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Direita se fortalece e esquerda precisa se repensar, avaliam dirigentes pós-eleições

Por Bruno Luiz

Direita se fortalece e esquerda precisa se repensar, avaliam dirigentes pós-eleições
(Esq. para dir.) Aleluia (DEM), Gualberto (PSDB) e Lúcio (PMDB) | Montagem: BN
As eleições municipais deste ano terminaram com saldo positivo para partidos identificados com o espectro político de direita, como PSDB, DEM e, recentemente, o PMDB. Os tucanos saíram das urnas governando 24% da população brasileira, índice recorde desde 2000. Atualmente no comando do governo federal, o PMDB faturou 1.038 prefeituras, o maior número absoluto entre as siglas brasileiras. No segundo turno na Bahia, os peemedebistas ainda romperam com a hegemonia de 20 anos do PT na administração de Vitória da Conquista, desbancando com Herzem Gusmão o candidato a prefeito Zé Raimundo. O DEM baiano saiu do pleito com o comando das duas maiores cidades do estado, Salvador e Feira de Santana. Para os presidentes estaduais das siglas, os resultados revelam que partidos de esquerda e, principalmente o PT, foram os maiores derrotados destas eleições. O deputado federal João Gualberto, dirigente estadual do PSDB, vê a derrocada petista nas urnas, que saiu do processo eleitoral com apenas 40 prefeituras – contra 91 em 2012 -, como uma espécie de “revanche” tucana. “Desde que o PT ganhou eleição com Lula, ele tem objetivo claro. Ele sabia que só nós poderíamos disputar com eles e atacaram tudo que fizemos, arranhando nossa imagem. O PT não dava pra continuar. Sempre acha que tudo que há de ruim acha que o PSDB, mas estamos mostrando que a população confia em nós. Isso ficou muito claro nessas eleições. O resultado não poderia ser melhor. Diria até que surpreendente”, disse em tom provocativo em entrevista ao Bahia Notícias. Gualberto não compartilha, no entanto, da ideia de que o PT sai morto politicamente destas eleições. Na avaliação dele, o partido vai se “reinventar”. “O PT vai pagar pelos seus erros. Ele vai se reinventar, mas ele tem mais chances de crescer que o PCdoB, PSOL e Rede. A alternativa ao PT é o próprio PT”, afirmou. O deputado federal José Carlos Aleluia, presidente do DEM na Bahia, resolveu adotar a mesma tônica do correligionário ACM Neto, prefeito de Salvador, ao classificar o governador Rui Costa como o “grande derrotado das eleições”, após o revés do PT nas eleições em Conquista. “O governador se expôs demais na campanha. Transformou essas eleições em avaliação do governo dele. Ele deixou a posição de governador e foi para posição quase de candidato. Ele perdeu muito, ficou numa posição muito desconfortável. Acho que ficou um recado para o governador de que ele precisa governar mais”, criticou. Para o deputado federal Lúcio Vieira Lima, presidente municipal do PMDB e uma das principais lideranças estaduais do partido, estas eleições foram marcadas pelo enfraquecimento das siglas de esquerda no país. “É uma tendência mundial que demorou de chegar no Brasil. Assim como houve a coqueluche da esquerda há alguns anos, esse encantamento acabou quando surgiram os resultados práticos e acabou em efeito dominó. A esquerda saiu muito enfraquecida porque a população acordou”, atacou. Ainda segundo Lúcio, as perdas sofridas pelos petistas nas urnas são um prenúncio do que pode ocorrer nas eleições para governador em 2018. “Em 2018, o processo de mudança na Bahia vai se completar. Os petistas se enfraquecem mais e vão ficar a reboque de partidos da coligação. Em 2018, a mudança que tivemos este ano com o processo constitucional do impeachment e a mudança nas prefeituras vinda através das urnas nessas eleições, com o PT caindo para 10º lugar em número de prefeituras, vai culminar com a mudança do governo do estado em 2018”, vislumbrou.



Da esquerda para direita, Everaldo Anunciação (PT), Ronaldo Santos (PSOL) e Daniel Almeida (PCdoB)

Quem rebate a visão nebulosa do peemedebista sobre o futuro do PT é o presidente estadual da sigla, Everaldo Anunciação. “Não dá para alguém achar que ter ganho eleição em Conquista e Camaçari dá novo diagnóstico político para 2018. Há uma demonstração de aprovação do governo junto à população”, contrapõe o dirigente, que admite, no entanto, uma “diminuição” da sigla após o pleito de outubro. “Se a gente tiver um olhar fragmentado e pontual, pegando as eleições realizadas em 2012, é verdade, o PT diminuiu. Mas é preciso também uma análise conjuntural. Se você pegar o dado histórico, no ano 2000, partidos como DEM, PSDB e PMDB administravam em torno de 1 mil prefeituras, quando o PSDB estava no poder. Agora, eles estão voltando ao poder, tanto que o PSDB se recuperou no número de prefeituras. A gente tem que ter muito cuidado nas análises”, ponderou. Apontado como partido que pode ocupar o vácuo político deixado pelo PT, acossado por denúncias de corrupção e apeado do governo federal pelo processo de impeachment, o PSOL tem condições de preencher o vazio. Esta é a opinião do presidente estadual socialista, Ronaldo Santos. “O PSOL tem condições de crescer dentro da política e assumir o protagonismo entre os partidos de esquerda. Temos algumas sinalizações de militantes do PT que sinalizam rompimento com o PT e vinda para o PSOL, mas precisa se preparar política e internamente para receber essa militância”, declarou Santos, que comemora o que chama de “crescimento político” da sigla neste pleito. O presidente estadual do PCdoB, deputado federal Daniel Almeida, afirma que a sigla, com crescimento no número de prefeituras sob seu comando nestas eleições, vai buscar maior protagonismo no campo político de esquerda. O partido, acostumado a viver sob a órbita do PT, deu demonstrações destas pretensões quando, neste ano, bancou a candidatura da deputada federal Alice Portugal à prefeitura de Salvador. “Todos os partidos existem para buscar o poder, criar condições de disputar o poder. Vamos sempre perseguir esse caminho. Nunca faremos isso isoladamente”, afirmou. O parlamentar também minimizou as declarações de líderes de partidos da direita que conclamam o espectro político de esquerda como o maior derrotado no pleito. “A direita não saiu tão vitoriosa quanto pretendem anunciar. A eleição desse ano reflete muito mais um desestímulo do leitor, falta de esperança com a política. Não comemoramos esse tipo de atitude manifestado pelo eleitor nas eleições”, rebateu Almeida, que também demonstrou preocupação com o discurso de aversão à política praticado por candidatos a prefeito, alguns vitoriosos, pelo Brasil. “Espero que a política retome o protagonismo, a importância da tomada de decisões na sociedade e que a esquerda recupere seu papel de propor políticas que melhorem a vida da sociedade”, disse.