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'A pessoa passa a se conhecer melhor', diz juiz que atingiu 100% de concialiações com técnica alemã

Por Bruna Castelo Branco

'A pessoa passa a se conhecer melhor', diz juiz que atingiu 100% de concialiações com técnica alemã
O magistrado Sami Storch atua nas cidades de Amargosa e Castro Alves
A Semana Nacional de Conciliação, que começou na Bahia no dia 17 e vai durar até o dia 28 de novembro, é um evento que envolve todo o Poder Judiciário, além de partes e advogados, que tenham o interesse em conciliar na Justiça do Trabalho da Bahia – e, de acordo com o Tribunal Regional do Trabalho, 2.678 audiências foram agendadas. Entre os juízes que preferem promover a conciliação, um chamou a atenção por conseguir 100% de acordos nas comarcas das cidades do interior da Bahia Amargosa e Castro Alves. O magistrado Sami Storch usa uma técnica criada pelo terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger, chamada “constelações familiares sistêmicas” que vê o indivíduo não como um ser sozinho, mas parte de um sistema. Sami Storch, depois de estudar a técnica com seu próprio criador, percebeu que também poderia ser eficaz no direito e nas conciliações de partes envolvidas em conflitos. E, a partir dos estudos de Hellinger, surgiu a expressão “direito sistêmico”, técnica utilizada por Storch que apresentou resultados positivos no âmbito das conciliações jurídicas.
 
 
“O direito sistêmico é uma técnica terapêutica que, quando aplicada para a resolução de conflitos, pode fazer com que a pessoa entenda como ela se envolveu”, relatou o juiz. Storch explicou que, em grande parte dos casos, o indivíduo entra em conflitos devido a traumas ou relações familiares problemáticas – e muitas vezes não têm consciência de onde surgiu o problema. De acordo com o magistrado, um erro de um antepassado pode alterar a relação de uma família por muitas gerações, o que pode ser a origem dos conflitos de hoje. “Com a técnica, a pessoa vê como o mesmo erro que cometeu pode ter sido cometido por seus antepassados. Pode ser decorrentes de traumas infantis, viu os pais fazendo algo errado, e acaba repetindo sem perceber”. Storch comentou que, através dos exercícios de terapia, as pessoas tomam consciência de que o problema não é pontual, o que facilita o entendimento entre as partes: “A culpa fica amenizada quando a pessoa vê que agiu como o pai ou o avô. Descobrimos a origem dos atos para as pessoas passarem a se ver como membros de sistemas. Dessa forma, a necessidade de culpar a outra acaba. A pessoa passa se conhecer melhor e, logo, reconhece a importância da outra”.
 
 
O juiz explicou que, quanto mais afeto e proximidade havia entre as partes, mais difícil é a dissolução do conflito, já que as relações foram cortadas de forma mais brusca e dolorosa. “A solução não cura tudo de uma vez, mas facilita a reaproximação entre as pessoas que eram próximas, unidas, e brigaram. Nesses casos, a decepção é maior, a dor da separação foi maior”. Sami Storch comentou que a técnica terapêutica pode ser ampliada não apenas para os profissionais da área do direito, e sim para todos que trabalham com conciliação. O juiz também comentou que acha que os casos de conciliação no Brasil seriam maiores caso a técnica fosse expandida no país. “Não precisa ser necessariamente um juiz, qualquer profissional pode aprender. Eu conheci a técnica e quis adaptar para a justiça, mas percebi que facilita a conciliação de pessoas em geral. Por isso acredito em sua expansão, acho que pode auxiliar muita gente. É uma forma de educar a sociedade, ensinar as pessoas a aprenderem a conviver melhor a partir do autoconhecimento”. Sami esclareceu que o método não substitui uma terapia psicológica ou um acompanhamento psiquiátrico. “A técnica não cura tudo de uma vez, mas faz a pessoa se atentar para a dimensão do problema e a sua responsabilidade nele. A sessão não vai substituir uma análise de um psicólogo, uma terapia”, finalizou o juiz.