouquíssimas mulheres da para a Câmara dos Deputados. Esse ano o partido vai lançar algumas candidaturas femininas de peso. É uma prioridade do partido em 2022 eleger mulheres para a Câmara?

Nosso país infelizmente é marcado por algumas chagas que nos envergonham internacionalmente. O racismo estrutural fruto da escravidão é uma chaga que nos envergonha. A fome, a desigualdade social, a miséria, a outra e certamente é o machismo. O PT não é produto de fora da sociedade, o PT também é marcado por um machismo estrutural que nós combatemos e queremos superar numa luta cotidiana. É verdade sim, que a gente tem o déficit de eleição de companheiras na Câmara, temos três grandes deputadas estaduais e nós decidimos colocar isso como prioridade nessas eleições. Tanto na chapa do estadual quanto na chapa de federal nós teremos grandes companheiras concorrentes. Companheiras com gabarito, com capacidade, com competência de representar não só o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras como as mulheres e o povo baiano como todos. Nós temos a candidatura da companheira Ivoneide Caetano, Maria Marighella, Marta Rodrigues, Elisângela Araújo que hoje é suplente de federal, de major Denice... enfim são mulheres que o Partido dos Trabalhadores e das trabalhadoras está colocando à disposição da disputa e que nós, do diretório estadual vamos priorizar na disputa eleitoral. Envergonha não só a nós, mas acho que no conjunto do estado, entre os 39 federais a gente ter só Alice e Lídice como mulheres na Câmara. Nós esperamos que a Bahia dê um salto e que o PT fará parte disso, será liderança nesse processo de eleger mais mulheres e com fé em Deus e com a força da nossa militância.

 

O seu nome chegou a ser cogitado para disputar uma vaga na Câmara. Você declinou ou essa possibilidade nunca de existiu?

Eu não tinha dimensão do que era ser presidente do PT até sentar nesta cadeira. PT é um partido muito enraizado. Aqui na Bahia nós temos diretório ou comissões provisórias em mais de 350 cidades para uma militância com uma vitalidade impressionante. Estar presidente do PT me honra muito e de alguma maneira me surpreendeu a energia, a vitalidade, a força do PT. É claro que quem está sentado nessa cadeira tem seu nome lembrado e eu agradeço aqueles que sugeriram, ventilaram e especularam essa possibilidade, mas ela nunca existiu. Eu não tenho um fetiche de ocupar cargo público eletivo. Eu vim para essa tarefa para organizar o nosso partido, para essa disputa de 2020-2022 que são disputas centrais na história da democracia brasileira. O Brasil está numa encruzilhada: ou a gente toma o caminho do expediente da violência, como expediente político de um governo que aposta na mentira, de um governo desumano, de um governo que só trouxe retrocesso em todas as áreas e do outro lado retomar o caminho da prosperidade de reconstruir o nosso país através de valores da democracia, da tolerância, do respeito e do diálogo. Então é uma tarefa muito grande conduzir o nosso partido neste momento histórico. Eu me sinto muito feliz e honrado de estar com essa tarefa mais difícil. Eu confesso que nunca sequer pensei em ser candidato. Não sou candidato nem a síndico do meu prédio. Estou muito feliz na tarefa que eu estou cumprindo aqui.