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Presidente de comissão da OAB compara morte de negros a sentença de morte na Indonésia

Por Cláudia Cardozo

Presidente de comissão da OAB compara morte de negros a sentença de morte na Indonésia
Humberto Adami, presidente da comissão da OAB | Foto: Angelino de Jesus/ OAB-BA
A Comissão da Verdade da Escravidão Negra, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai acompanhar a investigação da morte dos 12 jovens na operação da Polícia Militar, na Estrada das Barreiras, no Cabula, em Salvador. O presidente da comissão, Humberto Adami, afirmou que, em muitos estados, nos últimos 12 anos, “ocorreu um aumento na morte violenta de jovens negros de 16 a 24 anos, e ao mesmo tempo, houve um decréscimo de 32% de jovens brancos”.  “Isso quer dizer que a morte de tiro, faca, morte violenta, ela tem cor no estado brasileiro”, reflete Adami. O presidente da comissão afirma que a omissão de autoridades, dos governos municipais, estaduais e federais na morte de jovens negros, pode expor o país a sanções internacionais, “que podem até demorar, mas que trazem consequências”. “É preciso que o país, afastando os resquícios da escravidão negra no Brasil, se imbua no respeito aos direitos humanos. Os direitos humanos têm que ser uma meta dos governos estaduais, do governo federal e dos governos municipais”, pontua. Em resposta a declaração do governador Rui Costa, Adami diz que o Estado precisa fazer “verdadeiros gols na saúde, na educação e na Justiça”, se estendendo também na resistência das comunidades tradicionais, comunidades religiosas de matriz africana e comunidades quilombolas, que estão todas “na mesma faca da discussão”. Um fenômeno que chama atenção do presidente da comissão é o uso dos celulares por parte da população pobre e preta para “documentar os inúmeros flagrantes que aparecem em todos os estados brasileiros, não só no Cabula, não só na Bahia”, contra a ação abusiva da Polícia. Segundo ele, essas pessoas estão “municiando o que deveria despertar curiosidade das corregedorias”. “As pessoas que agem fora da lei, seja com farda ou sem farda, são fora da lei, deveriam receber as punições previstas no âmbito da legislação brasileira”, defende. Humberto Adami afirma que não é possível imaginar um Estado sem polícia, mas considera que ela “não pode ser inimiga da sociedade, ela não pode ser uma polícia inimiga da população pobre e preta. Esse não é o papel da polícia. Ela tem que dar segurança pra sociedade. Matar indiscriminadamente não é a recomendação para isso”. Questionado sobre os autos de resistência, Adami afirma que o problema deste instrumento é que ele “forja, mascara a verdadeira pena de morte” no Brasil. Para ele, "os autos de resistência acaba por acusar, julgar e executar, transformando a pena de morte que ocorreu lá na Indonésia em uma pena de morte de fato aqui, no Estado brasileiro, para um segmento da população, que, invariavelmente é pobre, e preta”.