Caso Cabula: Decisão do Judiciário 'chancela' violência policial, diz pesquisadora
Por Luana Ribeiro
Foto: Divulgação
Com pesquisas sobre as ideias de Defesa Social, coordenadora geral dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, Bartira Macedo Santos, foi uma das estudiosas na área do Direito que manifestou surpresa com a sentença de absolvição dos nove policiais envolvidos na morte de doze pessoas na localidade de Vila Moisés, no bairro do Cabula, em Salvador. A reação diante da decisão proferida pela juíza Marivalda Almeida Moutinho, substituta no 1º Juízo da 2ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), gerou um artigo, publicado nesta segunda-feira (27) no site Empório do Direito. “Chama atenção a interrupção do processo de forma tão abrupta e prematura (pois nem todas as defesas preliminares haviam sido apresentadas), num caso de denúncia que envolve tantos réus e vítimas, com fortes indícios de execução sumária, numa chacina em que o poder público montou de imediato todo um espetáculo para defender a ação mortífera dos policiais”, diz Bartira, em seu texto. Em entrevista ao Bahia Notícias, a professora afirma que acompanha o caso desde o início. “Eu pesquiso as ideias de defesa social, me interessam essas ideias de defesa social, do dever punitivo, de como funcionam essas justificativas arbitrárias de segurança pública no país. A chacina me chamou a atenção desde quando aconteceu e o governador fez aquele discurso, um discurso de defesa da sociedade, que passa a ideia de que a polícia é violenta, mas isso se justifica na defesa da sociedade”, explica Bartira, autora do livro “Defesa Social: Uma visão crítica”. Além do discurso do governador Rui Costa e do secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, a pesquisadora ressalta que ocorreu um “chancelamento” das mortes pelo próprio Judiciário. Bartira destaca que a juíza, em sua sentença, faz menção à possibilidade de envolvimento das vítimas em ações criminosas.
Vila Moisés, localidade onde ocorreu a ação policial | Foto: Evandro Veiga/Correio