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Que ladeira é essa, véi? Mototaxista faz sucesso na web ao registrar as piores ladeiras de Salvador

Por Bianca Andrade

Piores ladeiras de Salvador
Foto: Instagram

O Axé Music não é a única coisa que liga a Bahia a Minas Gerais, já que os mineiros são apaixonados pelo movimento musical que é uma das identidades do estado. 

 

A capital baiana, que nesta sexta-feira (29) completa 475 anos, consegue chegar junto, ao menos no imaginário do soteropolitano, do município de Ouro Preto, em Minas, no quesito: as piores ladeiras do Brasil. A imaginação foi tão fértil, que os baianos chegaram a sugerir para o Guinness algumas ladeiras da capital para bater o recorde da mais íngreme do mundo.

 

E a queixa de muitos soteropolitanos deu ao mototaxista Elivelto Silva de Jesus, de 36 anos, a ideia de relatar em vídeos curtos compartilhados no Instagram, TikTok e YouTube, o desafio que é subir as piores ladeiras da capital baiana.

 

 

"Eu faço vários conteúdos para várias plataformas, TikTok, Instagram e YouTube. E nessa andança de mototáxi eu comecei a pegar alguns clientes que tinham medo de subir algumas ladeiras e quando eu fui conversar com alguns amigos que trabalham na área e percebi que eles também tinham esse medo por causa da altura e da dificuldade, e aí eu comecei a gravar", contou ao Bahia Notícias.

 

Para o motociclista, o conteúdo ajuda os passageiros e até outros motociclistas ou quem está iniciando a circulação pela cidade, a tirar o medo que sente de entrar em alguns lugares. Além de funcionar como um guia da cidade, que foge dos pontos turísticos.

 

“A galera se identifica com o conteúdo e acaba tirando um pouco o medo, não só de subir a ladeira, mas também de entrar em alguns lugares. Então, eu mostrando isso facilita para a galera. E faço como se eu estivesse no dia a dia mesmo, mostrando os perrengues, as ladeiras, as entradas no bairro.”

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Através dos comentários no Instagram, Elivelto recebe sugestões dos internautas e grava os vídeos em cima de sua FZ15, além de trazer na legenda informações sobre o trajeto na região. Entre as ladeiras mostradas pelo 'Rei das Ladeiras' estão:

  • Rua Padre Eloy, em Brotas; 
  • Rua Baixa de Santo Antônio, em São Gonçalo do Retiro; 
  • Rua do Ouro, em Pau da Lima; 
  • Rua 3 de Maio, em Cosme de Farias; 
  • Rua Antônio Viana, em Cosme de Farias; 
  • Ladeira de São Lourenço, na Liberdade; 
  • Rua Marquês de Maricá, em Pau Miúdo; 
  • E a famosa Ladeira da Oito, em Cajazeiras.

 

Aos poucos, Elivelto conquistou o público nas redes sociais e no Instagram já conta com mais de 20 mil seguidores, todos com sugestões sobre quais ladeiras subir em Salvador. “A galera se sente representada, se sente próxima dos bairros. Tem muitos seguidores que não moram mais aqui e pedem para visitar algum bairro. Tem sido muito bacana esse contato”.

 

Na plataforma de Zuckberg, o trabalho é novo, mas o motociclista é antigo no ramo do motovlog. "Tenho pouco mais de 1 mês e meio compartilhando esses vídeos no Instagram. Eu tenho um canal no YouTube há mais ou menos uns 12 anos, e lá eu sempre compartilhei conteúdo sobre o mototáxi e o motoboy, eu era o único que gravava aqui em Salvador com essa referência profissional. No Instagram eu comecei há pouco tempo porque as pessoas começaram a perguntar se eu não tinha conta por lá", relata.

 

O conteúdo feito por Elivelto nas redes sociais ainda não dá um grande retorno financeiro. O motociclista explicou ao site que usa o valor da monetização no YouTube e no TikTok para investir em material para a gravação dos vídeos, já que a câmera chega a custar cerca de R$ 2,7 mil. 

 

 

Já o Instagram funciona como uma vitrine para o trabalho dele, que sempre foi apaixonado por motos e consegue unir o hobby e a profissão. "No YouTube e no TikTok eu sou monetizado, no Instagram ainda não. Então faço para lá como forma das pessoas conhecerem meu trabalho e trazer público. E esse dinheiro eu invisto em material, equipamentos para poder gravar com mais qualidade", conta.

 

Mas afinal, há alguma explicação científica e histórica para as ladeiras de Salvador? 

 

Sim. Nada é por acaso. Uma das primeiras ladeiras da capital baiana foi erguida em 1594 por ordem de Tomé de Souza, militar português e primeiro governador geral do Brasil. Na época, a ordem foi dada para facilitar o acesso dos homens que vieram com ele para dar início a construção do que viria a ser a capital baiana.

 

Ao Bahia Notícias, o historiador e humorista Matheus Buente conta que além do relevo da região de Salvador, o fato das áreas agricultáveis serem no alto, acabou fazendo com que a capital tivesse uma ladeira para cada cabeça, a exemplo das regiões do Cabula, Garcia, Federação e Brotas.

 

Desta forma, com a capital baiana tendo começado a sua construção pelas partes mais altas, as principais avenidas de Salvador se encontram nas partes “baixas”, como Bonocô, Ogunjá, Vasco da Gama, Centenário, Garibaldi, Paralela e etc.

 

Foto: Google Maps

 

Entre as histórias curiosas das ladeiras de Salvador, está uma referente a uma das ladeiras mais conhecidas da capital baiana, a Ladeira da Preguiça. “A Ladeira da Preguiça tem esse nome porque os escravizados reclamavam muito de subir essa ladeira carregando as coisas que chegavam do porto, porque colocavam os caras para carregar. Como eles reclamavam muito, os portugueses diziam que eles eram preguiçosos”, relembra Buente.

 

Ao Bahia Notícias, o 'Rei das Ladeiras' também fez questão de eleger a pior ladeira que já subiu em Salvador. Para Elivelto, o maior desafio foi subir a Rua Lafayete Morais Sarmento, no bairro de Tancredo Neves - uma ladeira tão íngreme que o Google Maps sequer conseguiu registrar.