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Mineradora danifica pinturas rupestres em Morro do Chapéu; ‘irreparável’, opina especialista

Por Alexandre Galvão

Mineradora danifica pinturas rupestres em Morro do Chapéu; ‘irreparável’, opina especialista
Foto: Divulgação
Responsáveis por deixar marcas da história e do cotidiano dos povos que habitavam a terra há milhões de anos, os sítios arqueológicos são importantes fontes de estudo. Um destes locais, na cidade de Morro do Chapéu, no centro-norte da Bahia, foi danificado por uma empresa mineradora que atua na região, segundo moradores. Na tentativa de prospectar minerais, a Serra do Sono – responsável pela obra -, partiu uma rocha de arenito e prejudicou pinturas rupestres que, segundo especialistas, não podem ser datadas, mas estão lá há, pelo menos, três mil anos. Professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pós-doutor em arqueologia pela Universidade de Coimbra, em Portugal, Carlos Etchevarne disse que a degradação de sítios arqueológicos da Bahia, “infelizmente”, não é novidade. “Tem acontecido em outros municípios esse tipo de depredação. Já soube de Ourolândia, Oliveira dos Brejinhos...”, enumerou. Segundo ele, Morro do Chapéu tem uma “quantidade extraordinária” de fósseis, mas, por conta do descuido do poder público, é uma área de risco. “Qualquer eliminação significa uma grande perda. É como rasgar um documento escrito de 200, 300 anos. Não tem como recuperar a história que se perde”, afirmou.

Em uma breve análise que o especialista fez das imagens, o professor viu uma figura de um homem caçando uma ave – muito provavelmente uma ema – o que indica que os grupos que fizeram as pinturas eram caçadores coletores – que existiam antes da sedentarização do homem. Arqueóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe, Fernanda Libório disse que a cidade de Morro de Chapéu tem mais de 40 sítios e que a legislação brasileira prevê multas (ainda em cruzeiro) para quem danificar o patrimônio. “A gente lida com um patrimônio que não é renovável, uma vez que está destruído, é uma perda da humanidade. É o simbólico de um povo que não volta mais. Existia ali uma riqueza muito grande de informação”, lamentou. Presidente do Comitê da Bacia do Salitre, Almacks Luiz Silva, disse que entrou em contato com a prefeitura da cidade e foi informado de que a administração “não tinha como fiscalizar tudo”.  Após o estrago, uma representação será protocolada no Ministério Público Estadual para que se apure a responsabilidade. Além disso, Fernanda Libório encaminhou denúncia formal ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Procurada pelo Bahia Notícias, a prefeitura de Morro do Chapéu não respondeu aos telefonemas. O Iphan, por e-mail, afirmou que responderia aos questionamentos da reportagem nesta terça-feira (6).