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Associação denuncia que doentes pulmonares morrem 'por falta de remédio e consulta'; Sesab: solução em setembro

Por Bárbara Souza

Associação denuncia que doentes pulmonares morrem 'por falta de remédio e consulta'; Sesab: solução em setembro
Pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro aponta que 480 mil sofrem com doença
“As pessoas estão morrendo por falta de remédio e atendimento”. A afirmação é do presidente da Associação Bahiana dos Portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Jorge Alves. Segundo o pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro, especializado no tratamento da patologia, na Bahia, 480 mil pessoas sofrem da doença, que é progressiva, irreversível e engloba enfermidades como enfisema pulmonar e bronquite crônica. De acordo com o médico, a DPOC “é a quarta causa de morte no Brasil” e se manifesta com mais frequência em fumantes e ex-fumantes acima dos 40 anos. “Na Bahia, são poucos os locais para atendimento e realização de exames para este tipo de doença”, afirma Jorge Alves, que procurou o Bahia Notícias para fazer a denúncia. “Tanto o SUS quanto a prefeitura limitam muito o número de atendimentos”, diz o pneumologista, que atende voluntariamente aos pacientes que não conseguem consulta nos dois únicos hospitais que oferecem tratamento especializado na capital baiana: o Octávio Mangabeira, no bairro do Pau Miúdo, e Universitário Professor Edgar Santos (Hupes), no Canela, gerido pela Universidade Federal da Bahia. De acordo com Guilhardo Ribeiro, muitos pacientes tentam “há meses” marcar uma consulta. “Desde 2010, estamos ouvindo do governo que não há recursos para os remédios e as pessoas não conseguem marcar uma consulta”, reforça Jorge Alves. Ele conta que a espera média por um atendimento no Hospital Otávio Mangabeira é de seis meses e os portadores de doenças pulmonares crônicas que procuram o Hupes para marcar uma consulta ouvem, desde o ano passado, a mesma sugestão: voltar no próximo mês.
 
A assessoria do Hupes informou ao Bahia Notícias que “todos os medicamentos” estão disponíveis para os pacientes, mas admitiu que “às vezes” falta algum remédio porque “quem compra é o [governo do] Estado”. Em relação às consultas, a assessoria garantiu que não houve interrupção no atendimento aos pacientes que são comprovadamente portadores de DPOC e são feitas “em média, 250 consultas por mês”. Mas admitiu que, “há mais ou menos três meses, o que não está acontecendo é a triagem” para pessoas que procuram o centro de saúde sem diagnóstico. Motivo: a médica responsável pela triagem está “de licença". Ainda não há previsão de normalização do serviço. “Estamos mais uma vez e ainda sem os medicamentos. Os pacientes são orientados a ficar ligando para a farmácia dos centros de distribuição para saberem se o medicamento chegou. Porém, nunca chega”, relatou Jorge Alves ao BN. O médico Guilhardo Ribeiro explica que, no período de chuvas, os pacientes sofrem mais com problemas respiratórios e o uso de medicamentos é “ainda mais importante” porque as drogas “dilatam os brônquios para que eles respirem melhor”. Procurada pelo BN, a assessoria da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), responsável pela gestão do hospital, explicou que “neste momento” o Octávio Mangabeira atende “aos pacientes que já vinham tendo acompanhamento do hospital” e novas consultas “não estão sendo marcadas”. Quanto à distribuição de medicação, a assessoria da Sesab informou que aguardava informações da direção do hospital para fornecê-las ao BN, o que não aconteceu em 48 horas. Segundo o pneumologista Guilhardo Ribeiro, o tratamento envolve uma “associação de remédios, em geral, três medicações”. Entre as substâncias para o tratamento “básico”, diz o especialista, estão “formoterol, salmeterol, budesonida, forasec e brometo de tiotrópio”.
 
Em nota técnica enviada ao Bahia Notícias, nesta quinta-feira (23), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia esclareceu que “em virtude da paralisação por tempo indeterminado dos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estamos com problemas no fornecimento de alguns medicamentos. O medicamento Brometo de Tiotrópio já se encontra em nossa Central Farmacêutica em processo de liberação e estará disponível nas unidades de saúde na próxima semana. Os medicamentos Salmeterol + Fluticasona e Formoterol + Budesonida ainda não estão disponíveis em nossa Central Farmacêutica, mas temos a previsão de regularização para o mês de setembro/2012”.  O texto é assinado pela Diretoria de Assistência Farmacêutica da Sesab. A reportagem do BN entrou em contato com a assessoria da Secretaria Municipal da Saúde, mas até o fechamento da matéria não recebeu as informações solicitadas.