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Briga por viaduto da Av. Paralela é uma amostra da maturidade política do Brasil

Por Fernando Duarte

Briga por viaduto da Av. Paralela é uma amostra da maturidade política do Brasil
Foto: Carol Garcia/ GOVBA

José é uma pessoa comum. Aos 22 anos, ele começa o dia perto das 6h da manhã. Acorda cedo, toma banho, come um pão com manteiga e o café preparado pela mãe antes de sair para procurar emprego. Usa o celular que comprou com o dinheiro guardado dos bicos que fez nos últimos três anos, sem carteira assinada, para ler notícias, usar o Facebook e, de vez em quando, procurar contatinhos no Tinder. Não quer compromisso com ninguém. Sabe que precisa arrumar um trabalho para propor um namoro. Afinal, ele é um romântico à moda antiga – mas que já aceita dividir a conta do restaurante e até do motel (esse último foi difícil, mas ele admite que é necessário evoluir). José ficou assustado ontem. Passava pela Avenida Paralela, voltando da casa de um amigo, rumo à Estação Mussurunga. Viu de longe um momento de tensão entre agentes da Transalvador e policiais militares. Não entendeu nada. Ficou se perguntando que diabos estaria levando a um desentendimento servidores públicos que ajudam a melhorar o tráfego em diversos momentos do dia-a-dia dele. Lógico que ele não esquece das vezes que a Transalvador criou uma barreira que causou engarrafamento e fez ele perder uma entrevista de emprego. Eles estavam fazendo o trabalho dele. E também não ficou chateado quando uma blitz da PM não deixou ele chegar a tempo numa dinâmica de grupo. Também estavam fazendo o trabalho deles. Mas o que diabos acontecia num domingo, num viaduto com cheirinho de novo, envolvendo agentes de trânsito e policiais militares? José sacou o celular do bolso – na manha, claro, porque pegar o celular no busu não é para os fracos – e olhou as notícias. Ele lê de tudo. Não é desses que fica preso em apenas um site, apesar de gostar do Bahia Notícias. Leu lá que a Transalvador tentou liberar o tráfego no viaduto nas imediações do Shopping Paralela. E que viaturas da Polícia Militar não deixaram. Viu que o moço da Transalvador, que ele não lembra o nome, disse que o viaduto não foi inaugurado por “capricho” do governador Rui Costa. E leu que o prefeito ACM Neto estava tentando “roubar” uma obra do governo do estado para dizer que foi a prefeitura que fez. Ele custou a acreditar que tinha lido essas histórias. José é um garoto politizado. Sabe que governo e prefeitura têm obrigações e que uma briga por uma viaduto era quase a mesma coisa que os irmãos dele, de 7 anos e de 9 anos, se engalfinhando por causa do castelo de areia que eles fizeram na Ribeira quando estavam de férias no verão. O mais velho dizia que fez o maior, mas que a água levou. O mais novo dizia que fez o maior e mostrava que ele esteve pronto, porém o mais velho derrubou. José duvidava que o viaduto era o motivo da briga de Rui e ACM Neto. Mas, se estava na internet, era verdade. É o que a avó dele diz. Ele não discute com a avó, que o criou junto com a mãe. José passou pelo viaduto da Avenida Paralela. Deixou aquela briga da Transalvador e da PM para trás. Esqueceu que leu que auxiliares do prefeito e do governador estão batendo boca na imprensa por um motivo parecido com o castelo de areia dos irmãos. Hoje – ou terça -, ele vai passar por aquele lugar de novo e o viaduto vai estar liberado. José vai seguir procurando emprego e uma oportunidade. E nada vai mudar na vida dele. É um personagem inventado, que pode ser qualquer um. Tão inventado quanto essa crise criada pela inauguração de uma viaduto de Salvador. Este trecho integra o comentário da RBN Digital, veiculado às 7h e com reprise às 12h30.