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Congregação de freiras nigerianas ajuda moradores de rua e prostitutas em Feira de Santana

Por Bruna Castelo Branco

Congregação de freiras nigerianas ajuda moradores de rua e prostitutas em Feira de Santana
Foto: Clécia Azevedo / Acorda Cidade
Na manhã do dia 19 de fevereiro, uma quinta-feira, os gritos de dor de um morador de rua, em frente à sede da Arquidiocese de Feira de Santana, na região do Portal do Sertão, encheu as ruas e chamou a atenção da população local. O homem de 50 anos de idade, conhecido como Natali, foi propositalmente à arquidiocese, local em que sabia que receberia a ajuda das irmãs missionárias de Santo Rosário, freiras que dedicam a vida a ajudar moradores de rua, mulheres de comunidades pobres e prostitutas. Após uma cirurgia mal sucedida, Natali sofre com uma abertura em seu intestino, por onde suas fezes são eliminadas. A irmã Mary Sinor, missionária nigeriana responsável pela Pastoral do Povo da Rua, comprou um anti-inflamatório para ajudar o homem e tentou providenciar a sua internação no Hospital Geral Clériston Andrade para depois ser transferido para o Hospital Santo Antônio – Obras Sociais da Irmã Dulce, em Salvador. Porém, segundo a irmã Mary, no dia seguinte o homem desapareceu. “No dia em que ele sentiu dor, ele disse: ‘irmã, eu tenho que me internar, eu vou morrer’, mas, depois quando eu fui o procurar, ele sumiu. Fui aos locais em que ele dorme, mas não encontrei”, contou. Porém a missionária acredita que logo ele irá voltar, já que sempre procura o centro quando sente dor, fome e precisa tomar banho e trocar de roupa. “Eu sei que ele vai aparecer. Logo ele vai precisar de roupa, remédio e comida”, disse.
 

"Irmã, eu tenho que me internar, eu vou morrer", disse Natali / Foto: Clécia Azevedo / Acorda Cidade
 
Ainda de acordo com Mary, Natali nunca quis ser operado. “Eu e a outras irmãs íamos lá, conversávamos com ele, mas ele sempre dizia que não queria ser operado. Até que, naquele dia, ele quis”, relatou. “Quando ele pedia esmolas, mostrava o intestino exposto”, disse a irmã. Mary Sinor veio da Nigéria para o Brasil há sete anos e, antes de partir para Feira de Santana, viveu dois anos em São Paulo, junto com outras freiras do mesmo país. As Irmãs Missionárias de Santo Rosário estão no Brasil há mais de 40 anos. A irmã veio para a Bahia para ajudar na fundação da nova sede em Feira de Santana, o Centro Social Monsenhor José, inaugurado em 29 de agosto de 2010. O centro, que hoje conta com seis freiras e vive apenas de doações e com a ajuda de voluntários, pertence à Catedral de Santana, que pertence à Arquidiocese de Feira de Santana. De acordo com Mary Sinor, a Pastoral do Povo da Rua oferece almoço, e às vezes janta, além de banhos e higiene pessoal para os moradores de rua. As freiras ajudam os desabrigados a tirar os documentos e, quando precisam ir para outra cidade, pagam o ônibus. “Nós queremos mostrar para os moradores de rua que eles são especiais e amados”, disse Mary.
 

Catedral de Feira de Santana / Foto: Divulgação

Além das doações de roupas e alimentos, o centro vive de rifas feitas pelas freiras e um bazar para arrecadar dinheiro para manter a instituição: “Tem nada a ver com governo nem com prefeituras”. Antes de vir para o Brasil, a irmã Mary Sinor trabalhava na Casa de Formação na Nigéria, junto com outras irmãs. A congregação das Irmãs Missionárias de Santo Rosário, fundada no ano de 1924, reúne freiras de diversos países: Nigéria, Escócia, Irlanda, Estados Unidos, entre outros. Em Feira de Santana, as seis irmãs nigerianas vivem dividas em duas casas e, como em um convento, fazem todas as atividades elas mesmas: cozinham, passam e limpam. De acordo com Mary, as irmãs são encaminhadas pelos países pela Madre Superior, sem o direito de escolha: “A gente deu nosso fim para Deus, e Ele me mandou para cá”.