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Chuva não resolve problema crônico da falta de água em Itabuna

Por Ricardo Luzbel

Chuva não resolve problema crônico da falta de água em Itabuna
Foto: Divulgação
Depois de mais de 120 dias de estiagem, a chuva que caiu esta semana em Itabuna não resolveu o problema crônico da falta de água na cidade. O abastecimento municipal é bastante deficiente. Recente pesquisa, realizada pelo Instituto Dataqualy, apontou que oito (80,3%) em cada 10 domicílios itabunenses não recebem água encanada diariamente. Para 60,5% da população, o abastecimento só chega três vezes por semana no máximo. Isso em época de chuvas. "O povo parece até que já se acostumou com essa incômoda e desagradável situação. Cada um se vira para armazenar o que pode de água para enfrentar o período de seca”, comenta o assistente social Israel Cardoso, 28 anos. Segundo Israel, fala-se muito em construir a barragem do Rio Colônia para solucionar o problema, mas, na opinião dele, a questão poderia ser resolvida se houvesse uma melhor gestão do saneamento básico da cidade. “A Emasa, empresa municipal responsável pelo saneamento básico, não tem capacidade de investimento”, denuncia. Empresa de água e esgoto de Itabuna, a Emasa está sendo alvo de denúncia do Ministério Público na Justiça. É acusada de crime ambiental por poluir o Rio Cachoeira, despejando em seu leito “diretamente” e “in natura”, sem tratamento, todos os efluentes de esgotamento sanitário da rede coletora existente na cidade. “O Rio Cachoeira é uma joia de Itabuna que virou um esgoto a céu aberto”, diz indignado o motoboy Moisés Calixto, 28 anos, que passa diariamente ao lado do leito poluído do rio nas movimentações de sua atividade profissional. “Se já não bastasse a falta de água, a gente ainda tem que conviver com esse esgotão a espalhar moléstias”, reclama. A falta de saneamento em Itabuna prejudica a saúde pública. A cidade é onde ocorre a maior incidência de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti no estado. Só em 2015 foram registrados mais de 45 mil casos de dengue no município. "A necessidade das pessoas armazenarem água em casa pela deficiência do abastecimento e a falta de esgotamento sanitário contribuem com a proliferação dessas doenças", observa Israel. Assim como Israel e Moisés, outros jovens da cidade manifestam disposição em cobrar dos poderes públicos soluções para o problema de saneamento de Itabuna.


Poluição chama atenção da população | Foto: Reprodução/ Pimenta na Muqueca

De acordo com a pesquisa do Dataqualy, o segmento da juventude itabunense, na faixa entre 25 e 34 anos, é o mais preocupado com a questão da falta de água e do esgoto a céu aberto em que se transformou o Rio Cachoeira. Uma recente campanha de outdoor sensibilizou a população para a morte do Rio Cachoeira e a falta de água parece estar estimulando a ação dos jovens, que já se organizam em torno do movimento “Salve o Rio Cachoeira”. O estudante Felipe Cabral, 25 anos, é um dos motivados a se engajar na luta pela recuperação do rio e de uma solução para o saneamento básico da cidade. “Não dá mais para empurrar o problema para debaixo do tapete. A questão ambiental é primordial”, assinala Felipe que, ao lado de Israel, mobiliza a juventude para lutar pela causa. O fisioterapeuta Lourenço Andrade, 31 anos, lembra que a prefeitura vem realizando audiências públicas evai realizar a Conferência Municipal de Saneamento para definir o Plano Municipal de Saneamento Básico. “Será enfim a oportunidade de darmos o primeiro passo para resolver a questão”. Além de um instrumento indispensável ao planejamento da cidade, o Plano Municipal viabiliza soluções de saneamento básico. É ainda uma exigência do Governo Federal para manter o repasse de verbas à execução de obras de melhorias dos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e destinação de resíduos sólidos. O principal entrave para solucionar o problema do saneamento básico de Itabuna é a incapacidade atual de investimentos dos poderes executivos municipal, estadual e federal. Só para resolver a questão da falta de água e do esgotamento sanitário na cidade, são necessários investimentos da ordem de R$ 350 milhões. Diante das dificuldades causadas pela crise econômica nacional, uma alternativa que se prevê na proposta em discussão do Plano Municipal de Saneamento Básico é a constituição de uma parceria da prefeitura com o governo do estado e iniciativa privada. A pesquisa do Dataqualy indica que 86% da população é a favor desta medida.