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Em Salvador, Feliciano diz que indiferença é o melhor caminho para exaltação

Por Natália Falcón

Em Salvador, Feliciano diz que indiferença é o melhor caminho para exaltação
Fotos: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias
Um dia depois de restringir a entrada do público nas reuniões da Comissão de Direitos Humanos, o tão falado deputado federal Marco Feliciano (PSC) esteve pela segunda vez em Salvador, desde que assumiu a pasta. O pastor veio, nesta quinta-feira (4), participar do 20º Congresso do Poder do Impacto do Espírito Santo, que contou com um público de evangélicos, jornalistas e manifestantes, todos no mesmo espaço. A primeira passagem foi no sábado, quando pelo mesmo congresso discursou no Hotel Fiesta. O evento, realizado Igreja Batista Avivamento Profético, na Ribeira, estava marcado para as 19h, mas até as 19h30 o movimento era pequeno e o clima não prometia mais que um simples culto. A chegada dos primeiros pastores e fiéis foi acompanhada pelas viaturas de polícia, que se instalaram na porta do templo mesmo sem sinais de manifestação. Entre os adeptos da religião evangélica a ansiedade de acompanhar a pregação de Feliciano vinha acompanhada de uma defesa sem tamanho. “Passo o dia todo compartilhando no Facebook e distribuindo panfletos que devemos apoiar o deputado Marco Feliciano, ele está ali na luta pela família, pela Bíblia”, conta o vendedor Marcos Teixeira, de 38 anos.
 
 
Antes da chegada do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, um grupo de percussão e diversos cantores e cantoras já faziam esforços para abafar o som dos protestos externos, que, a essa altura, já dividiam a atenção dos crentes, que por sua vez gritavam pela salvação e misericórdia dos opositores. O primeiro espetáculo da noite ficou por conta do deputado estadual Sargento Isidório (PSB), também frequentador da igreja em questão. O parlamentar começou com o pedido para os religiosos ignorarem aqueles chamados por ele de “Zé povinho” e “rapazes alegres”, e respondeu às ameaças de que Feliciano não conseguiria entrar no templo com um oferecimento da própria vida para escoltar o colega. No discurso, Isidório autorizou a entrada dos jornalistas, a contragosto dos pastores que também estavam no palco e dos evangélicos que repudiaram o "sensacionalismo" que, segundo eles, isso iria causar.
 

 
Marco Feliciano brotou no palco em meio à fala de um dos pastores, por volta das 21h, quando os envelopes para depositar dinheiro já haviam sido distribuídos e recolhidos e, depois de uma breve oração de joelhos, foi o alvo dos flashes, jornalísticos e evangélicos, dos presentes. Antes da pregação, de fato, o congressista com status de celebridade cumprimentou a imprensa, solicitou o desligamento dos equipamentos com luz e pediu silêncio de todos. Constantemente acompanhado de uma trilha sonora que se moldava ao tom do discurso, o sacerdote falou por cerca de uma hora, sempre evocando noções de redenção e salvação. Feliciano mencionou desentendimentos com repórteres, como as entrevistas feitas com a mãe, e contou o que responde para quem questiona se ele vai resistir em meio aos protestos. “Pense em um homem que não sabe bater, mas eu aguento apanhar. Nunca fui bom em bater em ninguém, mas sempre aguentei o peso, já sofri muito preconceito”, gritou. Para o pastor, as pessoas devem agir de maneira indiferente às críticas. “Deixem falar o que quiser, deixem rir de você, deixem especularem. Vai chegar o tempo, e não vai demorar muito, em que você será exaltado”, bradou o deputado, que em seguida insinuou um choro. 
 

O culto terminou com um “abraçaço”, não a la Caetano, mas à moda evangélica. A confraternização serviu de distração para a corrida de Feliciano do palco para o carro, assim como na chegada, sem atender à imprensa. Como se fosse um bandido, ele fugiu, com o paletó encobrindo o rosto e protegido por seguranças e Isidório.