Gonçalves Dias afirma na CPI do MST que não recebeu relatórios sobre invasões de terras
Por Edu Mota, de Brasília
Em uma sessão tumultuada, repleta de discussões entre deputados do governo e da oposição, e que contou até com parlamentares comendo pedaços de melancia como provocação, o general Gonçalves Dias, na CPI do MST, disse não ter conhecimento sobre planos de invasão de terras pelo Movimento dos Sem Terra. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, em resposta a questionamentos, afirmou não ter recebido relatórios da Abin a respeito das invasões.
Questionado pelo relator da CPI, deputado Ricardo Salles (PL-SP), se terá avisado ao presidente Lula sobre planos de invasões de terra, o ex-ministro Gonçalves Dias negou ter recebido informações sobre o tema. “Não tratei desse assunto porque não tinha conhecimento. Se eu tivesse informações, tinha levado ao presidente, é uma resposta lógica”, afirmou G.Dias.
O ex-ministro destacou que o seu órgão estava passando por reformulação devido à mudança de governo, e concordou que os órgãos de inteligência deviam ter elaborado relatórios sobre a situação no campo. Gonçalves Dias também disse ter ficado sabendo de algumas invasões do MST, como a de Suzano, na Bahia, em fevereiro, “pela imprensa”.
O general Gonçalves Dias exerceu o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional de 1º de janeiro a 19 de abril, quando deixou o cargo após surgirem imagens dele dentro do Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, sem dar voz de prisão aos invasores do prédio.
Apesar de ter sido beneficiado com decisão do ministro André Mendonça, do STF, que o autorizou parcialmente a ficar em silêncio para não se incriminar na CPI do MST, o ex-ministro do GSI buscou responder à maioria das perguntas formuladas pelo relator e membros da comissão.
No início da oitiva, o general Gonçalves Dias se recusou a responder perguntas feitas pelo deputado Ricardo Salles sobre o golpe militar de 1964. A pergunta gerou intenso bate-boca entre deputados governistas e oposicionistas. Apesar da negativa do general, o relator insistiu com a pergunta.
“Me soa o estranho o senhor não dizer sua posição sobre o 31 de março de 1964. Isso soa como traição aos seus colegas de farda”, disse Salles.
“Essa pergunta não é objeto da investigação desta CPI”, respondeu o ex-ministro do GSI. “O Exército brasileiro pauta a sua conduta em cima da hierarquia, da disciplina e da cadeia de comando, amalgamada em valores éticos e morais, pensando em um país maior e que tenha espaço para todos”, completou G. Dias.