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A barbárie mora ao lado – e mata ao lado

Por Fernando Duarte

A barbárie mora ao lado – e mata ao lado
Kaíque Abreu, uma vida interrompida | Foto: Reprodução / Facebook

“Vim gingando e meti nele”. A absurda afirmação foi a justificativa dada por Edson Rodrigues dos Santos para agredir mortalmente o estudante Kaíque Moreira Abreu. A vida de Kaíque foi brutalmente interrompida e a de Edson, merecidamente, deve estar fadada a ser mais uma estatística no sistema carcerário brasileiro. Kaíque voltava do Carnaval para casa quando foi abordado por Edson. Sem qualquer razão aparente, o estudante foi alvo de um golpe na cabeça, que provocou um dano cerebral irreversível. Edson só foi localizado após a divulgação massiva do caso pela imprensa, apesar das investigações sobre o caso acontecerem há mais tempo. Desde que Kaíque deu entrada na unidade hospitalar, já era sabido que se tratava de um caso de agressão nas proximidades do circuito de Carnaval. Porém, para as estatísticas positivas da festa, não era interessante que o caso fosse incluído como relacionado à Folia de Momo. Enquanto ainda existia esperança, a família buscou um milagre. À redação do Bahia Notícias, foram feitos apelos para que a morte cerebral do jovem não fosse publicada. Médicos que atenderam o jovem e, informalmente, autoridades públicas chegaram a confirmar a ausência de sinais no cérebro de Kaíque, cuja identidade não foi revelada integralmente em respeito à dor dos familiares. Não que a omissão do nome completo tenha feito diferença. É apenas uma deferência ao luto, que até então não era aceito. A simples notícia de que um jovem de 22 anos teve o fim da vida causado por uma agressão no Carnaval já era em si perturbadora. Ela já assombrava aqueles repórteres que tentaram, de alguma forma, buscar informações sobre o caso. A situação só piorou quando veio à tona o vídeo da agressão e o depoimento de Edson. É assustador ouvir falar que alguém morreu sem qualquer justificativa. Mais assustador é saber que outros casos assim podem acontecer com qualquer um. Kaíque se tornou mais uma vítima das chacinas diárias que acompanhamos silenciosos. A barbárie, infelizmente, mora ao nosso lado. E, cada vez mais, mata ao nosso lado. Este texto integra o comentário desta sexta-feira (16) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios ExcelsiorIrecê Líder FM e Clube FM.