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Com apoio da esfera pública, grafite pode atrair jovens para arte, dizem grafiteiros

Por Lucas Arraz

Com apoio da esfera pública, grafite pode atrair jovens para arte, dizem grafiteiros
Coletivo Musas trabalhando em obras da Linha Azul | Foto: Divulgação

O grafite é uma intervenção artística que pode ressignificar a relação do humano com o espaço. Pelo menos é o que defende Samuel Santos, que há 16 anos pratica e ensina outras pessoas a desenharem pela cidade. “O grafite tem o poder de trazer uma série de reflexões e fazer com que as pessoas entendam que elas precisam interagir com o ambiente urbano. As paredes com arte falam e precisam ser ouvidas”, defende. Com essa proposta de interação, Salvador ganha, no próximo sábado (3), um novo painel de grafite para quem trafega pela cidade no sentido da orla para o Subúrbio Ferroviário. Com o tema “Tropicalismo”, os quatro novos túneis que ligam a avenida Pinto de Aguiar a Gal Costa, obras da Linha Azul (saiba mais aqui), serão ilustrados por artistas integrantes do Coletivo Musas, que já começaram a dar os toques finais na arte da obra que será entregue neste final de semana. “A ideia é, justamente, marcar com o grafite as principais obras do governo do estado na cidade de Salvador, mostrando para a população a importância dessa arte”, destaca o coordenador do Conselho Nacional de Juventude Conjuve (Cojuve), Jabes Soares. Além de causar reflexão, o grafite também tem o poder de abrir os olhos dos mais atentos para a arte, defende Samuel Santos. “O grafite tem uma ligação com educação por ser um tipo de arte que atrai muito fácil o jovem”, diz. Em um outro momento do projeto que vai levar os desenhos aos túneis, oficinas da arte serão ministradas nas escolas estaduais, a fim de que os jovens se aproximem do grafite e pensem na arte como uma possibilidade de renda. “Grafite é uma forma de arte democrática que atinge todas as classes sociais e até pessoas em situação de rua”, ressoa Samuel.


Foto: Divulgação

Apesar de defender a iniciativa do governo do estado em investir no grafite na cidade, Santos reitera a importância do estímulo para além das “obras institucionalizadas”. “A produção do grafite exige uma cena que acontece de maneira alternativa e independente. O artista com seu material, pintando uma parede que não necessariamente ele tem liberação para pintar”, comenta. “O grafite parte do entendimento de que o cidadão pode usufruir da sua cidade de diferentes formas”, completa. Apesar da ponderação, o professor concorda com o investimento estatal à arte. “É importante que os grafiteiros sejam remunerados”, pondera Samuel. Na parede dos túneis, a ação do Projeto Mais Grafite foi coordenado pela Secretaria de Justiça Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). Tintas especiais, capazes de resistir ao sol e à chuva, foram aplicadas na textura para garantir vida longa as cores quentes que representarão elementos que remontam ao movimento Tropicalista. “O grande desafio dessa arte foi, justamente, a tinta. A gente está usando uma técnica mista, lançando mão de sprays à base de látex, tinta de piso e até cola. Dessa forma, garantimos uma durabilidade maior, mesmo com a exposição ao tempo e a reação química com o cimento, que, naturalmente, causaria um desgaste maior das cores”, explica Questão, um dos artistas envolvidos no processo. O projeto surgiu com a proposta de dar vida a equipamentos urbanos do governo e os trabalhos começaram na última quinta-feira (22). Participaram da montagem os grafiteiros do Coletivo Musas e convidados como Júlio Costa, Questão Almada, Prisco Marcos e Bigode.  A arte irá homenagear o movimento liderado na área da música por nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa - que batiza a avenida - e Tom Zé.