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Sobre privilégios: O triplex 'de Lula' e as diárias de luxo para juízes na Bahia

Por Fernando Duarte

Sobre privilégios: O triplex 'de Lula' e as diárias de luxo para juízes na Bahia
Foto: Reprodução/ G1

Há cerca de duas semanas, quando o Bahia Notícias publicou a primeira matéria sobre um evento de magistrados do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em um hotel de luxo no Litoral Norte, um leitor criticou o site: “A diária foi negociada e o Tribunal só pagaria R$ 200”, argumentou. Foi preciso aguardar o desenrolar dos fatos para que fosse confirmado, mais uma vez, o papel da imprensa para fiscalizar o uso de recursos públicos por agentes públicos: o evento foi cancelado. Para o interlocutor que questionou a publicação da matéria pelo BN, trata-se de um direito do servidor público – no caso em questão, magistrados que estão no topo da carreira salarial estatal – receber como benesse diárias em um hotel de luxo. Tal episódio ilustra como muitos brasileiros enxergam o serviço público e como há certa naturalização no respeito a castas. Ou ainda a incorporação das vantagens adicionais por privilegiados serem quem são. Foi essa uma das discussões que agitou a redação após a sentença do juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex. A naturalização de questões imorais, como se a aura de legalidade permitisse qualquer coisa. O ex-presidente visitou o imóvel no Guarujá acompanhado da falecida Marisa Letícia e do ex-presidente do Grupo OAS, Léo Pinheiro. Lá, ouviu promessas de um “vendedor” e, segundo a própria argumentação lulista, negou a intenção de compra. Meses depois, a ex-primeira-dama voltou ao apartamento, junto com o filho do casal, vistoriou as reformas prometidas pela representante do Grupo OAS e teria aprovado o que viu – um investimento de R$ 1,1 milhão, que incluiu elevador privativo e eletrodomésticos. Para Lula e Marisa, a simples ida do presidente de uma das maiores empreiteiras brasileiras para “vender” um apartamento era algo natural. Eles, que detinham o direito a uma imóvel naquele prédio, teriam recusado o que Léo Pinheiro prometera, porém a OAS manteve as reformas com os pedidos de “Dona” Marisa. Por ser ex-presidente, Lula naturalizou o papel de Léo Pinheiro na função de vendedor. Marisa Letícia, por ser ex-primeira-dama, parece também ter naturalizado as reformas feitas pela empreiteira. Assim como o crítico do Bahia Notícias naturalizou os benefícios adicionais de um magistrado se hospedar num hotel de luxo com custos pagos pelos cidadãos. Tanto o caso dos magistrados no hotel de luxo quanto o de Lula e Marisa com o triplex evidenciam que a discussão sobre privilégios ainda tem muito o que avançar no Brasil. Esse trecho integra o comentário para a RBN Digital, veiculado às 7h e com reprise às 12h30.