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Previu o futuro?: Dilma não apoiou eleição de Cunha em 2015 por medo de impeachment

Por Rebeca Menezes

Previu o futuro?: Dilma não apoiou eleição de Cunha em 2015 por medo de impeachment
Fotos: Agência Brasil
A presidente Dilma Rousseff (PT) parece ter previsto seu próprio futuro no início de 2015, quando tinha acabado de iniciar seu segundo mandato. Em janeiro de 2015, o colunista Lauro Jardim – até então na revista Veja – publicou que a presidente se reuniu com ministros para discutir a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. Relatos feitos por petistas indicavam que a presidente não tinha apenas uma diferença ideológica ou antipatia pessoal com o Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas temia que o peemedebista pudesse colocar em votação ou até mesmo liderar um processo de impeachment contra ela. Na época, Cunha mandou recados para o Palácio do Planalto garantindo que não agiria assim, mas o governo não acreditou e decidiu apoiar Arlindo Chinaglia (PT-SP). O peemedebista acabou eleito pela maioria no dia 1º de fevereiro, mas mesmo assim manteve a garantia de apoio à presidente. No dia 13 de março do mesmo ano, o presidente da Câmara participou de uma entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, em que disse não ver qualquer motivo para o impeachment de Dilma. “Nós não podemos transformar a discussão de impedimento de um presidente da República numa forma de discussão política, porque ele não é. O impedimento tem as suas previsões constitucionais nos casos específicos aos quais, no meu entender, não está se aplicando. Então, consequentemente, eu não posso querer dar pulso pra resolver uma crise política, achar que a gente virou uma republiqueta, e vai arrancar o presidente fora que foi legitimamente eleito. Nós não concordamos com essa fórmula”, defendeu. “O Brasil não é uma republiqueta. O Brasil não pode fazer como o Paraguai fez, que arrancou o Hugo [Chaves] do dia pra noite porque ele tinha perdido completamente o apoio. Eu acho que as circunstâncias políticas que você pode fazer, qualquer governo que tem perda de popularidade, alguma coisa terá que ser feita, e acredito que ela o fará. Agora não que isso seja ensejadora de impeachment. Porque vai ser um impeachment atrás do outro na nossa história, se isso acontecesse”, completou.

Cunha, contudo, não tinha a mesma capacidade de Dilma para fazer previsões. Sem saber que, apenas alguns meses depois, estaria do lado oposto ao Planalto, ele continuou garantindo aos participantes do programa que o caso da presidente não se equiparava ao de Fernando Collor de Mello – que sofreu impeachment em 1992 depois de denúncias, da criação de uma CPI e de uma denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Além disso, frisou que a presidente não poderia ser responsabilizada, no atual mandato, por qualquer irregularidade cometida anteriormente. “A presidente da República não praticou, no exercício do mandato atual que ela tá, qualquer ato de improbidade administrativa que possa caracterizar uma denúncia por improbidade ou denúncia de fatos que são atribuídos ao exercício do seu mandato. No meu pouco entendimento de rábula, eu entendo que não é cabível. [...] Eu não tenho condições de avaliar se existiu [crime no mandato anterior]. Mas mesmo que porventura existisse, não seria cabível, na minha opinião, porque estamos num outro mandato. O mandato dela se iniciou em 1º de janeiro. Então eu não vejo ali uma base legal. Só se ela praticar no exercício desse mandato um ato que seja um ato de improbidade”, explicou. A fala, contudo, contradiz os próprios passos dados por Cunha. Após ser denunciado pela PGR no âmbito da Lava Jato, o presidente da Câmara rompeu com o governo oficialmente no dia 17 de julho de 2015. Em dezembro do mesmo ano, aceitou o processo de impeachment protocolado pelos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, que se basearam em supostas “pedaladas fiscais” cometidas por Dilma no começo de 2015 – ou seja, anterior à entrevista dele no Roda Viva.