Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Secretário defende Alfa e Beto e ataca professores: 'Sexta a rede não tem aula, provo e comprovo'

Por Evilásio Júnior

Secretário defende Alfa e Beto e ataca professores: 'Sexta a rede não tem aula, provo e comprovo'
Foto: Tiago Melo/ Bahia Notícias
O secretário municipal de Educação, João Carlos Bacelar, negou, nesta quinta-feira (21), que o texto considerado racista do programa Alfa e Beto – As Bonecas de Fernanda – será retirado do material didático implantado pela prefeitura de Salvador. Em entrevista ao Acorda pra Vida, da Rede Tudo FM 102,5, ele desautorizou o comunicado do líder do DEM – partido do prefeito ACM Neto – na Câmara Municipal, de que foi determinada a remoção da poesia e todo o conteúdo seria submetido à apreciação da associação dos professores, a APLB-Sindicato, que contesta o uso da obra nas escolas soteropolitanas. "Ninguém mudou nem retirou material nenhum. E não tem conteúdo racista no material que foi examinado. [...] Léo Prates é vereador. Léo Prates não é secretário de Educação", disparou. Apesar disso, ele pontua que, se necessário, não haverá prejuízos ao conteúdo caso haja a necessidade de extração de trechos dos livros. "Se em 60 mil páginas de material nós retirarmos, três, quatro textos não é problema nenhum", argumentou. Para Bacelar, apesar da queixa de educadores ao teor do programa, contratado pelo Município por R$ 12,3 milhões com dispensa de licitação, o Alfa e Beto é um "sucesso no Brasil". "O Ceará avançou nos índices nacionais graças a esse programa e onde a educação tem funcionado, funciona em cima de sistemas estruturados", avaliou.

Sobre a inexistência de discriminação racial, Bacelar citou dois exemplos para comprovar a sua tese. "Tem um texto de Monteiro Lobato que fala do Saci Pererê, um texto escrito no início do século 20, e diz que o Saci Pererê é um moleque negro. Sabe o que hoje uma pessoa da APLB me disse? Que tinha que estar no texto que era um menino portador de necessidade especial. Ora, tenha paciência. Aí vamos ter que fazer uma sessão espírita para trazer Monteiro Lobato de volta para modificar", opinou e seguiu. "Estão questionando uma foto no livro de ciências mostrando a Teoria da Evolução de Darwin. E está lá um macaco e um homem, um homem branco. 'Ah não, esse texto é racista porque vem do macaco'. Então, vamos derrubar a Teoria da Evolução", sugeriu. Em relação à paralisação de 48 horas dos professores da rede municipal de ensino, em que um dos motivos seria a discordância com a metodologia pedagógica do Alfa e Beto, o secretário questionou a atuação dos professores, embora diga que está "aberto ao diálogo com a APLB". "À discussão estamos abertos o todo tempo. Não fomos nós que paralisamos as atividades de uma hora para outra. [...] Você sabe que dia de sexta-feira não tem aula na rede municipal? Dia de sexta-feira a rede municipal não tem aula, provo e comprovo. É só perguntar a um pai de aluno. Você sabe que o professor entra em sala de aula, que é para entrar 7h30, às 8h e sai 11h? Enquanto o aluno da rede particular entra 7h e sai 12h, o da rede municipal entra 8h e sai 11h. É isso que nós estamos tentando mudar e que vamos mudar. A carga é de 7h30 às 11h30, mas a realidade é que na rede funciona de 8h às 11h. Vocês sabiam que tinham mais de 1,6 mil professores fora de sala de aula? Nós estamos retornando esse professores à sala de aula", avisou.

O secretário de Educação da prefeitura disse ainda desconhecer o artigo assinado por Walter Takemoto na revista Caros Amigos, que não só questiona o programa como diz que ele foi imposto politicamente em 2003 pelo falecido senador Antônio Carlos Magalhães. "Na ocasião, a equipe [técnica da Secretaria Estadual de Educação da Bahia] teve como resposta do Sr. João Batista (dono do Alfa e Beto) a afirmação 'não discuto com pedagogos, que são os responsáveis pelos problemas da educação'. Em seguida, esse senhor 'educadamente' se levantou e jogou no lixo o parecer técnico", diz parte da matéria (clique aqui e veja a íntegra).