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Entrevista

Ivete confessa ter convidado astros internacionais para DVD e fala sobre os rumos da capital baiana

Por Rafael Albuquerque e Marcela Gelinski

Ivete confessa ter convidado astros internacionais para DVD e fala sobre os rumos da capital baiana
Os jornalistas Rafael Albuquerque e Marcela Gelinski foram recebidos por Ivete Sangalo em espaço reservado da Arena Fonte Nova após a coletiva de imprensa concedida pela cantora na tarde desta terça-feira. Na oportunidade, entrevistaram a artista e a questionaram sobre o DVD em comemoração aos 20 anos de carreira, família, polêmicas envolvendo Claudia Leitte, sexualidade e drogas, e sobre a capital baiana. Leia abaixo a entrevista na íntegra:
 

Foto: Bahia Notícias

Bahia Notícias: Você já disse várias vezes que é artista, mas que cuida também da parte empresarial. Considerando isso, até que ponto houve interferência sua nos preparativos para a gravação do DVD no dia 14?
Ivete Sangalo:
O grande lance da parte é o seguinte: você deve ter muita responsabilidade. Tudo que você pensa em executar, você terá responsabilidade sobre aquilo e isso é um princípio administrativo. E, acima de tudo, saber equilibrar um investimento para aquilo que seus braços conseguem alcançar. Então, é essa a conta. Eu acho que fazer um show desse porte na Bahia é um investimento não só para minha carreira, mas para o entretenimento de Salvador, da Bahia e, sem dúvida nenhuma, do Brasil. Mas eu, enquanto artista baiana, quero trazer pra cá, quero fazer o negócio acontecer aqui, até porque são 20 anos de carreira.

BN: Bastante tempo...
IS:
Poxa, 20 anos de carreira é muito tempo. A gente falou disso aqui na coletiva e até brincou, mas se for parar pra recapitular, são 20 anos de muita coisa boa impregnada, de muito aprendizado. Então, vamos botar isso aqui. A estrutura é gigantesca, iluminação, LED, conteúdo, palco, todas as surpresas do show, as 20 câmeras, a spider cam foi tudo pensado com muito carinho, planejado e planilhado (risos).

BN: Tudo na ponta do lápis?
IS:
Tudo na pontinha. Não foge nada do controle da mamãe (risos).

BN: Entrevistamos Daniela Mercury (leia aqui) recentemente e ela falou da dificuldade em atrair investimentos para a indústria cultural. Você concorda? Qual a dificuldade da Iessi para captação desse recurso milionário para seu DVD?
IS:
Veja bem, eu tenho parceiros dentro do mercado que já são verdadeiros casamentos. Tenho parceiros de muitos anos. No meu caso, isso ecoa dentro do mercado e abre o interesse de outras marcas para esse tipo de evento. Não é para qualquer evento, mas para esse tipo, com essa notoriedade e, nesse caso, pontuando os 20 anos de carreira. É uma batalha, não é do dia pra noite. O mercado compreende esse tipo de ação, e nós tivemos parceria com Ypiranga e Bombril, que chegaram bem forte com a gente. Eu poderia fazer um investimento só da minha empresa, que está investindo muito nisso. Mas, para a saúde do evento, é preciso desse investimento de fora. Ti vemos e eu estou muito feliz. Mas é sempre muito difícil e, sem dúvida, nenhuma, Daniela tem razão. O Brasil é muito grande, com muitos artistas talentosos, e contemplar tudo isso fica cada vez pior.

BN: São 20 anos de carreira. Você agora é mãe, esposa e tem carreira consolidada. Essa maturidade reflete em seu trabalho?
IS:
Sem dúvida nenhuma. Tem a maturidade profissional que vem com a experiência. Mas isso só vale até pisar no palco. Quando eu subo as escadas e chego ao palco meu coração acelera, eu fico em tempo de morrer (risos). Tem, também, a experiência e maturidade como mulher. Quando a gente vira mãe a gente muda muito. A gente passa a ver a vida de outra forma, de uma maneira mais intensa. É como se eu tivesse começado agora, pois eu quero perpetuar.

BN: E a relação com seu filho, Marcelo?
IS:
Meu filho já está andando, correndo, fazendo estripulia. Eu quero que ele saiba que a mãe dele faz isso, cuida dele, bombando (risos). Eu quero continuar bombando pra ele dizer aos colegas: ‘ó, minha mãe faz isso, faz aquilo’. Sabe como são essas coisas? Então, daí vem a maturidade e uma energia nova.

BN: Falando em energia, você pensa em manter ou diminuir o ritmo?
IS:
Eu sempre tento explicar isso direitinho. Eu hoje tenho um luxo na minha vida que é uma agenda coordenada por mim. Óbvio que enquanto artista eu tenho necessidade de fazer o meu trabalho. Mas é assim, eu chego pra Ornelas, que cuida das rádios, e digo: vamos fazer divulgação de rádio? Beleza, mas de manhã cedo não porque tenho que levar meu filho na escola.

BN: Você estipula quantidade máxima de shows por mês?
IS:
Estipulo. Não pode passar de nove shows por mês, porque eu não trabalho só com música. Eu faço comercial, divulgação, e outras coisas. E eu hoje sou mãe e as coisas da relação com meu filho eu priorizo muito. Então, se eu tirar a segunda e terça pra trabalhar, na quarta você nem me telefone, irmão (risos). Só que no Instagram eu não tenho isso. Eu tenho até que equacionar essas postagens pra não confundir.
 

 
BN: Você falou do Instagram e isso me remete a sua relação com os fãs. Qual a responsabilidade você acredita ter sobre cada um deles?
IS:
No DVD, por exemplo, poderíamos 55 mil na Arena. Me perguntaram se eu queria botar 55 mil pessoas lá e eu disse que não. Quero botar o palco no lugar certo, o publico no lugar certo, confortavelmente, com bom acesso de entrada e saída. Quando falo de responsabilidade eu falo disso. Se eu estou convidando o país inteiro, tem que ser um show lindo e de forma íntegra. Quando eu vou postar um vídeo de malhação, pois sei que estimula eles (os fãs), eu pergunto ao meu personal se a execução está perfeita. Se estiver, eu posto. Porque eu não posso expor os meus fãs, pois acabo sendo uma referência. Mas essa é uma responsabilidade divertida, pois eles gostam do reggae (risos). Todo artista tem os fãs que merece, e eu sou merecedora dos meus, eles são muito parecidos comigo.

BN: A entrevista à Veja tocou em temas polêmicos e foi esclarecedora, pois as pessoas sempre falavam de você...
IS:
Minha filha, eu só li cinco dias depois (risos).

BN: Você se arrepende de algo que disse nessa entrevista?
IS:
Não, oxente! Eu falei tudo que queria e respondi tudo que ele perguntou. Quando alguém me solicita uma entrevista ou eu dou ou eu não dou. Se eu dei, então já foi. Sentei na frente, perguntou e eu respondo. Isso talvez pare polêmico pra vocês...

BN: Foram assuntos que em geral os profissionais de imprensa ainda não tinham explorado muito. E em geral você é colocada, até pela imprensa, em um patamar de perfeição...
IS:
Eu não acho isso. Por exemplo: você quer perguntar, mas se você imaginar que de alguma forma aquilo vai incomodar você não pergunta. É uma blindagem de carinho.

BN: Mas isso não é prejudicial?
IS:
Não, até porque um dia chega alguém que pergunta e a gente responde. Não existe nada polêmico quando é respondido verdadeiramente.

BN: O que você mais cansou de e falar em sua vida: a eterna rixa com Claudia Leitte, sua sexualidade ou drogas?
IS: Eu não tô de saco cheio de responder.

BN: Se perguntarem dez vezes você responderá as dez?
IS:
É porque tem gente que tá chegando agora e pergunta. Isso realmente não me incomoda. Não são assuntos ruins de falar. São perguntas que podem ser respondidas.

BN: Você não se sente meio intocável às vezes por causa dessa blindagem que você falou?
IS:
Eu? Antes fosse viu, cara. Que intocável é essa, mano? Não, menino. Muito pelo contrário, eu sou totalmente acessada de todas as formas.

BN: Aonde você... (Ivete interrompe)
IS:
Valdirene, o que é que Valdirene quer saber? (risos) Pergunte vá Valdirene. Tem Palhaço e Valdirente aqui (risos).
 

 
BN: Aonde você ainda pretende chegar?
IS:
Minha gente, no dia em que eu peguei o bonde não tinha escrito na frente para onde ia (risos). É muito louco esse lance de falar onde vai chegar. Quando eu comecei a cantar eu não fazia planos de chegar a esse show, nesse lugar, nesse tempo. Você tá entendendo? Não é uma coisa que a gente dimensiona. Eu vou vivendo e as coisas vão acontecendo. É claro que quando eu tenho uma ideia eu planejo, até porque planejamento não faz mal a ninguém. Mas não é nada obsessivo.

BN: Sobre a escolha dos convidados, foi uma escolha de vocês não trazer nenhum artista internacional?
IS:
Não, eu até fiz convites.

BN: A quem?
IS:
Ah, não vou dizer porque soa indelicado. Mas coincidente dois deles tinham gravação de DVD na mesma data. Que louco isso. E outros não podiam por questão de agenda. É porque lá é diferente. Aqui no Brasil não tem esse planejamento na carreira do que é férias e do que não é. Isso lá é muito planejado e respeitado. Eu primeiro convidei os meninos do Brasil e depois fiz o convite aos de fora. Na verdade não foi um convide, foi uma sondagem. Não foi uma coisa do tipo que acontece no Brasil: ‘Pô Ivete, você participa do meu DVD?’. Você não sabe a data, o local, não sabe nada. Isso aqui no Brasil é até permitido, esse lance de combinar até nos camarins, bastidores. Mas lá fora é mais complicado.

BN: Eu percebo você bem politizada...
IS:
Você acha? Sou não, menino.

BN: Não me refiro a política partidária. Mas você está sempre engajada em campanhas como as contra o tráfico de pessoas e violência sexual. Qual o trâmite para que você encabece uma campanha dessas?
IS:
Aí, sim. Eu me disponibilizei com o Ministério Público a fazer campanhas contra o maltrato infantil, trabalho escravo, tráfico de pessoas, violência sexual, violência na internet, etc. Eu tô muito disponível pra isso. Se você souber o que eu já vi nas reuniões em Brasília você não acredita. Em todo show que eu faço passa no telão todas as campanhas. É um informativo em que anunciamos.

BN: Para finalizar, como você vê Salvador atualmente?
IS:
Rapaz, tá melhor do que estava. Espero que esse caminho seja duradouro, consciente e para todos.