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Entrevista

‘Nós precisamos unir forças em torno de um país melhor’, afirma presidente do TRE-BA - 08/10/2018

Por Cláudia Cardozo / Rebeca Menezes

‘Nós precisamos unir forças em torno de um país melhor’, afirma presidente do TRE-BA - 08/10/2018
Foto: Cláudia Cardozo / Bahia Notícias

A eleição de 2018 foi a primeira com o uso da biometria. Para além do resultado das urnas, o que mais se ouviu foram reclamações de filas e da demora nas votações. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), José Edvaldo Rocha Rotondano afirmou que o problema já era previsto e lembrou que foi pedido a população que observasse essa situação “por causa da segurança nas nossas eleições, da transparência e da impossibilidade de uma pessoa votar pela outra”.

 

Ainda na entrevista, o presidente do Regional Eleitoral, afirmou que “as transformações que nós desejamos estão nas nossas mãos”, a partir do exercício da cidadania pelo voto. Também avaliou que o “momento é exatamente de reconstrução e de reflexão” e manifestou que seu desejo, como cidadão, é de que o “o país possa se reeguer e que nós possamos nos unir mais”. “Nós precisamos unir forças em torno de um país melhor, de uma gente mais qualificada, de um povo mais bem tratado, de uma sociedade mais justa e humana, com projetos voltados para as comunidades. Porque nós somos os destinatários dos serviços prestados pelo Estado e um gestor deve observar muito profundamente os interesses da coletividade”, declarou Rotondano.

 

O desembargador ainda destacou que o voto foi disputado “um a um” e que é assim que tem que ser. “A Democracia se faz assim, demonstrando a sua vontade, escolhendo quem estará à frente do seu país, do seu estado, os legisladores. E espero que as pessoas continuem firmes nos seus pensamentos, na sua forma de pensar, mas procurem ser mais cuidadosas na hora de votar. Que votem em pessoas comprometidas com seu país, com seu estado. É isso que nós queremos”. 

 

Este foi o primeiro ano totalmente biometrizada aqui em Salvador. As pessoas reclamaram um pouco de demora nas filas e de problemas nas urnas. Como essas questões foram tratadas pelo TRE-BA ao longo do dia?
A questão das filas já era esperada. Nós fizemos cálculo de quanto tempo demoraria a votação, em média, com cada eleitor (cerca de dois minutos) e eram seções eleitorais com no máximo 550 eleitores. Isso já era previsto, inclusive, por causa do processo biométrico. Nós pedimos para as pessoas que observassem essa situação, por causa da segurança nas nossas eleições, da transparência e da impossibilidade de uma pessoa votar pela outra. Ademais, o que mais acentuou essa demora na fila é o fato de ter seis cargos disputados neste ano, e isso demoraria mais um pouco a votação. Isso tudo foi previsto, foi esclarecido para a população. Os problemas de urnas trocadas são normais. Em Salvador foram 36, no estado foram poucas ocorrências. E, na medida do possível, nós atendemos imediatamente.

 

Como você avalia a eleição. Nós temos uma polarização, um embate entre eleitores que votam em partidos diferentes. Houve preocupação com essa tensão em um momento de paixão eleitoral?
Nós já vínhamos pedindo ao eleitorado que considerasse esse um dia de festa, de se festejar a democracia, e eu acho que as pessoas compreenderam e capturaram essa situação. Graças a Deus não teve nenhum tipo de ocorrência grave. Eu acho que as pessoas, embora tivessem ânimos exacerbados em algumas situações, hoje, no dia do pleito, observaram que nós gostaríamos de tranquilidade, de paz. Que era necessário respeitar os pontos de vista de cada um. Acho que isso foi bem passado para a população, que absorveu isso. Nossa única preocupação foi com as filas, mas não foi culpa nossa, porque o sistema de captação não é nosso. Hoje, por exemplo, aqui no TRE nós não temos internet, por questão de segurança, para que não haja nenhum tipo de dúvida sobre a segurança das eleições. O sistema é próprio do TSE, não temos nenhuma interferência nisso.

 

Teve muita gente arrependida porque teve o título cancelado por não fazer a biometria. A Bahia foi o estado com maior número de títulos cancelados. O que dizer para essas pessoas?
Que elas perderam a oportunidade de estar festejando hoje a democracia. Um período que nós demoramos tanto de conquistar, que foi esse processo de ter uma votação segura, eletrônica, com a certeza de que seu voto vai estar na urna... É uma pena. Deixaram de votar. Mas terão oportunidade, a partir do dia 5 de novembro, de fazer a biometria. As pessoas colocaram a Bahia como o estado com o maior número de títulos cancelados. Foi. Agora é preciso saber que quase 40% desses eleitores foram pessoas que não estavam mais obrigadas a votar. Pessoas com idade acima de 70 anos, cujo voto é facultativo, e também entre 16 e 18 anos, que o voto também é facultativo.

 

Então não houve um impacto tão grande no resultado da eleição?
Não acredito, porque essas pessoas poderiam ou não votar. Então acho que não tem nenhum efeito preponderante sobre o resultado do pleito.

 

Nós tivemos uma eleição acirrada para a presidência, em que cada voto faz diferença. As pessoas precisam ainda ter mais consciência do poder do voto?
É fundamental. As transformações que nós desejamos estão nas nossas mãos, principalmente neste dia de eleição, em que você pesquisou o currículo do seu candidato, o plano de ação dele, e isso é de extrema importância. O voto foi disputado um a um, e tem que ser realmente. Porque democracia se faz assim, demonstrando a sua vontade, escolhendo quem estará à frente do seu país, do seu estado, os legisladores. E espero que as pessoas continuem firmes nos seus pensamentos, na sua forma de pensar, mas procurem ser mais cuidadosas na hora de votar. Que votem em pessoas comprometidas com seu país, com seu estado. É isso que nós queremos. 


Essa eleição foi emblemática por ocorrer dois dias após os 30 anos da Constituição...
Exato, e isso nos traz uma reflexão profunda, porque o sistema eleitoral também é previsto na Constituição. E aproveitando a comemoração dos 30 anos, esse foi mais uma concretização desse plano democrático.

 

Nós tivemos o impeachment de Dilma Rousseff, e um cenário político muito tensionado e fragmentado. Há possibilidade de reconstrução do país após essas eleições?
O momento é exatamente de reconstrução e de reflexão, com o desejo meu, como cidadão, de que o país possa se reeguer e que nós possamos nos unir mais. Nós precisamos unir forças em torno de um país melhor, de uma gente mais qualificada, de um povo mais bem tratado, de uma sociedade mais justa e humana, com projetos voltados para as comunidades. Porque nós somos os destinatários dos serviços prestados pelo Estado e um gestor deve observar muito profundamente os interesses da coletividade.

 

Quais instrumentos a gente ainda precisa fortalecer nesse processo democrático?
São tantos. Precisamos demonstrar que a Justiça Eleitoral é a garantidora da democracia. Os TREs sempre estão na vanguarda e procurando demonstrar que a Justiça Eleitoral veio para concretizar isso. É uma Justiça moderna, atuante, e nenhuma eleição é igual à outra.

 

Nós tivemos esse ano denúncias feitas por meio de um aplicativo. Como foi esse processo de recebimento dessas denúncias?
As denúncias foram todas apuradas. O Pardal é um instrumento forte criado para isso e, se não chegou a 100%, ao menos 98% das denúncias que chegaram foram totalmente resolvidas. E nós tivemos tantos outros instrumentos, como o e-título. Cada vez mais, vamos afastar as possibilidades de fraude.

 

Você acredita que o fato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentar disputar a eleição deste ano tumultuou um pouco o processo?
O Sol nasceu para todos, então é um direito de todos tentar disputar. Entretanto, temos mecanismos e o processo legal é que vai dizer quem pode ser candidato ou não. No meu ponto de vista, acredito que não altera tanto a situação.