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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Esquecido no Globo de Ouro, Ninha dispara: ‘Faço parte da história porque o povo conhece’

Por Renata Pizane

Esquecido no Globo de Ouro, Ninha dispara: ‘Faço parte da história porque o povo conhece’
Foto: Divulgação
“Zorra”! Quem acompanha a música baiana certamente não consegue ver a expressão e não se lembrar da marca registrada de Carlos Augusto Rodrigues de Brito, ou simplesmente, Ninha. Após ser descoberto por Carlinhos Brown, o ‘Gogó de Ouro da Bahia’, como é carinhosamente chamado, comandou durante 15 anos a banda Timbalada. Longe dos holofotes, mesmo liderando a banda Trem de Pouso desde 2007, o cantor volta à cena com o projeto Gogó de Ouro e Convidados, que inicia temporada de shows na próxima segunda-feira (9), na nova sede do Língua de Prata, agora localizado no Jardim de Alah. Em conversa com o Bahia Notícias, Ninha não deixa de falar sobre os motivos que fizeram abandonar a banda percussiva, o relacionamento com ex-integrantes e a falta de espaço para fazer música na Bahia.
 
A Banda Trem de Pouso deu uma parada e está voltando?

Não. Estamos tocando mais fora de Salvador. Nosso Réveillon, inclusive, será no Grand Hotel Stella Mares. Estamos nos apresentando em Belo Horizonte, Brasília, fazendo casamentos, receptivos, formaturas (...) essas coisas.  Nosso mercado está meio complicado, inchado e não tem casa de show. A gente não faz parte de grandes empresas, assim como muitos artistas e bandas, aí ficamos de fora. Como sou conhecido internacionalmente e nacionalmente, pra mim tem um pouco mais de facilidade pra andar, mesmo com todas as dificuldades. Estamos dando uma caminhada por aí por aí. Lançamos o CD ‘Ninha História’, com 13 faixas, sendo três delas regravações de sucessos antigos, e inéditas como a música de trabalho “Timbal”.
 
Tem alguma proposta para esse verão?
A ideia é não deixar de ser visto. Estou me juntando aos meus parceiros como já fiz quando me apresentei nos ensaios no Zen, na The Best Beach e na Padaria Bar. Agora estou fazendo na nova casa “Língua de Prata”, que está com uma proposta diferente. Nesse primeiro encontro vamos ter Tatau, Amanda e Robyssão. No próximo, Nelson Rufino e Márcia Freire.
 
Em 2012, você se filiou ao PSL e, em 2013, mudou-se para o PSDB. Você continua com pretensões na política?
Por enquanto não, estou focado na minha música e no CD. Tenho até ano que vem para pensar se devo ou não me lançar. Não tenho pensamento na política, mas ainda permaneço vinculado ao PSDB.
 
Carlinhos Brown foi um grande incentivador da sua carreira artística, como está sua relação com ele? Ficou estremecida após sua saída da Timbalada?

Graças a Deus, não. Brown é meu compadre, batizou minha filha. Tem um bom tempo que ele tem a vida dele e eu tenho a minha. A gente se conversa como pode. Minha relação com Brown desde a saída da Timbalada não ficou estremecida, pelo menos pra mim. Nós não tivemos tempo suficiente para conversar sobre isso. A prova que o respeito entre nós continua, é que quando ele me convidou para gravar o DVD da Timbalada, eu aceitei fazer uma participação e ainda puxei o arrastão no Carnaval.
 
Recentemente, surgiu uma especulação sobre a possível saída de Denny da Timbalada por conta de desentendimentos com o empresário.  Você acha que vai acontecer?
Não tenho contato com Denny ou a Timbalada para saber a veracidade dessa informação, sei o que comentam por aí e o que li na imprensa. Nada na Timbalada me interessa ouvir porque tenho uma estrada a percorrer com a ‘Trem de Pouso’. Não posso me preocupar com uma história que já passou. Foi um rio que passou na minha vida muito bom, mas não me interessa mais. Quero cuidar do meu destino. Foi por esse motivo que tomei a decisão de sair da banda.
 
O desentendimento com o empresário da Timbalada foi o principal motivo da sua saída?
Sim. Não tenho como negar. É uma pessoa que não quero conta. Não faço questão de ter amizade. Se eu o encontrar na rua, não o cumprimento. Não posso ser falso comigo mesmo. Quem me fez o mal não faço questão de ter nenhum contato.
 
Você voltaria para a Timbalada?
Não. Tenho o maior respeito pelos associados, pelas pessoas que me curtiram e gostam do meu trabalho. Tenho carinho pela Timbalada e nunca deixei isso no escuro. Sempre deixei  claro, sou timbaleiro até a morte, não é à toa que fiquei 15 anos na entidade. Ninguém da Timbalada me fez mal, só uma pessoa, o Gilson Freitas (empresário da banda).
 
Você comentou certa vez que evitava manter contato com Denny, continua assim?
Não foi isso. Eu falei que não fazia questão de estar onde a Timbalada estivesse. Não tenho contato com Denny. Depois que saí da banda, minha vida é muito conturbada. Tenho muitas coisas, uma família grande, tenho estúdio, banda. Muitas coisas para cuidar. As questões de lá não me interessam mais. Quero cuidar do futuro. Falar do Trem de Pouso e dos meus projetos, das minhas viagens pela Europa, onde faço shows e represento a cultura baiana e brasileira.
 
Como é seu relacionamento com os ex-integrantes Amanda , Patrícia e Xexéu?
Estou elaborando um novo projeto de música com Amanda.  Sempre vejo Xexéu, inclusive, o levei para Europa para dar uma canja nas apresentações que fiz por lá. Com Patrícia tenho pouco contato porque ela está em uma religião e não faz parte desse mundo da música por estar em outro caminho. Estou tentando fechar com Xexéu uma participação em um dos meus ensaios. Devo cantar na gravação do DVD dele em Fortaleza.
 
O Globo de Ouro Palco Viva homenageou os 30 anos do Axé Music, você não foi convidado, né? Sentiu-se esquecido?
Normal. Não faço parte das grandes equipes e os escolhidos são os deles.  Deixa eles selecionarem. Eu sei que faço parte da história porque o povo conhece. A imprensa baiana que acompanha sabe que existo.  Estou vivo, cantando, tocando meus projetos. Se eu não fui convidado, não ficarei chateado por isso. O sistema é vampiro. Se a gente constrói uma história e tentam apagar com borracha, fica feio pra quem faz isso. Não vou me desesperar porque não fui convidado.
 
Você acha que o Carnaval está aberto para quem já fez sucesso e está tentando voltar aos holofotes?
O Carnaval está meio turbulento, ninguém entende mais.  Acho que de tanto mexerem, a coisa está caminhando para melhorar. Toquei no Carnaval desse ano, do ano passado. Participo de outros Carnavais e o mercado é diferente, as pessoas. Não acontece monopólio ou apartheid como aqui. Se as pessoas vêm para Bahia, onde sou residente, e cobram por não me verem, o problema não é meu. É de quem cria o monopólio. Os artistas estão aqui. Falta atenção para eles, muitos estão excluídos. Ingratidão tira feição.  Ainda não recebi nenhuma proposta para o Carnaval de 2016.