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Entrevista

'É a música do Carnaval', afirma MC Beijinho sobre seu hit 'Me Libera Nega'

Por Bárbara Gomes

'É a música do Carnaval', afirma MC Beijinho sobre seu hit 'Me Libera Nega'
Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias
Ítalo Gonçalves chegou à redação do Bahia Notícias acompanhado pela mãe Lindinalva Gonçalves, tímido e falando baixinho. Vez ou outra, o autor do hit “Me Libera Nega” fazia observações para que anotasse as informações importantes. “Escreve isso”, indicava quando achava relevante colocar na entrevista. Criado pela mãe evangélica, pela avó e pelo padrasto, desde criança já sonhava em ser cantor. “Minha vó disse que só ia morrer depois que me visse cantando”, lembrou. Ele viveu parte da sua infância e adolescência, no bairro de Itapuã, em Salvador, cantando nas festas da região e no Colégio Rotary, onde estudou. Aos 19 anos, descoberto ao ser entrevistado dentro de um camburão - por praticar furtos de celulares - Ítalo apresentou à sociedade sua música que guardara há anos, e viralizou na internet. O episódio de envolvimento com a polícia ficou no passado. Hoje, Ítalo é MC Beijinho e se recupera num centro de reabilitação para usuários de drogas, além de investir na sua carreira de cantor com uma equipe comprometida em criar um repertório para lançá-lo no Carnaval da capital baiana.

Como surgiu esse nome artístico?
Eu cantava nos partidos do meu bairro, e como a minha música falava muito do beijo, aí eu coloquei MC Beijinho. As pessoas começaram a me chamar assim, e ficou.

Você contou em entrevista anterior que a música “Me Libera Nega” é uma composição de alguns anos atrás? Quando foi que você criou?
Foi há três anos. Na época em que uma garota foi ficar comigo em casa, aí perto dela ir embora, eu fiz a música. Aí eu falei: ‘me libera nega, vem pro Olodum’ e chamei, aí rimou ‘vem pro Olodum, eu vou te dar um beijo e depois te dá mais um'. A música estava registrada na mão de minha mãe. Ela guardou e eu só podia cantar de boca.     
                                                    
Essa garota da música era alguma namorada? Pode contar quem é?
Lindinalva: Foi uma namorada que ele levou na minha casa [respondeu a mãe de MC Beijinho, sem dizer o nome].


Lindinalva Gonçalves / Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias

Lindinalva, você teve participação na composição?
Lindinalva: Não. A música é dele. Ele usava muito esse ‘me libera nega’, ‘me libera mãe, deixa eu sair’, aí ficou. Ele usava de estratégia pra sair e colocou esse pedacinho na música. Desde pequeno, quando tinha uns 10 anos ele já tinha sonhos. Ele sempre dizia que ia ser artista, ia ser cantor. ‘Minha mãe eu vou ser artista e você não vai precisar mais trabalhar’. Eu não acreditava, né?! Aí de repente ele começou a fazer músicas, cantava nas ruas com o violão. De repente foi crescendo e chegou no que tá hoje.

MC Beijinho, como foi que você resolveu ser compositor e cantor?
Foi por causa dos partidos. Eu via muito meu tio cantando, aí eu pegava e ia com ele pros partidos pra cantar. Luizinho Gonçalves, meu tio, também é compositor.
  
Sua música foi descoberta em um momento complicado, durante uma prisão por furto de celulares. Apesar da situação desfavorável, você fez disso um degrau. Na ocasião, você disse que era usuário de drogas, como você tem se recuperado disso?  
Já tô legal, mas convivo no centro de recuperação. Só saio pra fazer alguma gravação. Estou preparando o repertório pro meu show. Mas sempre com o acompanhamento do meu pastor, Papai Robertinho, líder da clínica. Saio de lá três vezes na semana pra fazer aula de canto. Lá dentro também tenho personal trainer e faço capoeira.

Filipe Escandurras foi uma das primeiras pessoas a te procurar e gravou uma versão de Me Libera Nega, mas ele conversou com você em algum momento sobre os direitos que você teria sobre ele estar divulgando e cantando a sua música?
Quem me procurou primeiro foi Márcio Victor, que depois mostrou pra Felipe Escandurras, aí a gente fez uns episódios num programa, ia ao shopping, ao estúdio, à minha casa.

Lindnalva: Márcio Victor me ligou, depois apareceu Filipe, a gente não entendeu, mas Filipe deu os primeiros passos. Ajudou meu filho, agradeço de coração. Depois ele mesmo me chamou e disse que não queria mais participar com Ítalo, que era pra procurar outra pessoa. De repente eu procurei Chico Kertész, que hoje é o empresário dele. Não temos nada contra Filipe, mas agora ele precisa pedir autorização pra cantar a música.

A Universal e a Sony gravaram sua versão, a oficial. Você está preparando mais música? 
Estou preparando o repertório, fazendo edições dos clipes, vai vim mais. No estilo samba reggae. Estou produzindo meu CD.

E o vídeo de Caetano Veloso cantando o hit, o que achou?
Fiquei muito feliz de ver. Agradeço a ele de coração. Ele vai cantar a música na Concha Acústica nos dois shows dele lá, eu vi por uma postagem dele. Fico regozijado por ver várias pessoas cantando a minha obra. É bastante gratificante.

Lindinalva, com essa oportunidade que seu filho está tendo, enquanto mãe, quais suas expectativas?
Lindinalva: Estou bastante feliz. Foi de uma maneira que não era pra ter acontecido, mas graças a Deus mudou o quadro dele. Hoje ele é um artista. Deus está usando pessoas para estar ajudando, como Chico Kertész. Agradeço a ele de coração, tem sido um pai pra Ítalo, o pastor também. Daí pra frente, estamos aqui pra agradecer.

E para o carnaval, MC Beijinho, como está a preparação?
Minha correria agora vai ser música. Eu vou viver da música. No Carnaval vou ter que tá lá em cima cantando pra vocês. Minha correria antes era trabalhar na casa de cachorro [pet shop]. Eu acordava de manhã cedo na Liberdade [casa da vó], armava barracas de camelô e recebia dois reais por armar e desarmar, ganhava uns R$ 20 por semana. Nisso eu também trabalhava na casa de cachorro, dava banho nos animais e ia embora, mas já trabalhava cantando também [recordou]. Agora, “Me Libera Nega” é a música do carnaval.
Lindinalva: Com fé em Deus.


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