Candidatos aproveitam apadrinhamento de figuras políticas para influenciar pleito
Por Maria Garcia
Foto: Marcos Russo/Bahia Notícias
Nas várias placas que ambientam ruas e avenidas de Salvador no período de eleições, políticos com prestígio junto aos eleitores e que não precisam garantir vagas no pleito de outubro figuram nas peças publicitárias de seus apadrinhados. O prefeito da capital baiana ACM Neto (DEM), cuja aprovação é considerada alta entre os soteropolitanos, tem o seu rosto carimbado em diversas propagandas de partidários do DEM, inclusive nas do candidato ao governo do Estado Paulo Souto (DEM). Outro exemplo é o aparecimento do senador João Durval (PDT-BA) no material gráfico da sua nora, Tatiana Paraíso (PSL) e do neto, Paulo Henrique Carneiro (PSL), que não apostam na figura – do ponto de vista literal – do ex-prefeito de Salvador João Henrique Carneiro (PSL) para as eleições. A estratégia de um candidato em se apoiar na imagem de um que já ocupa um cargo político para transferir votos e garantir influência dos eleitores pode dar certo sob várias condições. Para o cientista político Jorge Almeida, não há uma regra básica que dê resultado. Antes, o próprio candidato já precisa contar com um respaldo social e, além disso, seu apoiador deve compartilhar com o prestígio dentro da base social do postulante. Tal manobra acaba se transformando em votos reais. “Se o candidato não for representativo, não vai dar voto. É necessário haver uma coerência no apoio, ter uma relação entre ambos. Depois, essa aliança tem que ser relativizada, porque o reflexo da transferência de votos é menor do que na realidade. Não é automático”, explica o cientista político. Almeida considera como um bom explorador do prestígio de outrem o atual governador da Bahia, Jaques Wagner, que conseguiu um grande número de votos nas eleições de 2006 por conta da imagem de Lula.
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Antonio Brito aproveita imagem do pai para pleito | Foto: Divulgação
Nas proporcionais, o candidato à reeleição Antônio Brito (PTB) faz questão de colocar do seu lado, em alguma de suas peças publicitárias, a imagem do seu pai Edvaldo Brito (PTB) para legitimar seu pleito. Brito aposta no histórico do pai, que tem como currículo ser ex-prefeito de Salvador e atual secretário extraordinário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes). “A gente vem fazendo isso desde 2010. Também fiz a mesma coisa quando fui candidato a deputado federal e ele ao Senado e, em 2012, quando ele foi aspirante à vaga de vereador. A marca Edvaldo Brito é um nome muito forte e tem sido utilizada por membros do partido como uma representação importantíssima. Além disso, temos um projeto de pensamento em comum”, explicou Brito sobre a escolha de investir na imagem do seu pai jurista, apesar de atuar em um ramo diferente do seu progenitor. O aspirante à vaga na Assembleia Legislativa Luciano Simões Filho (PMDB) não apenas aproveita da imagem de seu pai, Luciano Simões (PMDB) – deputado estadual – mas aproveita do fato de ser homônimo para angariar votos. Quando perguntando se haveria a intenção, o peemedebista ficou na defensiva. “A identificação é do nome próprio. Coloquei Luciano Simões porque é o nome em que sou mais conhecido. A legislatura permite”, disse Simões. “Meu pai não é candidato. Podia causar confusão se fosse candidato. Mas é lógico e natural a sua influência na minha candidatura, não só da imagem mas como no nome, porque foi minha inspiração política para concorrer a um cargo politico”, concluiu o candidato.