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Especialista discorda de ministro da Justiça e diz que games não provocam violência

Por Cláudia Cardozo / Marcos Maia

Especialista discorda de ministro da Justiça e diz que games não provocam violência
Foto: Reprodução/ Facebook
Não existe nenhuma evidência concreta de que jogos eletrônicos provocam violência. É o que defende, Salah Hassan Khaled Júnior, doutor em Ciências Criminais (PUC-RS) e professor da Faculdade de Direito e do mestrado em Direito e Justiça Social da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). “A suposta conexão entre games e violência não é mais que um discurso produzido pela imprensa, recepcionado por políticos e grupos de pressão e, de certo modo, ‘certificado como verdadeiro’ por alguns pesquisadores, cujo resultado conduz à criminalização cultural dos games, criadores e jogadores. Trata-se de um complexo processo de difusão de pânico moral por reacionários culturais”, explica. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou em visita a sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, na última quinta-feira (14), que a "apologia à violência" em esportes e videogames alimenta a criminalidade no Brasil. Para Khaled, esse discurso provoca estigmatização de produtos culturais, criadores e consumidores.“Os games foram satanizados como bodes expiatórios de várias tragédias por empreendedores morais disfarçados de repórteres. São pessoas que não conseguem lidar com a diferença: desprezam tudo que não se encaixa em sua visão de mundo e, logo, é interpretado como ameaça para a sociedade”, analisa. Gamer há mais de trinta anos, ele acredita que a disseminação do pânico moral relativo aos games é interessante para a classe política, pois apela para um eleitorado que não compreende a subcultura gamer e acaba seduzido por um discurso moralista. O professor ainda recorda que outras expressões culturais com o heavy metal, o funk e as HQ’s já passaram por processo semelhante. “Acho que podemos traçar um paralelo no sentido de que tanto em um caso quanto no outros essas questões são tratadas com leviandade, sem que os inúmeros problemas que as envolvem sejam suficientemente debatidos, o que inevitavelmente acaba produzindo cadáveres”, avalia. Khaled é autor do livro "Videogame e violência: causa e efeito ou pânico moral?", que ainda aguarda publicação. Ele escolheu se aprofundar no tema depois de assistir ao apresentador do programa "Cidade Alerta" praticamente afirmando que o jogo “Assassin's Creed “ havia motivado o assassinato do casal de policiais militares, Luís Marcelo e Andréia Pesseghini, e outros dois parentes, pelas mãos de Marcelo Pesseghini, de 13 anos, em 2013.