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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Viúva de Zelito, Telma Miranda celebra homenagens e cita saudade: “É um segundo luto”

Por Erem Carla

Viúva de Zelito, Telma Miranda celebra homenagens e cita saudade: “É um segundo luto”
Foto: Acervo Pessoal

A perda do “Rei do Forró Temperado” Zelito Miranda deixou os corações nordestinos mais tristes em agosto do ano passado. Neste ano, o São João da Bahia homenageia o forrozeiro que tanto contribuiu para a cultura e inovação dos festejos juninos do Nordeste. 

 

Se aos fãs Zelito dedicou 35 anos de sua arte, a Telma Miranda, sua esposa, foram 43 anos de companheirismo e amor, que resultaram em duas filhas, Clarisse e Luiza Miranda, e no tradicional projeto “Forró no Parque”. 

 

Em conversa com o Bahia Notícias, Telma Miranda contou os bastidores da homenagem oferecida ao artista. Em março deste ano,  o diretor da Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur), Diogo Medrado, anunciou a novidade para Telma. 

 

“No mês de março, logo após o Carnaval, Diogo Medrado me ligou e me convidou pra ir lá na pra me comunicar, pra falar que a ideia do governo era fazer essa grande e linda homenagem a Zelito Miranda”.

 

Telma também desabafou sobre como a família está depois de quase um ano sem o forrozeiro e revelou o futuro do projeto Forró no Parque, comandado por Zelito durante 13 anos, no Parque da Cidade. 

 

“Um vazio enorme (…) Tudo lembra Zelito dentro de casa. Esse São João está sendo um segundo luto, tão forte e tão presente a lembrança dele, e ao mesmo tempo cheio de alegria”.  

 

Confira a entrevista completa:

 

Zelito sempre esteve atento à importância de valorizar o São João da Bahia além do Nordeste. Você acha que isso influenciou a homenagem?

Zelito sempre foi a pessoa que esteve à frente do São João da Bahia, lá no início quando ainda não se fazia São João no formato do governo da Bahia apoiar o São João, Zelito foi a pessoa que pensou nisso e apresentou o projeto para que fosse feito um São João no formato do pacote turístico que trouxesse pessoas pra Bahia. Foi ele que levou o projeto e a ideia, a partir desse momento ele sempre esteve à frente junto à Secretaria de Turismo tanto para o Brasil todo, inclusive para fora do Brasil pra vender o nosso com o produto turístico. Com isso Zelito Miranda como forrozeiro sempre foi cada vez mais forte. Esse ano infelizmente Zelito não está com a gente, não está participando desse São João. 

 

Como você recebeu a novidade de que Zelito seria o grande homenageado deste São João?

No mês de março, logo após o Carnaval, Diogo Medrado me ligou e me convidou pra ir lá na Sufotur pra me comunicar, pra falar que a ideia do governo era fazer essa grande e linda homenagem a Zelito Miranda. Eu fiquei muito emocionada naquele momento ali em frente a Diogo e ele falando em nome do governador, em nome dele… foi muito emocionante pra mim e pra minha família ficamos muito felizes. 

 

Como foi a reunião com a Sufotur?

Eu sempre fui a empresária de Zelito, além de ser esposa por 43 anos, eu sempre lidei com a antiga Bahiatursa, era eu que sempre estava organizando o show de Zelito. Então eles me chamaram para compartilhar essa ideia e saber em que formato eu gostaria que fosse feita essa homenagem. Achei muito lindo e respeitoso da parte deles.  

 

Zelito sempre defendeu a priorização de artistas locais de forró durante o São João. Isso foi acertado na reunião? 

A grade de artistas não, porque é uma coisa maior. Diogo sabia do pensamento de Zelito e o palco que vai ter o nome ‘Zelito Miranda’ vai receber os cantores mais ligados à linha de Zelito, ao forró mais tradicional.

 

Quanto ao projeto Forró no Parque, existem planos para dar continuidade?

Esse ano eu fiz o Forro no Parque em tributo a Zelito Mirando, convidei Del Feliz para ser o anfitrião, foram três edições em março, abril e maio com muito sucesso, todo mundo indo homenagear Zé. Pretendo dar continuidade, fazer o ano que vem e sempre, porque Zelito adorava o Forró no Parque. Tenho certeza de que onde ele está, está feliz com essa continuidade.

 

A ideia do Forró no Parque foi sua, não foi?

Criei junto com ele mas tive a ideia ‘Zé, vamos fazer o forro ali no Parque da Cidade,  domingo, 11 horas manhã?’ E ele: ‘Você é maluca, não vai dar certo' (risos). Naquela época o Parque era meio abandonado e pensei em fazer de manhã para ser seguro para as pessoas irem e foi um sucesso desde a primeira edição lá em 2010.

 

Para além das homenagens públicas do legado de Zelito Miranda, como a família lembra de Zelito dentro de casa? 

Um vazio. Um vazio enorme. Agora só moramos eu e minha filha mais nova. Zelito e eu tivemos duas filhas, Luiza e Clarisse, Clarisse é a mais velha, que teve bebê, que coincidentemente nasceu no dia 30 de agosto, mesmo dia do aniversário de Zelito. Isso foi muito significativo para a gente aqui de casa porque o dia 30 de agosto seria um dia triste, sem comemoração, mas agora a gente vai comemorar do jeito que ele gosta, com alegria. A casa grande virou um vazio muito grande, tudo lembra Zelito aqui dentro de casa. A gente escuta o som dele, lembra dele tocando violão, assistindo televisão, gostava de novela, de ir ao supermercado… eu tive que aprender a fazer as compras da casa.

 

Como está sendo para você essa época sem Zelito?

Ele era muito presente, amoroso, apaixonado pelas filhas, muito carinhoso comigo. Esse São João está sendo um segundo luto…passar por isso de novo. Tão forte, tão presente a lembrança dele. E ao mesmo tempo cheio de alegria, porque é muito importante ver Zelito na rua, ver outdoor, ver as homenagens na televisão, receber sua ligação. Isso abala muito a gente positivamente. Saudade enorme, mas a gente fica feliz sabendo o quão ele foi importante para essa memória do forró, para que o forró siga presente. 

 

A ausência de Zelito mudou todo seu cotidiano nesse período junino?

E um grande vazio eu não estar hoje como fui ano passado ao BN com ele, divulgando o São João. Hoje, Zelito já estaria na estrada viajando, fazendo shows, na correria. Enquanto ele não acabava o último show e chegava no hotel, eu ficava acordada conversando com ele, com a equipe… ocupava muito meu tempo. E esse ano eu estou aqui, em casa, sentada, fazendo outras coisas. Uma falta enorme. Não é um vazio só físico, e emocional, não consigo mensurar o que a gente está sentindo.