Natal na AL-BA: Oposição ganha direito de indicar destino de tratores e ambulâncias do governo
Por Sandro Freitas
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
Entre os muitos apelidos que o governador Jaques Wagner (PT) já ganhou na Assembleia Legislativa, os que foram dados ao petista pelos parlamentares na sessão desta quinta-feira (26) entraram para o rol dos mais “carinhosos”. Entre uma conversa e outra no cafezinho da Casa, o chefe do Executivo baiano chegou a ser classificado como “bom velhinho” ou “Papai Noel”. As alcunhas surgiram após o Estado autorizar o líder da bancada governista, Zé Neto (PT), a dar dois mimos para os parlamentares. O primeiro foi o aval para a emenda impositiva de R$ 1 milhão por legislador, que a oposição rejeitou. Logo depois, foi anunciada mais uma novidade na AL-BA para 2014. A partir do ano que vem, até os parlamentares de oposição poderão indicar o destino de ambulâncias e tratores para cidades baianas, veículos que serão comprados com o dinheiro do Executivo. A prática já é comum na bancada da maioria, quando os políticos se gabam de ter “conquistado” o benefício para seu reduto eleitoral. “É uma inovação. Os deputados [de oposição] não tinham como fazer a indicação de benefícios. Hoje eles podem alterar projetos do governo, ser relator em comissão e tem projetos aprovados. Agora a oposição poderá indicar equipamentos para as cidades. Isso prova a coerência do governo do Estado”, afirmou Zé Neto, ao Bahia Notícias. O petista, que não precisou o número de veículos para cada colega, comparou a medida a práticas do governo federal e do prefeito ACM Neto (DEM). O democrata destinou uma cota de asfalto para os vereadores levarem obras de pavimentação para os bairros da capital baiana. No âmbito estadual, a estratégia depende de aval da Secretaria de Relações Institucionais, que cuida do meio-campo entre deputados e governo. No entanto, Carlos Geilson (PTN) parece não acreditar que o Natal vai durar muito na AL-BA. Segundo o oposicionista, as conversas com o titular da Serin, Cezar Lisboa, costumam ser precedidas de “chá de cadeira” e, não raramente, terminar com “esporro”. “Tem deputado que quando vai falar com Cezar Lisboa toma Lexotan, porque o secretário joga duro”, ironizou o parlamentar. Pelo sim pelo não, parte da bancada de oposição sorria após ver uma pasta da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional da Bahia (CAR), órgão do Estado, com fotos do modelo do trator que será comprado para atender às indicações.