Professores e aluna da Ufba relatam ameaças relacionadas a temas de pesquisas

As pesquisas realizadas por ao menos três professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba) resultaram em ameaças contra os docentes, sendo uma delas de morte. Segundo informações do jornal Correio, uma aluna do mestrado também foi ameaçada dias antes da apresentação de sua dissertação. Parte dos casos já foi relatada ao reitor da instituição, João Carlos Salles, que divulgou uma moção de repúdio aos ataques na última segunda-feira (22). "Em episódios recentes, verificamos ameaças de morte e outros tipos de violência contra uma de nossas docentes, pesquisadora do Neim; a tentativa de impedimento de defesa de uma dissertação de Mestrado de aluno do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências), tendo que solicitar a segurança da própria Universidade; e a perseguição e ridicularização nas redes sociais de projetos de pesquisa e extensão que versam sobre essas temáticas", afirma Salles, no comunicada. No caso citado pelo reitor, a professora desenvolve pesquisas relacionadas à divisão sexual do trabalho. Ela vem sendo ameaçada há cerca de um mês. A docente também é pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim), grupo de estudos sobre gênero e sexualidade vinculado à graduação de Ciências Sociais. A Ufba, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que tem tomado todas as providências para garantir a segurança dos envolvidos e para garantir a realização dos eventos científicos, o que inclui o aumento da segurança nos locais em que a professora dá aulas. Essa medida precisou ser tomada no último dia 6, desta vez para proteger uma aluna. A Ufba precisou reforçar a segurança na porta de uma sala onde acontecia a defesa de dissertação de mestrado. De acordo com o orientador do trabalho acadêmico, o professor Leandro Colling, o tema da pesquisa era relacionado a sexualidade e diversidade de gênero na educação infantil. "O que aconteceu é que, antes, os machistas, racistas e homofóbicos tinham vergonha de expor seus preconceitos. Hoje, eles têm orgulho de agirem assim. Isso está sendo potencializado, em parte, pelas redes sociais e por esse momento político, mais conservador e fundamentalista, em que estamos vivendo. A sociedade está sendo mais complacente com esse tipo de atitude", afirmou Colling, que é criador e coordenador do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS) da Ufba, que discute sexualidade e diversidade de gênero.