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Após debates sobre Justiça de primeiro grau, TJ aprova criação de Câmara no Oeste da Bahia

Por Cláudia Cardozo

Após debates sobre Justiça de primeiro grau, TJ aprova criação de Câmara no Oeste da Bahia
Por maioria dos votos, o Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), aprovou a criação da Câmara Especial no Oeste do estado. O anteprojeto de lei ainda cria mais quatro cargos de desembargadores e quatro vagas para juízes substitutos do segundo grau. A votação, no entanto, foi precedida por um debate sobre a relevância da instalação da Câmara na região, bem como o impacto para os cofres públicos. A desembargadora Rosita Falcão discordou do projeto para criação da Câmara. Em seu voto, ela destacou que tem se colocado a favor de todas as medidas saneadoras baixadas pela presidente da Corte, desembargador Eserval Rocha. Porém, não poderia concordar com a instalação da unidade judicial de segundo grau. “Ao contrário do que consta na justificativa da proposta, a aprovação do projeto acarretará em significativo impacto financeiro, tendo em vista a criação de inúmeras despesas. Com a devida vênia, só seria possível falar em ausência de impacto financeiro caso houvesse previsão de criação de receitas para cobrir as novas despesas, o que não é o caso. Com efeito, a implementação do projeto demandará construção e manutenção da unidade física que abrigará a Câmara Especial do extremo-oeste, que terá estrutura de um tribunal, com setor de distribuição, protocolo, secretaria, taquigrafia, serviço de copa, limpeza e segurança, além de material permanente e de consumo”.



Desembargadora Rosita Falcão


Ela ainda pede que se some ainda a previsão de criação de um cargo comissionado de diretores, secretários e outros cargos, e nos custos de deslocamentos dos magistrados à capital para participar das sessões do Pleno uma vez por semana, e das sessões da Câmara Civil, uma vez por mês.Rosita ainda pontua que boa parte dos gastos serão continuados do próprio órgão, como remuneração dos magistrados e custos com manutenção e deslocamento. Para ela, a medida é “motivo de preocupação, na medida em que, o equilíbrio orçamentário do Tribunal de Justiça, representado pelo confronto entre as despesas e a receita já se encontra comprometida mesmo sem a previsão de novos gastos”. A desembargadora ainda apontou que a instalação da câmara “não trará benefícios aos jurisdicionados, capazes de justificar os gastos correspondentes”. Em sua explicação, Rosita diz que o estado de Santa Catarina foi o único a adotar uma câmara especial, e que o próprio presidente do tribunal daquele estado ponderou que era inviável manter a unidade. De acordo com os dados apresentados por Rosita, os números de recursos apresentados no extremo-oeste baiano são relativamente baixos, se comparados a demanda do primeiro grau. “em termos simples e singelos, o gargalo da região encontram-se no primeiro grau de jurisdição e não no segundo. Enquanto os processos permanecerem represados na primeira instância, de nada adiantará o investimento para criação de uma câmara regional”. Nos dados apresentados, Barreiras tem cinco magistrados, dois juízes auxiliares, e tem um acervo de 37,5 mil de processos que aguardam sentenças. Em 2013, foram prolatadas pouco mais de 2 mil veredictos. Para o segundo grau, a demanda é 370 processos.



Após debates sobre o tema entre os demais desembargadores, Eserval Rocha, na defesa de seu projeto, afirmou que “diante de tudo que ouvi, de toda essa discussão, o que surge realmente é a questão de se dizer que se esteja privilegiando o segundo em detrimento do primeiro grau”, mas que, segundo, ele “não é bem assim”. O presidente do TJ ainda esclareceu que todas as comarcas da região estão providas com magistrados, e que já autorizou instalação de diversas varas no interior. Ele frisou ainda que o “primeiro-grau não está esquecido”, e que pelo contrário, já está em andamento um concurso público para o primeiro grau. Sobre os impactos orçamentários, Eserval pontuou que a diferença de custo anual para manter um juiz e um desembargador é de R$ 133 mil. “Impacto tem que haver, ou alguém imagina que serviço público é para dar lucro?”, questiona. O desembargador salienta que o impacto orçamentário é inexpressivo, com custo anual para manter a unidade de aproximadamente R$ 4 milhões.



Desembargador Eserval Rocha | Foto: Angelino de Jesus


Eserval Rocha ainda elencou outras ações adotadas pelo tribunal, como construção do Fórum de Barreiras e as medidas para cortar custos da Corte, o que tem permitido a sua gestão adotar algumas medidas administrativas. Os cortes podem gerar uma economia de R$ 70 milhões ao tribunal. Ele ainda alfinetou seus colegas de toga e diz que apesar de todas as medidas para reduzir custos, nenhum dos magistrados deixou de receber seus salários, e que, pelo contrário, tem se pagado benefícios atrasados, como férias, assim como foi feito em gestões anteriores. O desembargador frisa que há recursos para manter a Câmara de Barreiras, e que não é preciso entrar no mérito social, pois entendeu a necessidade do local. Para ele, o baixo número de recursos é porque “o povo não reclama porque não pode, porque não tem acesso” ao segundo grau. A minuta do projeto de lei aprovada será encaminhada pessoalmente pelo presidente do tribunal baiano à Assembleia Legislativo da Bahia para votação. O cargo de juiz substituto do segundo grau já existe no Distrito Federal, Santa Catarina e São Paulo. Na Bahia, os cargos serão providos por remoção, a partir de critérios de antiguidade e merecimento.