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'Na sofrência': desembargador do TJ-BA cita Pablo ao falar sobre adiamento de processos

Por Bruno Luiz

'Na sofrência': desembargador do TJ-BA cita Pablo ao falar sobre adiamento de processos
Rotondano, desembargador da "sofrência" | Foto: Montagem/ Bahia Notíci
O sucesso da “sofrência” das músicas do cantor baiano Pablo parece não escolher público, classe e nem faixa etária. Além de ter conquistado público Brasil afora, as canções cheias de lamúrias masculinas pelos términos de relacionamentos parecem ter encontrado lugar num ambiente onde até o próprio Pablo não imaginaria: o mais alto escalão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A prova do grande alcance das músicas “açucaradas” do artista foi dada na última sexta-feira (25), durante o Tribunal Pleno da Corte baiana. Ao falar sobre o adiamento no julgamento de processos e o quanto isto provoca o acúmulo das ações no Judiciário estadual, o desembargador José Edivaldo Rocha Rotondano citou o cantor para mostrar o quanto a “sofrência” toma conta dele quando julgamentos são interrompidos.“Para mim, é uma dor, é uma sofrência, parafraseando Pablo, quando eu tenho que adiar um processo”, confessou um sofrido Rotondano. A revelação de que o desembargador é ouvinte do dono de sucessos como “Homem não chora” e “Bilu-bilu” se deu durante a discussão da suspensão do julgamento de agravo regimental em um processo que envolve a empresa Al-teix Patrimonial Ltda e o Estado da Bahia, de relatoria do presidente da Corte, desembargador Eserval Rocha. O desembargador Gesivaldo Nascimento Britto requereu o adiamento do julgamento do recurso, pedido acatado por Rocha. Entretanto, Rotondano pediu questão de ordem e se posicionou contra a decisão de Rocha, dando início a um imbróglio protagonizado por ele e o atual mandatário do tribunal. De outro lado, Britto argumentou que já havia decisão de primeiro grau sobre a ação e alegou que uma sentença de segundo grau da desembargadora Dinalva Gomes Laranjeira Pimentel havia mantido a determinação da juíza, não tendo os magistrados competência para modificar a decisão.
 

 
Quem aderiu ao clima de “sofrência” e desabafos que tomou conta da Corte com a revelação de Rotondano sobre suas preferências musicais foi Eserval Rocha. O presidente reclamou da falta de uso do voto antecipado on-line por parte dos desembargadores, o que, segundo ele, acaba fazendo com que processos demorem a ser julgados, já que um número maior de magistrados precisa discutir a matéria no Pleno. “O voto antecipado como estamos vendo não resolve o problema. Pelo menos no Pleno não tem resolvido. Dos mais de 40 processos que tínhamos para hoje, votaram 11”, desabafou. Ele também falou sobre a falta de órgãos especiais no TJ-BA, o que contribuiria ainda mais para o acúmulo de ações não julgadas no Judiciário estadual. “Todos os tribunais com mais de 30 desembargadores tem órgão especial. Na Bahia não tem, tem mais de 50 e não tem. Fica um ou outro desembargador me cobrando, ‘órgão especial, órgão especial’”, afirmou. “Tem um projeto da época do desembargador Mário que estava prestes a ser colocado, foi um inferno isso. Tivemos que retirar. Na feitura do regimento, eu havia colocado. Apresentaram uma petição, com maioria absoluta, foi retirado”, explicou. “É uma situação muito difícil. Às vezes, tem 20, 25 desembargadores discutindo a matéria. Uma coisa é discutir uma matéria com 11,12 desembargadores, 15,16 pessoas, outra é com 40”, lamentou. Apesar de apelar até para um dos nomes de maior sucesso popular na música brasileira atualmente, José Rotondano não teve em sua luta para não adiar o julgamento do agravo regimental o mesmo êxito do qual goza o cantor baiano como artista. Enquanto não se julga o recurso, a "sofrência" do desembargador continua. Pablo pode até ser o "Rei do Arrocha", mas, na Corte comandada por Eserval Rocha, a música que toca parece ser outra.