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Marca Bahia Notícias

Notícia

Vaqueiro sonha ser costureiro em filme exibido nesta terça

Por Cláudio Marques, cineasta e coordenador do Panorama Coisa de Cinema

Vaqueiro sonha ser costureiro em filme exibido nesta terça
Foto: Divulgação
Os filmes de Gabriel Mascaro possuem um pé na realidade, mas o diretor jamais se contentou ou se limitou a ela. Em seus filmes, há sempre uma fabulação que nos leva a um mundo próprio marcado por estranhezas e situações peculiares. A vida real é a matéria-prima para um diretor cada vez mais sofisticado.

Boi Neoné o primeiro filme claramente ficcional de Mascaro. Estamos em uma região “confiscada” pelo realismo social brasileiro, mas que ganha um novo tratamento sob o olhar do realizador e equipe. Boi Neon se passa em meio às grandes vaquejadas do sertão nordestino. Um “esporte” por si só muito estranho, ao menos para quem não é de lá. A graça dessa atividade consiste em derrubar o boi pelo rabo em um espaço preciso da pista. As festas são grandes, reúnem muita gente. Mas, o que importa mesmo no filme está ao redor, nos bastidores do evento.

O filme apresenta um leque de personagens que vão nos ajudar a quebrar clichês ao conferir complexidade aos sertanejos. Iremar (Juliano Cazarré) é o responsável pelo trato dos bois que correm a vaquejada. Um trabalho duro, em meio à lama e fezes dos animais. Mas, tudo é feito sem aporrinhação. Ele executa seu trabalho e pronto! De toda forma, é um homem de desejos. Um deles, é o de ser costureiro e trabalhar na indústria de confecções recentemente implantada no agreste. Boa parte da produção desse pólo é voltada à moda de praia.

Temos também a personagem da Galega (Maeve Jinkings), não por acaso o único personagem a demonstrar insatisfação cotidiana. Para as mulheres, as coisas continuam mais complicadas. Temos ainda alguns outros personagens que irão compor uma variedade muito interessante de tipos, que nos permitem compreender aquele universo peculiar com muita precisão.

Há uma história no filme, mas que não é linear. Não se trata de um roteiro tradicional e não existe, aqui, um arco dramático para os personagens. Nem mesmo a transformação. Isso não impede que tenhamos a forte sensação de entendimento dessas pessoas e mesmo sobre a região. Os belos planos, dilatados e precisos, possibilitam ver, ouvir, sentir e apreender a vida que surge na tela. Trata-se de um filme de rara elaboração e beleza.

 

Serviço:
Competitiva Nacional VIII
Quando: 03 de novembro, às 19h30
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
Em Paz, de Clara Linhart (RJ)
Muros, de Fabrício Ramos e Camele Queiroz(BA)
Boi Neon, de Gabriel Mascaro (PE)
Conversa com os diretores após a sessão