Andaraí: Prefeito decreta estado de calamidade por causa da seca

“O negócio lá é de chorar. Não chove há um ano. As plantações, na zona rural, não germinaram. A situação do gado é ainda pior: pequenos criadores perderam 60% do rebanho. Não tem uma aguada (reservatório) que tenha água, todas secaram”. Com o desabafo, o prefeito Wilson Cardoso (PSB) transmitiu ao Bahia Notícias a situação em que se encontra a cidade de Andaraí, a 414 km de Salvador, na Chapada Diamantina. Nesta quarta-feira (7), foi decretado estado de calamidade pública no município por causa da seca que atinge a região, que, de acordo com o gestor, é a maior dos últimos 40 anos. “Não tivemos saída a não ser decretar o estado de calamidade em função da fome e da falta de recurso municipal", explica. Segundo ele, mais de R$ 300 mil foram gastos na contratação de carros-pipa; na pequena ampliação do sistema hidráulico; em reforço na merenda escolar e na distribuição de mais de 500 cestas básicas por mês em ajuda à população. “Aumentamos o número de cestas para 700, mas seriam necessárias mil para amenizar a situação”, garante.

Andaraí tem 14 mil habitantes. A maioria deles sobrevive da agricultura de subsistência e 65% dos que moram na zona rural não têm acesso a água potável. No povoado de Nova Vista, por exemplo, o uso de água salobra tem provocado cálculo renal e hipertensão. Em outras comunidades, neste período de seca, o consumo de água contaminada com fezes de animais tem provocado diarreia. Wilson Cardoso reclama da falta de utilização do Rio Paraguaçu, o principal que banha o município, e lamenta: “Se nesse período houvesse investimento em redes de abastecimento, talvez a gente não tivesse nesta situação”.

Nesta quarta, o presidente da Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb) autorizou a conclusão da instalação de poços que já havia sido iniciada, através do projeto Água Para Todos, do governo estadual, mas estava parada. Ainda nesta quarta, um relatório sobre a situação do município foi entregue à Coordenadoria de Defesa Civil do Estado (Cordec) que deve encaminhá-lo à Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sindec). Esta semana, segundo Cardoso, a senadora Lídice da Mata (PSB) deve transmitir o problema ao Ministério da Integração Nacional. “Minha esperança é de que haja uma força tarefa entre Município, Estado e União com relações a ações imediatas e também preventivas. É preciso acabar com essa indústria da seca”, desabafou o prefeito.