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Organizadores de aulão pré-Enem para alunos de baixa renda buscam apoio financeiro

Por Bruno Luiz

Organizadores de aulão pré-Enem para alunos de baixa renda buscam apoio financeiro
Pedro Batalha é um dos organizadores do aulão | Foto: Reprodução / Facebook
“Feito do povo pobre para o povo pobre. Do povo preto para o povo preto”. É desta forma que o estudante de Produção Cultural da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Pedro Batalha, define a iniciativa que resolveu organizar junto aos jovens Hisan Silva, Ágatha Carvalho e Thiago Marinho, no próximo dia 22 de outubro. O grupo realizará das 14h às 19h, no Candyall Guetho Square, bairro do Candeal, um Aulão Pré-Enem. A ação é destinada a estudantes de comunidades carentes que se preparam para o exame, que acontecerá entre os dias 5 e 6 novembro. Entretanto, a iniciativa dos jovens esbarra em uma dificuldade: o grupo precisa de recursos para arcar com os custos do aulão. Por isso, iniciaram uma campanha para tentar viabilizar a ação. Oriundo de uma família de baixa renda que vive na região da Cidade Baixa, em Salvador, Pedro sentiu e ainda sente na pele, como os outros integrantes do grupo, as dificuldades enfrentadas por um jovem da periferia que almeja ingressar no Ensino Superior. O universitário, que oferece reforço escolar gratuito a alunos no Engelho Velho de Brotas, conta ter percebido durante as aulas a falta de motivação dos estudantes para tentar o ingresso na universidade. A desmotivação dos jovens motivou Batalha e seus amigos a criarem, de última hora, o aulão. “A maioria deles não compreende que a universidade acessível a eles, até porque sempre foi um espaço bastante negado. Percebi que eu precisava criar algum estímulo para que as pessoas frequentassem a faculdade. E aí surgiu a ideia de um aulão para as pessoas que querem ingressar na faculdade, não tiveram como estudar direito, a escola não deu suporte. A motivação é a gente compreender que a universidade é um espaço que nega a presença de pessoas negras e periféricas”, relatou em entrevista ao Bahia Notícias. “Nós, que já tivemos a oportunidade de um ensino melhor, podemos ajudar as pessoas a ingressar nesses locais. É uma forma de dizer que não estamos sozinhos. A partir do momento que avançamos e conseguimos acesso, estando em determinados espaços, a gente não esquece de onde veio, de quem estava com a gente. Nossa militância é para que a gente possa resgatar essas pessoas”, afirmou.


Foto: Divulgação / Unilab

O aulão é colaborativo e, através de postagens nas redes sociais, os organizadores conseguiram o apoio de professores de Redação, História e Química. A expectativa dos jovens é receber cerca de 80 alunos. Pedro conta que o dinheiro arrecadado será usado para pagar a segurança do evento, uma espécie de auxílio-transporte para os participantes, que vivem em comunidades carentes e distantes do local do aulão, além de alimentação para os alunos. Militante da causa negra, Pedro classifica a presença de negros nas universidades como “revolucionária”. De acordo com ele, é necessário incentivar o ingresso dessas pessoas no Ensino Superior, um espaço “historicamente” negado a elas. “Ocupar a universidade é ir contra um sistema que diz que você não deve estar naquele local. É você se instrumentalizar de ferramentas do conhecimento para combater o racismo pela via do conhecimento. Porque nosso combate ao sistema opressor ele é diário, a partir do momento que a gente sai da nossa casa e a gente se separa com a sociedade”, incentiva. As doações podem ser realizadas através de contato com Pedro Batalha pelo seu perfil no Facebook (clique aqui), quanto por WhatsApp, pelo número (71) 99190-4737. Os depósitos podem ser feitos também através da seguinte conta bancária: agência 1236, operação 013, na conta-poupança 00120030-3, em nome de Hisan Silva dos Santos. O grupo afirma, ainda, que fará prestação de contas aos doadores após o aulão. “A gente está acostumado a contar alunos negros nas salas de aula nas universidades e achar muito, porque não estamos acostumados com aquilo. Mas, se você for parar para analisar matematicamente, está errado. É pouco. Nós precisamos ocupar mais esse espaço”, ressalta Pedro.