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Entrevista

“Quem vence na UPB é quem se articula mais”, diz Zé Cocá sobre PT não se eleger em entidade

Por Francis Juliano

“Quem vence na UPB é quem se articula mais”, diz Zé Cocá sobre PT não se eleger em entidade
Foto: Divulgação / UPB

De saída da presidência da União dos Municípios da Bahia, o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), vai passar o bastão no próximo dia 13 de março a José Henrique Tigre, o Quinho (PSD), prefeito de Belo Campo. Em entrevista ao Bahia Notícias, Cocá avaliou a gestão à frente da entidade, pontuando o que realizou e o que não conseguiu fazer.

 

Ele também respondeu sobre o debate em torno do reajuste do piso dos professores e dos custos da saúde, algo que deve esquentar ainda mais a temperatura nas cidades baianas.

 

Na conversa, o gestor também opinou sobre a indicação da jequieense e ex-primeira-dama do estado Aline Peixoto para uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), apontou o futuro político dele e considerou o que faz o PT não ser o protagonista na UPB. Veja abaixo a entrevista na íntegra.

 

Foto: Divulgação / UPB

 

Primeiro, queria que o senhor fizesse um resumo da sua gestão na UPB?

Graças a Deus, nós tivemos uma passagem bem proveitosa na UPB. Trabalhamos muito. Nós discutimos várias pautas, aprovamos a lei 122 [PEC 122/2015]. Uma lei que hoje de fato as entidades, as associações têm direito. Por ela, o governo federal não pode criar nada sem que haja antes fonte de receita. Criamos a lei das associações. Hoje, as associações têm direitos também de fazer ações e responder pelos municípios. Nós também qualificamos quase três mil servidores. E isso é muito importante para os municípios de pequeno porte. O setor de engenharia da UPB também conseguiu tocar quase 80% dos projetos via Conder que os municípios fizeram neste ano, e a Bahia hoje é protagonista de quase todas as ações municipalistas em Brasília. 

 

O que o senhor não conseguiu fazer ou não teve condição de realizar?

O que eu não consegui fazer foi aprovar a PEC 14 [que pretende reduzir pela metade a alíquota do INSS paga pelas prefeituras. Atualmente é de 22,5%]. Aprovamos nas comissões, mas não conseguimos levar ao Plenário da Câmara dos Deputados. Eu tenho certeza que será uma luta de Quinho [prefeito de Belo Campo, que assume a UPB no dia 13 de março]. Nós tínhamos algumas pautas também junto a Brasília de repasses na área social. Outra área também que a gente tentou fomentar, mas o então governo federal, de fato, não nos ouviu e foi um problema seríssimo. Nós temos hoje quase 20 anos de atraso na área social. Tem municípios que não tem como pagar nenhum profissional na saúde. E existe corpo técnico que hoje custa R$ 40, R$ 50 mil, no mínimo. Tivemos um debate forte com o governo federal pela questão do aumento da tabela do SUS. Tem procedimento que é inviável hoje, e o município recebe R$ 16 para custear um ultrassom, por exemplo. 

 

Quem vai assumir a UPB agora é o prefeito de Belo Campo, Quinho, que já está na diretoria da UPB desde a gestão de Eures Ribeiro, e é atual vice-presidente. Qual conselho o senhor daria para ele?

Eu digo sempre que Quinho é um amigo. Eu lembro que quando eu estava saindo da prefeitura de Lafaiete Coutinho, Eures Ribeiro entrou. Na nossa diretoria, ele me ajudou muito. Foi um dos diretores mais presentes da nossa equipe. O conselho é ouvir e dialogar, e graças a Deus, ele tem muito esse perfil, por ser um líder muito pujante, um cara que tem futuro, um cara que vai pra frente. Consegue dialogar, não tem medo das coisas, e isso deixa ele, em uma condição muito forte. 

 

Foto: Divulgação / Prefeitura de Jequié

 

Quinho tem algumas semelhanças com o senhor. Por exemplo, o senhor começou sendo prefeito de Lafaiete Coutinho, uma cidade de pequeno porte, e depois foi eleito em Jequié. No caso de Quinho, ele governa Belo Campo e é provável que se candidate a prefeito de Vitória da Conquista. O que o senhor acha disso?

Ele nunca me disse isso. Eu acho que ele desenha um futuro com a candidatura a deputado para depois tentar a prefeitura de Vitória da Conquista. 

 

A gente está diante de uma polêmica com a indicação da ex-primeira-dama Aline Peixoto para uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Se o senhor estivesse na Assembleia Legislativa, votaria em Aline?

Eu digo o seguinte, eu sou partidário. Se o meu partido tomasse uma posição como tomou, eu votaria com certeza. Hassan [deputado estadual eleito em 22], que tive o prazer de indicar como meu sucessor, um cara que é muito meu amigo, quando nós discutimos, eu perguntei: “qual foi o diálogo dos seis deputados?” Ele disse: “a maioria absoluta quer votar em Aline”. Então, segue a maioria, segue o partido. Grupo é isso. Às vezes tem divergências, mas a política é feita para isso. A gente tem que ter maturidade e sabedoria para diferenciar as coisas. 

 

Nas eleições da UPB, o PT não mantém uma posição de apoiar um nome do partido, ao contrário das indicações para a chapa do governo do estado. Na última eleição da UPB, a prefeita de Rafael Jambeiro, Cibele Carvalho (PT), era candidata e retirou o nome dela às vésperas do pleito. Neste ano foi o caso também do prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro (PT). O PT é mais flexível na UPB?

Na UPB se depende de muita articulação interna. Então, quem se articula bem consegue vislumbrar um nome forte, como foi o que aconteceu comigo, com Eures, e agora com Quinho. Aí, por coincidência, a discussão partidária fica no final. Mas geralmente quem vence na UPB é o prefeito que consegue se articular mais. Consegue agregar mais. Começa a fazer musculatura e automaticamente se fortalece. 

 

Foto: Divulgação / UPB

 

Entre várias questões que os prefeitos vão ter que tomar decisões, muitas impopulares, é quanto ao reajuste do piso dos professores. Como o senhor tem encaminhado isso para os colegas e no caso específico de Jequié?

Nós estamos discutindo com a categoria. A nossa data base aqui [em Jequié] é abril. A UPB fez isso também junto com a Federação dos Consórcios, para discutir via território os aumentos dos profissionais de educação. Porque hoje ficou muito complicado. Nós temos municípios que não tem condição de dar um real de aumento. E tem outros municípios que têm condição de dar os 15% e até mais. Não é fácil isso porque a gente sabe que quando mexe no bolso, todo mundo quer. O professor está no seu direito, e o município precisa também pagar as suas contas. Temos que achar um meio termo. 


Para finalizar. Qual o futuro de Zé Coca na política?

Inicialmente, a preocupação é seguir prefeito de Jequié. Discutir se cabe reeleição ou não depende muito do nosso mandato. Fiz uma pesquisa popular aqui e sempre tem dando acima de 80% de aprovação. Possivelmente, poderemos tentar a reeleição, mas isso, o futuro, a Deus pertence.