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Um pesadelo de metal

Um pesadelo de metal
Foto: Divulgação
Nos anos 80, os Paralamas do Sucesso nos brindou com “Vital e Sua Moto”. Com suas guitarras, Herbert Viana e seus parceiros cantavam a sanha de um jovem que realizou um sonho: a compra de uma moto e que, daí então, “passou a se sentir total com seu sonho de metal”.
 
De há muito, as motocicletas integram o imaginário dos jovens, sendo um verdadeiro símbolo de liberdade. Com o agravamento do trânsito nas grandes cidades E a elevação do poder aquisitivo da população rural, esse veículo de duas rodas, tanto nas zonas urbanas, quanto nas rurais,se generaliza como a opção de transporte para as diversas gerações. E aí, diferentemente do que trazíamos os acordes dos Paralamas, Vital e sua moto não tem sido uma união feliz.
 
Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.O Brasil gasta de R$ 28 bilhões a R$ 40 bilhões, anualmente, para atender as vítimas de acidentes de trânsito. Em 2013 o Sistema Único de Saúde (SUS), internou 2.577 pessoas por acidentesenvolvendo motocicletas, em 2014, estas internações subiram para 3.471, segundo dados do Sistema de Informações hospitalares do Ministério da Saúde (MS).
 
No quadro comparativo de acidentes e vítimas nas rodovias federais que cortam o nosso Estado, de janeiro de 2012 a abril de 2013, os números de acidentes, feridos e mortos, envolvendo caminhão, automóveis e motocicletas,o motocicletas; 22 feridos com caminhões, 118 com automóveis e 109 com motos. Saldo de mortos:05 com caminhões, 57 com automóveis e 35 com motos. Este quadro estatístico é revelador do potencial mais elevadode sinistralidade dos acidentes com motocicletas, pois, apesar de emtermos unitários de ocorrências, estar abaixo daquelas envolvendo caminhões, causou mais óbitos que estas.
 
Esses números repercutem para muito além dos acidentados e seus familiares. Enquanto a proporcionalidade de motocicletas para os demais tipos de veículosno País é de 22,22 %, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada), os gastos públicos com um motociclista acidentado gira em torno de R$ 29.000,00, enquanto o dispêndio com uma vítima de acidente com automóvel é de R$ 3.000,00. 
 
Preocupado com esta situação, apresentei na Assembleia Legislativa um Projeto de Lei, objetivando a instituiçãona Bahia da Campanha Estadual Permanente de Prevenção aos Acidentes com motocicletas. As ações de que trata esta campanhadeverão estar focadas em quatro eixos: fiscalização e repressão;  educação e prevenção;  saúde; e  legislação.
 
Na área de fiscalização e repressão, o principal objetivo é aumentar em 30% (trinta por cento) o número de abordagens aos motociclistas e criar um plano integrado entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e os órgãos de trânsito estadual emunicipais.  Já na área de educação, serão realizadas campanhas publicitárias e mobilização social em todo o Estado, incluindo campanhas educativas em instituições de nível superior e em escolas de todos os municípios. 
 
Na saúde, o objetivo será integrar os serviços pré-hospitalares móveis (Samu 192 e Bombeiros 193) com os pré-hospitalares fixos (Unidades de Pronto Atendimento - UPAs e policlínicas), visando a agilizar o atendimento às possíveis vítimas, além do ordenamento da rede de alta complexidade para os pacientes poli traumatizados. 
  
Por fim, no grupo de legislação, será feito um esforço para adequar as leis municipais e estaduais de transporte e de trânsito a essa realidade, além de criar novas medidas para a aplicação de penalidades e benefícios para os bons motociclistas, inclusive com elaboração de uma proposta para registro e licenciamento de veículos ciclomotores, motocicletas e motonetas, com faixas de desconto no IPVA para as motocicletas e motonetas de até 150 CC. 
 
O ataque ao problema dos acidentes com motocicletas interessa a toda a sociedade, pois suas vítimas respondem pela maior taxa de ocupação dos leitos hospitalares. Logo de nada adianta aumentar o número de leitos e não combater esse pesadelo de metal.

* Alex da Piatã é deputado estadual pelo PSD

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias