Educadora condena material da Alfa e Beto: ‘Racista, machista e sexista’
Por David Mendes
Foto: Reprodução
A diretora educacional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Jacilene Nascimento, responsável pelo acompanhamento das questões pedagógicas e étnico-raciais de todos os materiais distribuídos na Rede Pública de Ensino, também condenou o conteúdo didático produzido pelo Instituto Alfa e Beto, empresa contratada por R$ 12,3 milhões, com dispensa de licitação, para fornecer conteúdo pedagógico a 90 mil alunos do 1° ao 5° ano da alfabetização nas escolas administradas pela prefeitura de Salvador. De acordo com a educadora, que se reuniu nesta quarta-feira (20) com a subsecretária municipal de Educação, Teresa Cozetti Pontual, e o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista de Araújo Oliveira, os problemas detectados nos materiais didáticos já eram conhecidos. Eles tinham sido levados ao conhecimento da própria Teresa Pontual, nomeada recentemente, após atuar na mesma função na prefeitura do Rio de Janeiro e no governo fluminense. “A resposta que a subsecretária me deu foi que ela não via problema nenhum no material, porque os textos eram literários”, afirmou Jacilene, em entrevista ao Bahia Notícias.
Prefeito ACM Neto, secretário Bacelar e subsecretária Teresa Pontual
Ainda segundo Jacilene Nascimento, a Smed negou a solicitação feita pela APLB para avaliar o conteúdo didático. “Até para adquirir o material eu tive que sair de porta em porta pedindo a professores o empréstimo. Eu solicitei da Secretaria de Educação esse material antes do início do ano letivo, durante a Semana Pedagógica, mas ele não foi entregue”, revelou. Para a educadora, o prefeito ACM Neto (DEM) deve "rever toda a questão pedagógica e a forma como se vem trabalhando". “A Secretaria traz um material de fora, de um grupo que não conhece esse trabalho que o nosso professor já realiza, inclusive que consegue, em uma situação de rede pública precária, resignificar a autoestima do aluno. O dinheiro gasto deveria ser investido nos nossos educadores, que fazem materiais muito bons e que têm tido experiências exitosas dentro da Rede Municipal. Essa é a grande queixa do professor: é não reconhecer todo o seu trabalho”, queixou-se.